Capítulo 9

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Manu narrando:

Acordei um pouco mais tarde e Léo não estava em casa. Estava com fome, mas continuei assim porque nem sei fazer um café.

— Por que Léo me deixou aqui sozinha, meu Deus! — retruquei, olhando a vista pela janela.

Fiquei pensando por alguns minutos, até que decidi ir para a cozinha fazer "algo". Ah, como sinto falta da Dulce.

— Já sei. — surgiu-me uma brilhante ideia.

Peguei umas frutas, maçã e pera, e as comi. Pelo menos fazia uma dieta básica, imagino! Ter que ficar gorda por causa desse bebê... Ai, Jesus, me ajude!

Fiquei sentada no sofá, coloquei meu iPhone para carregar e fiquei mexendo nele. Às vezes, via algumas publicações no Facebook, outras vezes via as colunas sociais das quais eu já não fazia parte... Até que vi uma foto de Léo com Felipe. Num ímpeto de curiosidade, abri o perfil dele.

Fiquei assustada com as coisas que ele postava: armas, fotos cheias de dinheiro, carros importados, iates, algumas fotos sem camisa.

— Em que buraco você foi se meter, Manuela?!

Fiquei pensativa até Léo chegar e me abraçar.

— Hum, que abraço bom. — sorri, retribuindo.

— Tudo bem, pequena? Já comeu? Como está meu afilhado? — ele fez várias perguntas ao mesmo tempo.

— Uma pergunta de cada vez... Sim, acho que estou bem, né? Comi umas frutas, e acho que esse bebê está bem. — falei com certo desgosto.

— Frutas, Manu? Você está grávida, tem que comer algo que te sustente.

— Mas eu não sei fazer nada. — revirei os olhos.

— Manu, tem pão aí, queijo e Nescau. Quer que eu faça para você? — assenti.

Para ser sincera? Não estou acostumada com essa vida. Eu tinha tudo: empregados, um café da manhã farto, roupas de grife com os preços mais variados. Tudo. Por que fui estragar minha vida por uma noite com um traficante mesquinho?

Léo terminou de fazer o sanduíche e eu me sentei à mesa e ataquei aquela comida. Nunca havia sentido tanta fome assim. E admito, é a coisa mais gostosa que já comi... É, nunca tinha comido pão com queijo e presunto porque minha mãe sempre dizia: "Não é saudável, você vai ficar gorda", "isso é comida de pobres".

Parei para pensar e achei: minha mãe não iria gostar de me ver comendo isso. Mas sabe de uma coisa? A minha mãe não está aqui para dizer nada! Ela me abandonou no momento em que mais precisei. Será que isso é ser mãe?

— Manuela...

— Hmm? — falei, ainda terminando de comer.

— Eu fui falar com... — ele gaguejou.

— Falar com quem?

— Felipe. Acho que vocês precisam se

entender logo.

— O quê? Você está louco? Você não fez isso, né Léo... Você contou a ele? — me levantei brava.

— Contei, Manu! E você sabe que era o certo a se fazer. Ele é o pai, quer você queira ou não.

— Mas eu não queria contar. Ele não é o pai e eu nem quero essa criança. Você vai ver, vou abortar esse ser.

— Deixa de ser inconsequente, Manuela! — Léo gritou comigo pela primeira vez e eu me assustei. — Eu... — ele respirou fundo. — Eu só estou tentando resolver as coisas, Manu. Você não pode agir como uma criança, sendo que está esperando outra criança. Pare de culpar essa criança, de fazer birra. Você não deve pensar somente em você, e sim no seu filho. Depois que você tiver ele... As coisas vão se resolver, você vai ver.

— Eu não aceito! — corri para o quarto e me joguei na cama, chorando desesperada.

Eu sei que meu primo tem razão, mas não consigo aceitar isso. Foi culpa minha, engravidei por ser irresponsável, uma qualquer, mas não quero, não consigo enfrentar as consequências de uma noite.

— Manu? — Léo entrou mais calmo no quarto.

— Sim...

— Me desculpa pela forma como falei com você.

— Tudo bem. — dei de ombros.

— Eu só quero resolver as coisas e te ajudar. Não quero ver você passando por nada ruim. Se eu tivesse muito dinheiro, daria tudo pra você e seu filho, mas estou numa situação difícil...

— Eu sei, Léo. Eu que fui muito egoísta.

— Felipe queria te levar para a casa dele.

— O quê? — o olhei meio inconformada.

— É... Mas vou te dar um tempo. Não quero que você vá agora. Você precisa se preparar.

— Tá.

Concordei. Era a única coisa que podia fazer. Não podia dar mais trabalho para Léo, sei que ele não tinha dinheiro, nem muitas condições para me dar assistência, por mais que ele queira.

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