Capítulo 27

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     Ed estaciona sua caminhonete em frente ao parque Gates Twice. Ao descer do carro, Heloise recebe a lembrança de sua infância com seus pais subitamente na cabeça, fazendo-a sentir uma espécie de nostalgia.

O dia estava cinza. E um ar gélido passava pelos braços nus de Heloise a fazendo encolher-se. Os cabelos ruivos de Ed eram agitados pelo vento.

  — Nossa, está fazendo frio pra caralho. — Ed solta no que Heloise sorri. A ideia de ir ao parque fora dele. Toda dele.

Os dois começam a andar para dentro da aérea florestada da cidade, com diversos bancos a ferro em um estilo mais vintage, e o vento sacudindo as árvores. Heloise encara o chão e cruza seus braços sobre o peito. Até ali Ed não havia dito nada a ela e não poderia demorar tanto pois tinha que voltar e se arrumar para ir para o Coffeehouse Bright.

Ed põe suas mãos nos bolsos da calça. Então, limpa a garganta.

  — Eu... não sei como começar essa conversa. — ele diz. Heloise o encara. — Talvez eu deva ir direto ao ponto, mas...

Ed faz uma pausa enquanto seu cabelo era agitado pelo vento. Os de Heloise foram arrumados em um coque, mas mesmo assim estava forte o bastante para desmanchá-lo.

  — Brooke está passando por alguns problemas Heloise... — ele levanta o olhar para ela, que ouve atenta.

  — Que tipo de problemas? — ela pergunta lentamente.

  — Do tipo familiar. — ele responde enfim.

Isso pode explicar muita coisa afinal. Talvez um parente estivesse a beira da morte, por isso o choro de Broo. E ela poderia realmente estar viajando para visitar uma tia. Mesmo assim, Ed continuava apreensivo. Guardando algo.

  — Tem mais coisa, né?! — Heloise pergunta. Ed fica em silêncio, um tipo de silêncio que claramente ocultava a verdade. — Por que vocês não confiam em mim?

  — Não é isso. Confiamos em você sim. — ele se adianta. — Mas, não sei se a Brooke estaria pronta para deixar isso escapar para mais alguém. Além de mim.

Heloise aperta mais os braços sobre o peito. Passa a língua sobre o lábio inferior e fita o chão. A coisa poderia ser realmente séria, dependia do que Ed estivesse disposto a contar. Mas ela não iria desistir sem tentar.

  — Ed alguma vez já trai a confiança de vocês? — pergunta.

  — Bem, não mas... — ele coça a nuca.

  — Mesmo quando vocês me arrastaram para aquele bar na boca do inferno e me deixaram lá sozinha... — Heloise acrescenta. — Eu me afastei?

  — Não, só que...

  — E na festa do Colin, quando chegamos juntos e num piscar de olhos vocês já haviam sumido? — ela solta. — Se lembra?

Ed acena.

  — Depois disso, que para mim era o suficiente para eu nem falar com você ou a Brooke, eu apenas deixei passar. — ela diz. — Minhas amizades sempre foram muito superficiais, e eu nunca considerei ter bons amigos. Isso até vocês dois aparecerem para mudar minha percepção das pessoas e, acreditei que realmente tinha melhores amigos...

  — Ainda tem a gente como melhores amigos. — Ed corta ela.

  — Tem certeza? — Heloise pergunta. — Se está acontecendo algo tão sério com minha amiga, eu tenho um certo direito de saber. Porque se acontecesse algo comigo, eu diria a vocês.

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