Capítulo 47

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    O celular de Heloise a desperta logo cedo em seu quarto, com as constantes vibrações. Ela geme pelo braço ainda pendente na tipóia e tenta o agarrar com o braço bom.

Quando o visor se acende mostra quinze chamadas perdidas de Colin. Cinco de Brooke e quatro de Nathaniel. Esfrega os olhos para se certificar de que era verdade, e certamente o era.

Heloise chegara em sua casa completamente desolada na madrugada. Chorara horrores em seu quarto, encolhera-se na cama de dor, tanto no corpo quanto em seus sentimentos, e acabara adormecendo com olhos inchados.

O que ouvira de Cosmo foi demais para ela. Como das outras vezes, Heloise teria que tentar administrar aquilo da maneira menos dolorosa possível. Mas será  que conseguiria? Como pôde acreditar que Colin era diferente de Cosmo? Tudo fazia sentido afinal... Essa relação de Colin com Audrey foi muito repentina e explica o fato de ele suportar ela. Como ele poderia fazer isso? Heloise acreditara tanto nele... Por Deus, brigara com sua mãe por ele, defendeu Colin e ainda recebeu um tapa na face por ele.

No fim das contas pai e filho eram iguais. E pior que serem mal caráter, eles ainda estavam jogando sujo para pôr a mão em dinheiro. Era inacreditável como Colin se submeteu a essa sujeira apenas para herdar tudo do pai, as custas de um golpe. E ela não ouvira isso da boca de um estranho, mas sim do próprio pai de Colin.

Heloise chora. Deixa cair o peso de tudo nas últimas semanas pelos seus olhos em forma de lágrimas. Sente um grunhir vindo de sua garganta, queimando pelos gritos que estavam presos em uma jaula trancafiada a sete chaves em seu peito e, que somente agora, fora enfim arrombada.

Tudo o que queria era apenas uma noite. Uma noite que trasformasse sua vida, de sem emoção alguma, para as melhores emoções de sua vida. Tivera. No baile, há dois anos atrás. E daria tudo para voltar naquela noite e viver apenas mais um segundo daquele sentimento que fora o único, sincero e real de toda a sua vida. Ela não fora traída, não fora feita de boba, apenas se entregou aquilo. E agora, estava tudo acabado.

Não tinha mais família. Sua mãe morrera. Colin a deixara para bandear com o pai. E o verdadeiro amor de sua vida... Não existia. Apenas Brooke e Nathaniel estavam do seu lado. São os únicos amigos que ela teve em toda sua existência que poderia contar.

Heloise desbloqueia seu celular e disca o número de Ed. No primeiro toque ele atende.

  — Heloise, pelo amor de Deus, o quê que houve? Te ligamos nove vezes e o Colin...

  — Ed... — ela consegue falar antes de chorar.

  — O que aconteceu? — ele pergunta em um tom preocupante enquanto Heloise soluçava. — Você está sozinha?

  — S-sim. Eu... — ela choraminga.

  — Calma. Não faz nada. Estou indo buscar a Brooke e vamos direto para sua casa.

Heloise se esforça para manter-se calma. Deixa o telefone na cama e com dificuldade vai até o banheiro. Geme de dor ao retirar a tipóia entorno do braço direito. Liga o chuveiro e a água quente cai sobre ela, lavando sua amargura pelo menos por enquanto... E chora.

      ~♡~

A campainha toca quando Heloise tentava enfim pôr seu moletom, após lutar contra a tipóia. Choramingou tentando ajeitar seu braço direito na proteção.

Se arrasta para a porta completamente desajeitada e quando a abre, Ed a abraça. Então Heloise chora, enquanto Broo passava a mão pela cabeça dela, deixando-a chorar.

Os três sentam no sofá da casa dela, e o único som que se ouvia era dos soluços de Heloise. Broo e Ed se entreolham e vêem a gravidade do problema.

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