Ligados Por Uma Noite

Capítulo 59

    Cosmo arrasta Heloise, agora pelos cabelos, até as dependências do fundo do palácio. Ela tropeça em seus próprios pés e cai no gramado.

Heloise chorava. Era uma mistura de sentimentos incalculáveis em si. Mas a última coisa que queria era chorar antes da morte.

— Vai se arrepender por ter me intimidado! — ele diz num tom monstruoso.

Heloise começava a soluçar.

— Eu te odeio. — ela consegue dizer. — Seu cretino. Assassino!

Cosmo se aproxima mais dela e espreme os olhos. Heloise tenta se levantar mas ele a empurra para o chão.

— Você é tola igual a ela. — ele diz. — Tão justa e certinha. Garota idiota!

— Você que é sujo. Um bandido.

— Cala a sua boca! — ele grita.

Heloise se assusta. Mas então continua. Iria morrer de qualquer jeito, queria jogar tudo na cara dele.

— Como teve coragem de mandar matar a mãe do seu filho? — ela cospe.

Cosmo ri.

— Eu fiz um favor a ela. — diz seco. — Catherine era uma intrometida. — ele solta irritado. Depois mora Heloise. — Como sabe disso? Como sabe que eu mandei matar Catherine e Margot?

— Eu ouvi. — ela mente. Na verdade havia escutado na noite em que dormiu na casa de Colin, porém não sabia que se tratava delas. — Você disse a seu comparsa em seu escritório que se livrou delas e que irá se livrar de Walter.

Ele fica em pé diante dela.

— Você sabe demais garota. — ele solta. — E por isso é uma imbecil. E estou com tanto ódio de por sua causa o casamento de Colin está sendo atrasado tenho vontade de matá-la eu mesmo.

— Então mata! — ela grita. — Vamos! Me mate você.

— É para isso que pago aos meus ajudantes. Não faço trabalho sujo, apenas mando e eles obedecem.

— Você é um... MONSTRO! — Heloise grita novamente.

Cosmo fecha a cara.

— Quanto mais você fala mais tenho vontade de enfiar uma bala na sua garganta.

— Você não tem vergonha? Como consegue se olhar no espelho todos os dias sabendo que mandou matar duas mães... Duas mulheres que você dizia importantes em sua vida?

Cosmo faz uma expressão pensativa. Depois sorri.

— Isso é muito fácil. Eu não matei ninguém. Só mandei. E mesmo que ela fossem importantes eu posso ter quantas mulheres eu quiser. — ele cospe as palavras. — E essas que sabem ficar de boca fechada.

Heloise alimentava o prazer de chutar o saco de Cosmo. Mas estava sozinha, e agora sim indefesa.

— Como você fez isso? — ela pergunta. — Como você matou elas?

— Você quer saber demais. — ele diz.

— Já que você vai me matar, eu posso saber.

— Tem razão. Morto não fala, certo? — ele ri da própria piada, sem um pingo de graça.

Então começa a andar de um lado para o outro com os braços cruzados atrás das costas.

— Catherine era uma intrometida. Vivia atrás de mim querendo comandar parte dos meus negócios. — ele começa, tranquilo. — E um dia ela deve ter ouvido minha conversa com algum dos meus ajudantes para armar contra o Walter... pobre Walter! — Cosmo ri. Heloise se agarrava a grama para não voar na cara dele. — Então ela veio até mim e me ameaçou. Vi que ela poria tudo a perder, então chamei o Brutus e o pedi para por um fim nisso. Claro que não tive como manter o meu filho, Colin, longe. Ele veio pra cá e tive de fingir uma busca do assassino.

Cosmo olha para Heloise agora. Ela continuava sentada no chão, imóvel. Se reagisse ela poderia não saber o que o fez matar sua mãe. Cosmo solta um riso.

— Sua mãe foi uma pena. — ele diz. — Eu realmente gostava dela, porém Ma se atreveu a querer me denunciar para a polícia e eu não podia deixá-la me intimidar. — Cosmo parecia impaciente. — Era para ser apenas um susto, dar um aviso para ela. Mas Margot reagiu e Brutus acabou acertando um tiro no peito dela. Eu realmente lamentei muito mas... Uma grande mulher com grandes problemas.

Lágrimas preenchiam o rosto de Heloise. Ela chorava silenciosamente desejando a morte de Cosmo por um meteoro. E no final nada aconteceria com aquele desgraçado. E Heloise não sabia se sairia dali, tinha em mente que morreria. Cosmo a mataria.

— Por que você quer fazer isso com Walter? Ele é seu amigo... — ela diz com a voz embargada. — Você não tem coração?

Cosmo solta uma risada seca e zombeteira.

— Você é muito curiosa minha jovem. — ele comenta. Então passa a mão pelo queixo, em seguida coloca suas mãos no bolso da calça. — Você não sabe de nada. Walter não é meu amigo e só está me atrapalhando querendo segurar suas ações na empresa que agora é minha. O desgraçado ganha metade do meu lucro, claro que eu não iria aceitar isso. Nunca! — ele falava um tanto irritado. Cosmo era um verdadeiro psicopata. — Tenho pena de Colin que irá se casar com aquela garota... insuportável. Mas no fim valerá a pena.

Ele olhou no relógio de pulso e praguejou. Estava atrasando a cerimônia de Colin com Audrey e por culpa de Heloise, deveria estar com tanto ódio que nem pediria a ela suas últimas palavras.

Dois minutos depois e Brutus chegou com outros dois homens com ele. Heloise estava tremendo a este ponto imaginando o seu fim.

— Até que enfim seus incompetentes! — grita Cosmo.

— Desculpe senhor, mas está muito cheio lá dentro e tentamos não chamar muita atenção. — diz o homem que Heloise logo reconheceu por ser o mesmo que ela viu Cosmo conversando na casa Campbell. O tal Brutus.

— Eles devem estar frenéticos pela minha ausência. — diz irritado. — E tudo por culpa desta... metida a heroína.

Brutus olha frio para Heloise.

— E quem é esta? — pergunta. 

— A filha de Margot em busca de justiça. — responde Cosmo debochado. — Acredita que a vadia veio com escuta? Queria me incriminar.

Todos riem.

— O que quer que façamos? — Brutus pergunta.

Cosmo sorri para Heloise. Então se aproxima dela lentamente.

— Tem algo para dizer minha cara, antes de morrer como sua mãe? — pergunta. 

Heloise chorava, mas a esta altura uma coragem se acumulou dentro dela. Ela limpa as lágrimas e lança um olhar mortal para Cosmo.

— Eu te odeio. Quero que você morra seu cretino. ASSASSINO! — grita.

Isto apenas fez Cosmo se decidir sobre o que fazer com Heloise.

— Pobre garota! Tão nova e já vai perder a vida. — ele comenta. — Acho que vou esperar até você estar... morta.

Ele acena para Brutus, que retira uma arma da cintura e a carrega. Se posiciona em frente a Heloise e mira na cabeça dela.

Heloise estava de joelhos com a cabeça erguida para o cano. Morreria dignamente. Não fazia ideia de como tudo isso aconteceu.

Tudo o que vinha em sua cabeça era das lembranças boas que teve com o pai. Com a mãe. Com os amigos que fez. Com Colin e somente Colin, o homem que ela tanto ama. Gostaria de tê-lo como seu último pensamento.

Heloise ouve um click e automaticamente fecha seus olhos, esperando o fim.