Capítulo 45

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                Manuela

Acordei com a luz do sol no meu rosto. Eu estava morrendo de dor de cabeça, parecia que a qualquer momento iria explodir! Queria sair desse lugar, eu nunca imaginei em ser uma prisioneira, ainda mais grávida.

Passaram- se alguns minutos, quando uma loira de cabelos cacheados adentrou no lugar que eu estava. Olhei direito e espera... Essa era Beatriz, a garota que infernizou minha vida quando cheguei lá no morro.

- Ora, ora. - ela riu. - Finalmente a patricinha foi pega!

Calada estava, calada permaneci. Não tinha nada pra falar com essa vagabunda.
Ela me olhava com desdém, a barriga dela estava crescendo, dava pra reparar que ela estava mesmo grávida.

- Não vai falar nada ô ridícula? - ela falou.

- Tenho nada pra falar com você garota, se toca. - falei brava.

- Ela está com raivinha.. - riu. - Você agora está em minhas mãos Manuela. Você vai pagar por tudo que me fez!

- Mas eu não te fiz nada. - dei de ombros.

- Roubar Felipe de mim foi pouco?

- Você acha que eu queria roubar Felipe de você? Você acha que eu queria engravidar com quinze anos? Se liga ô Beatriz, tudo aconteceu por consequências, inclusive você que aprontou com Felipe. - falei tudo que pensava.

- Tá louca sua vadia! - ela veio puxando meu cabelo, doeu mas eu não abaixei a marra.

- Pode me bater o quanto quiser, mas não vou ne render a nenhum de vocês.

Ela fez uma carranca de ódio e se sentou. É parece que essa exú pretende ficar aqui mesmo, ô senhor eu atirei pedra na cruz só pode ser.

***

O tempo passou, eu estava morrendo de fome, com certeza isso iria prejudicar meu filho, que desgraça eu tô com um ódio que eu nunca senti, parece que eu tô virando outra Manuela.

- Eu estou com fome. - quebrei o silêncio.

- Haha. - Beatriz riu irônica . - Problema teu garota, se vira aí até Galego e o insuportável do Caveira chegarem.

- Eu estou grávida... E posso morrer.- falei de cabeças baixas.

Realmente a situação estava séria pra mim. Estava com quase seis meses de uma gravidez de risco, se eu ficasse sem me alimentar estava fodida.

- Ô Thiaguinho! - ela chamou um cara lá. - Traz um lanche pra patricinha aí.

Fiquei de boca aberta com isso que ela fez. Pra mim eu pensava que ela queria minha morte, mulher maluca.

- Obrigado. -falei deixando meu orgulho de lado.

- Eu só fiz isso porque essa criança tem culpa de nada se ligou? - cruzou os braços em minha frente. - Mas daqui a alguns dias seu namoradinho vai ficar sem morro, e vamos ganhar essa batalha. E você vai ir pra puta que o pariu sem Felipe, e sem família. - ela ria desesperadamente.

Isso poderia acontecer sim...Mas não ia suportar perder Felipe, ele de uma hora para outra havia se tornado o grande amor da minha vida. Só Deus sabe como me arrependo de todo preconceito que fiz com os moradores da favela... Eu pensava que pessoas dignas só eram ricos e milionários. Mas me enganei demais!

Bondade não se confunde com classe social.

Eu só queria sair daqui, abraçar Felipe, Flávia, Léo..

- Aí. - o vapor me entregou o lanche.

Era sanduíche com suco, nunca ataquei uma comida assim tão rápido. A demasiada fome se misturava com minha falta de apetite, mas mesmo assim comi.
Beatriz mexia no celular, e eu a encarei pensativa.
Por que essa garota tem essa vida? Ela e bonita, poderia namorar com qualquer cara,seja envolvido ou não. Mas prefere se juntar com caras que não valem nada, ainda usar seu corpo pra conseguir algo.

- O que é que tu tá me encarando hein? - perguntou.

- Só estava pensando o por quê das suas atitudes.

- Quais atitudes, não me faz perder a paciência com você sua patricinha.

- É sério.. Você é bonita, nova, tinha tudo pela frente, por que essa escolhas?

- Não te mete que você não sabe não sabe nada da minha vida! Pra uma patricinha mimada como você essa droga é um conto de fadas né? Mas pra mim não tá ligado, pra mim foi difícil desde criança. Não tive opção não.

- Desculpa eu não queria..

- Não queria mas fez. E acabou esse assunto. - percebi uma lágrima nos olhos dela.

Ela por detrás dessa marra toda tinha um olhar triste e vazio. Pessoas como essas precisam ser ajudadas.

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