Capítulo 23

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    O cara que se vira para encarar Heloise, definitivamente, não era Colin. Este era moreno, de cabelos escuros e mais baixo. Como pôde confundir Colin com alguém tão diferente daquele jeito?, pensou ela.

  — Desculpe. Pensei ser outra pessoa. — Heloise diz ao homem um tanto envergonhada.

Ela havia corrido do Coffeehouse Bright até uma esquina duas ruas a baixo. Suspirou. Então se pôs a andar em seu caminho rotineiro para casa, um tanto decepcionada.

Enquanto passava em frente a um petshop Heloise sente passos atrás dela.

  — Heloise!

Quando se vira seu peito infla. Lá estava Colin, encarando-a.

  — Co-Colin? — ela gagueja. — O-oi.

Pelo que parecia ele tinha acabado de sair da Floricultura Life's. Em sua mão pendia um buquê de narcisos, e eram aromatizadas. Heloise se sentiu desconfortável.

  — Como chegou aqui tão rápido? — Colin pergunta. — Mal saí da cafeteria...

  — É que eu... tenho o costume de... — ela engole em seco. Não tinha como se safar. — Correr à noite.

Ao ouvir a resposta de Heloise, Colin não se contém e ri. Ela não consegue manter a pose por muito tempo e rapidamente se junta a ele.

  — Sabe, você devia melhorar isso. — ele comenta.

  — Melhorar o quê?

  — Suas mentiras. — Colin responde doce. Ele sabia reconhecer como ninguém as mentiras de Heloise. Então ele pende o buquê sobre as costas e encara ela com o olhar um pouco firme. — O que faz aqui?

  — Eu? — Heloise solta. Colin acena. — Bom, eu estava indo embora. Este é o caminho de casa.

  — Certo. — ele diz. — Tenho que ir.

Heloise fica rígida. Não o queria longe e de repente sentiu uma vontade incontrolável de se agarrar a sua perna feito criança dengosa e implorar que ele ficasse e dissesse o que estava acontecendo. E então ela o vê. O buquê. Um frio sobe pela sua espinha e tudo já estava claro. Eram para uma suposta namorada de Colin. Heloise fica decepcionada.

  — Hum... também tenho que ir. — ela baixa o olhar para os pés. — Boa noite Colin. — Heloise força um sorriso e dá as costas para ele, então levanta a cabeça sobre o ombro para Colin a ouvir. — Bonita as flores.

E ela vai caminhando rua abaixo, apertando a alça da bolsa até os nós dos dedos ficarem brancos. Não se permitiu chorar. Ainda não. Nem sequer correu, não sentiu necessidade alguma para isso. Só queria mesmo chegar em casa, tomar um bom banho, dormir e refletir sobre o que houve nessa noite. Esteve a ponto de pôr ideias na cabeça de Colin, se o tivesse alcançado antes. Mas agora não dava mais, ela já descobrira que ele tinha alguém. E como se odiava. Fora uma tola. Só para não dizer coisa pior.

  — Heloise! — alguém a grita e ela subitamente se vira para aquela voz sem conseguir se controlar. Colin vinha um tanto apressado atrás dela. — Você viria comigo?

  — Pra onde? — ela arregala os olhos em direção a ele.

  — Consegue confiar em mim? — Colin rebate encarando-a com seus olhos verdes intensos.

Heloise engole em seco e percebe que continuava apertando a alça da sua bolsa com certa fervorosidade. E se Colin fizesse algo com ela? Não. Acreditava que não. E ela sabia se defender muito bem. Em sua bolsa havia um kit necessary, e se ele tentasse alguma gracinha iria furá-lo com uma espátula de cutícula. Ou pior. Com o alicate de unha.

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