Capítulo 51

190 16 0
                                    

   Heloise se agarra a cadeira onde estava sentada. As lágrimas perfuravam seus olhos como pregos e caiam por suas bochechas como um rio.

O seu coração enchia-se de ódio. Mais ódio do que já imaginara sentir em sua vida. Sherman a encarava com uma certo receio de que em pudesse passar mal, já que ficara tão vermelha.

Tudo o que Heloise sentia agora era a sede que a mãe deve ter sentido de vingança contra Cosmo. Esse que a matou. As coisas se encaixavam enfim, a mente de Heloise se ilumina voltando a noite que ouviu a conversa de Cosmo com seu comparsa.

Então Ma era Margot. E a vaca que ele encheu a boca para insultar era Catherine. Mas como aquele monstro pôde ter feito isso com a mãe de seu filho? Com Colin? Heloise duvidava muito que Colin sabia disso, o jeito com ele falava da mãe era de saudade. De amor. E um pouco de culpa por não ter conseguido salvar a mãe.

  — Quer um pouco de água com... — Sherman se detém.

Heloise continua a chorar silenciosamente, enquanto sentia vontade de gritar para o mundo. Gritar até sua garganta doer que Cosmo Campbell era um assassino. E enfim ela tinha um motivo convincente para odiá-lo tanto. Além de toda a traição que houve, havia mais isso.

Ela reúne suas forças, ainda em choque e encara Sherman com olhos vermelhos. Não conseguia controlar suas lágrimas, e nem tentava mais. Ela engole seco e com uma voz embargada diz a ele.

  — Como aconteceu?

  — Você está se sentindo...

  — Claro que não. — responde irritada. — Por favor, responda.

  — Bom, com Catherine não sabemos ao certo Heloise. — diz cruzando os braços. — Mas sua mãe e eu estávamos quase lá. Tínhamos o que precisamos para incrimaná-lo, só que se Cosmo confessasse seria automaticamente culpado. E esse era o nosso plano. — ele apertou o maxilar. Afrouxa mais ainda a gravata. — Então Margot se ofereceu a fazer isso. Disse que conseguiria as provas e eu havia me posto na frente de sua casa, esperando o encontro que ela tinha marcado com Cosmo. Planejou tudo naquela noite pois sabia que você não estaria lá.

  — Ela fez o quê? — pergunta Heloise achando não ter ouvido direito.

  — Eu sei. Foi imprudente, muito imprudente. Mas ela quis, insistiu, disse que era o certo e só desistiria se visse ele preso. — Sherman prossegue. — Eu tentei. Juro que tentei evitar isso. Mas quando Cosmo chegou na sua casa sozinho, entrou para falar com sua mãe e em seguida outro homem entrou... Eu... — Sherman se detém embargando a voz. — Sai do carro rápido e ouvi o tiro. Corri mas os dois saíram da casa, fugindo e não me viram. Eu entrei e Margot estava no chão, ainda viva...

Heloise leva a mão a boca evitando o grito. A mãe fora cruelmente assassinada e não estava lá. Parecia que não podia ficar pior o que Sherman continuava contando, parecia aqueles pesadelos sem fim.

  — Eu me ajoelhei do lado dela e liguei desesperado para uma ambulância. Então Margot me pediu mais uma vez para continuar e não desistir... — ele parece engolir um choro. — Me mandou ir embora. E foi o que fiz.

O único som que conseguia ser ouvido na sala era o do choro de Heloise. Sherman apenas limpa as lágrimas que marejam seus olhos e os dois ficam ali. Sem dizer nada.

As coisas que passavam pela cabeça de Heloise era apenas a da mãe. De quando estava viva e feliz e da noite em que morrera. E tudo era culpa de Cosmo.

Tudo o que ela queria era destruir a vida daquele cretino e acreditar que Colin não tinha nada haver com isso.

  — O que você vai fazer? — Heloise pergunta de repente secando suas lágrimas, mas sem esquecer do que ouviu.

Sherman a encara confuso.

  — Como assim? — pergunta a ela.

  — Eu quero saber o que você vai fazer? Porque se minha mãe queria e tinha motivos para colocar aquele desgraçado na cadeia, eu quero saber.

  — Heloise você não pode se meter nisso.

  — Como não? A minha mãe morreu... E o culpado é ele.

  — Mas não é assim. Temos que montar provas e...

  — Que tipo de provas? — interrompe-o.

  — A única coisa que se tivéssemos mandaria-o direto para a prisão, seria uma confissão. — responde Sherman.

Heloise fica pensativa.

  — Talvez... — começa mas se detém.

  — O quê? — a encoraja ele.

  — Eu posso tentar. — responde decidida. — Eu vou conseguir uma confissão de Cosmo é colocá-lo na prisão. Pela minha mãe.

Sherman no entanto tenta fazer Heloise desisti dessa ideia mas ela já estava resolvida. Se sua mãe começou isso, iria até o fim por ela.

  — Tenho que ir para casa. — diz Heloise se levantando.

  — Antes você precisa assinar um documento.

  — Do quê?

  — Para que eu possa transferir a conta da sua mãe para você.

  — Que conta? — Heloise pergunta assustada.

  — Do banco. Não sabia que Margot tinha uma poupança?

Outro detalhe da vida da mãe que Heloise não sabia. Ela nega com a cabeça. Se aproxima da mesa novamente e calada assina o documento que Sherman colocou em sua frente.

  — Eu terei que entrar em contato com o banco entre uns dias. Espero que você não esteja passando necessidade.

  — Claro que não. — diz ela.

Então ela se despede e sai do escritório de Sherman. Quando chega em casa se permite cair no sofá como Margot costumava fazer e chora um choro silencioso.

No meio de tudo aquilo a verdade veio enfim à tona. Sua mãe fora morta pelo homem que era seu amante e que destruiu sua família. O homem que era pai do cara que Heloise estava tão apaixonada e que infelizmente ela não queria mais saber.

Como tudo isso aconteceu?, Heloise se permitiu pensar. Não sabia o que estava acontecendo, talvez a ficha ainda não tivesse caído. Mas a única coisa de que tinha certeza era de que, enfim, ela iria se vingar de Cosmo Campbell.

A noite Heloise subiu para tomar um banho e colocou um vestido azul marinho. Fez um coque rápido. Foi até a garagem, abriu o portão e entrou no carro de Margot. Sabia dirigir, desde que pegara o carro da mãe e insistiu para que ensinassem a dirigir.

Ela sai com o carro e aciona o fechamento do portão da garagem automaticamente e arranca com o carro.

Iria fazer uma visitinha aos Campbell. Heloise não estava em si.

 

Ligados Por Uma Noite Onde histórias criam vida. Descubra agora