Capítulo 55

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   Heloise piscou suas lágrimas para fora de seus olhos. Seu interior se queimava e ela não sabia o que dizer a Colin.

Ele deixou mais a vista, por sobre a noite, a echarpe de Margot que Heloise havia usado no baile de Cosmo a dois anos atrás. Ela esticou sua mão e tocou no tecido delicado.

— Eu acreditei que havia deixado ela no táxi. — Heloise comenta para si. O toque na echarpe paralisou aos dois que se encaravam agora.

Colin levanta o canto da boca em um sorriso fraco.

Tudo que Heloise achava acreditar que sabia a respeito das coisas não eram verdadeiras. Colin estava a seu lado este tempo todo, era ele o cara dos seus sonhos, o amor de sua vida e agora...

— Quando você saiu correndo naquela noite, eu tentei te alcançar. — ele comenta fraco. — Mas não consegui. E quando voltei para a varanda, achei isto...

Heloise retira sua mão lentamente do tecido e a pousa na mão de Colin. Um toque ousado, desesperado e angustiante. Ele não reage.

— Como soube que era eu? — pergunta Heloise depois de um tempo.

Colin parece receber um balde água fria, porque retira sua mão debaixo da dela e volta a ficar rígido.

— Por que não me disse? — pergunta.

Heloise fica confusa.

— Não disse o quê?

— Por que não me disse que foi aquele baile besta e que era você?

— Mas Colin eu não sabia que era você e...

— Como não? — ele solta. — Você sabia que era a Audrey.

— Isso não tem nada haver. — ela rebate quase irritada. — E como sabe disso?

— Ela me disse que era você.  — ele diz. — Não acredito que você foi na minha casa dizer a ela que eu serei seu.

Heloise se choca.

— Como é que é? — pergunta incrédula.

— Depois que você saiu ela me contou tudo. — ele joga na cara dela.

— Tudo o quê Colin? Você está completamente louco.

— Que você quer acabar com nosso casamento. E que como no baile, você vai me fazer ficar com você e não com ela.

— Está se ouvindo? — ela pergunta. — Está ouvindo a idiotice que está dizendo? Eu nem ao menos sabia que era você o cara daquele baile. O cara que eu conheci era diferente...

— Diferente como?

— Ele parecia não ter medo. E tinha sinceridade nele.

Ambos ficam calados se encarando. Heloise sentia novamente os olhos lacrimejarem.

— As coisas mudaram desde que...

— Eu sei Colin. Não vê como eu estou? — diz. — Sinto como se minha vida tivesse acabado quando ela se foi.

Heloise começa, agora deixando as lágrimas caírem. Colin mudou pela morte de Catherine, pela culpa que carregava por não tê-la ajudado, da mesma maneira como Heloise estava se sentindo quando imaginou o que poderia ter feito pela mãe.

E agora ela sabia a verdade. Sabia quem era o culpado, sabia quem era o homem de seus melhores sonhos, sabia o que era certo e que deveria ser sincera uma última vez com Colin... Mas não sabia como fazer.

Enquanto chorava, Colin se aproximou dela e abraçou. Um abraço forte e acolhedor, que fez com que Heloise permanecesse imóvel, apenas aproveitando aquele momento que ela não sabia quando aconteceria.

Sua garganta doía e seus olhos estavam fechados pelo intenso ardor das lágrimas que vinham em seus olhos. O abraço quente de Colin protegia Heloise da noite um tanto fria.

E depois de um tempo ali, chorando nos braços dele, Colin se afastou alguns poucos centímetros e levantou o rosto dela em suas mãos, fazendo-a olhar em seus olhos.

Ele enxugou as lágrimas dela. Um brilho intenso se formava nos olhos de ambos e um desejo incontrolável percorreu o corpo de Heloise em querê-lo. Sentia falta dele, do beijo dele, do cheiro dele... da noite em que se conheceram.

— Eu te amo. — Colin sussurra.

Heloise arregala os olhos para ele e pensa ter ouvido errado. Faz uma expressão confusa e então Colin repete.

— Eu te amo Heloise!

Ela não consegue ficar ainda imóvel. Sorri. Se aproxima mais de Colin.

— Eu também te amo. — diz.

Os dois diminuem a proximidade com o beijo que tanto esperavam. Um beijo desesperado e necessitado. Heloise se entrega mais ao beijo e um calor percorre seu corpo contra o dele, que a levantou de leve para aproveitarem aquele beijo tão esperado.

Eles se afastam e sorriem.

— Eu senti sua falta. — solta Colin.

— Eu também. — ela cobre os labios dele com um selinho.

Naquele momento ela se esqueceu totalmente do que estava acontecendo. Se esqueceu que Colin, seu príncipe desconhecido, era o filho do monstro que matou sua mãe.

Heloise não pôde se conter e ficou rígida. Colin a analisou e fez uma expressão de dúvida.

— O que foi?

— Isso... — ela sussurra. — Não.

Quando termina ela se afasta. Colin faz uma careta.

— Não o quê?

— Não posso fazer isso! — solta ela lentamente. — É errado. Você vai se casar Colin.

Ele não pareceu abalado.

— É de você que eu gosto. Se quiser eu não me caso com Audrey, temos tempo para ficarmos juntos.

Heloise nega.

— Você não entende. — ela diz.

— Não. Não estou entendendo.

— Colin não podemos ficar juntos assim.

Heloise se sentia atordoada. Não poderia ser dele se Cosmo continuasse livre. Como poderia conviver com o homem que matou sua mãe e não poder fazer nada? E Colin não entenderia.

— Assim como? Do que está falando? — pressiona ele. — Heloise eu só aceitei este casamento por pensar que você não me queria mais... E eu estou decidido a ficar com você.

— Colin não estou dizendo que não te quero, só que você não pode entender...

— Tem outra pessoa? — ele pergunta calmamente.

— Não. — ela se adianta. — Na verdade há mas não é desse jeito.

— Então é como? — pergunta incrédulo. — Você está saindo com outro cara?

— Colin não...

— Pensei que gostasse de mim. — ele comenta decepcionado.

— Eu...

— E agora que eu descobri que você é a garota dos meus sonhos e que eu estava certo o tempo todo por gostar de você, e ainda estou disposto a acabar com essa farsa de casamento... Você me diz que tem outra pessoa?

— Não é isso.

— Quem é?

— Quem é quem? — ela pergunta confusa.

— O outro homem.

— Não tem...

— Quem é? — pressiona novamente.

Heloise estava irritada com a pressão de Colin que não se conteve.

— Seu pai. — grita. — Eu o odeio. Eu odeio seu pai e vou colocar aquele desgraçado na cadeia. Ele acabou com a minha vida. Com a vida da minha mãe. E pior... — ela diz cega de raiva enquanto Colin estava perplexo. — ... seu pai matou sua mãe!

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