Capítulo 1

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Acordei às seis da manhã para mais um dia cansativo, entre tantos outros. Eu morava em uma mansão considerada perfeita, em um dos bairros mais exclusivos da Zona Sul do Rio de Janeiro, o Leblon. Cresci cercada por mansões luxuosas, prédios de alto padrão, celebridades e empresários influentes, e meus pais eram um deles.

— Manu, você tem que se arrumar. — Dulce apareceu em meu quarto e eu apenas a olhei.

Dulce era uma das empregadas que trabalhavam aqui em casa. Ela me criava desde pequena, já que meus "pais" não cumpriam esse papel frequentemente. Minha mãe, Mirelle Montenegro, só pensava em moda, dinheiro e status. Meu pai era até amoroso em certos pontos, mas fazia todas as vontades da minha mãe e acabava se tornando fútil igual a ela.

Certa vez, perguntei à minha mãe por que ela agia com tanto descaso comigo. "Por que, se eu não for dura com você, você vai ser uma ninguém, pobre e amargurada. É isso que você quer ser?", foram as palavras dela. Bom, não podia mudar de pais.

— Já estou indo, Dulce. — disse, levantando-me com certa dificuldade. Não queria sair da cama quente.

Levantei, abri o closet, peguei uma calça jeans de lavagem escura e o uniforme da escola, que, inclusive, era ridículo, e tomei um banho. Como eu pouco me importava com minha "aparência", apenas molhei meus cabelos e saí do banheiro. Me olhei no espelho e estava com uma aparência horrenda.

Peguei minha mochila e desci até o andar de baixo, onde meus pais estavam tomando café da manhã, em silêncio como sempre.

— Bom dia, quebrei o silêncio.

— Bom dia. - responderam em uníssono.

— Alex, podemos ir? - falei com o motorista da minha casa, que assentiu.

— Não vai comer nada? - minha mãe falou sem me olhar.

— Na escola, eu compro algo,tchau! - coloquei minha mochila nas costas e saí em direção ao carro.

Meus pais, como sempre, não me deram atenção, mas isso já não me afetava, quer dizer, só um pouco. Eu já estava acostumada com essa má relação com minha família. Só estávamos bem nos eventos, na mídia, ou seja, vivíamos de aparência.

— Você não precisa me buscar, Alex. Irei para a casa da Paula ao sair do colégio.

— Mas senhorita, eles sabem disso? — ele questionou.

— Sabem. — assenti e saí do carro, entrando no colégio.

Minha mãe tinha deixado, pois os pais da Paula eram ricos e influentes. Só podia ser.

Recebi vários sorrisos e pessoas acenando para mim. Retribuí a todos e entrei com nariz empinado. Eu era muito popular nesse e em todos os colégios que já estudei.

— Amiga. — Luísa e Paula falaram em uníssono, vindo em minha direção.

— Oi, gatas. — demos um beijo de lado.

Conversamos um pouco e, ao ouvir o sinal bater, entramos na sala de aula.

As aulas passaram voando, até chegarmos na última de matemática. Era o professor mais chato, com a matéria mais chata. Meu Deus, eu odiava as aulas de sexta-feira!

— Parece que essa droga de aula passou demoradamente, até que acabou. Ufa. Que alívio.

Peguei minha mochila e fui em direção ao carro da Paula. Eu passaria a tarde e dormiria lá. Graças a Deus, ficaria pelo menos um dia livre da minha mãe.

No caminho, Luísa e Paula continuaram conversando animadamente, e eu recebi uma mensagem do Léo, meu primo por parte de pai e meu melhor amigo, apesar de minha mãe não aprovar nossa aproximação. Muitos devem estar se perguntando o porquê, já que ele é meu primo.

Consequências De Uma Noite Onde histórias criam vida. Descubra agora