Consequências De Uma Noite

Capítulo 39

                Manuela

Mais um mês se iniciava. Cinco meses de gestação... 
Eu poderia muito bem descobrir o sexo do meu bebê aos três meses de gestação, mas a emoção de esperar completar o tempo certo é maior, a expectativa.

Felipe quer que seja uma menina, me atordoa o dia todo com isso, Flávia apostou com Juliana que vai ser menina. Já eu, só quero que venha com saúde, e que nasça com paz, uma coisa bem difícil nessa atribulação que estamos vivendo aqui no morro.

Felipe só anda estressado, é inevitável. Entendo ele, não é fácil lidar com ameaças de um inimigo.

- Eu ja tô pronto. - falou colocando o boné.

- Pra quê esse boné? - perguntei.

- Meu cabelo tá uma bosta, você quer que eu saia assim parecendo um marginal?

- Mas você é um marginal. - Falei óbvia .

- Haha que engraçadinha. - revirou os olhos.

- Nossa, seu humor está irreverente.

- Desculpa. Mas.. Tá tudo tão complicado pra mim Manu.

- Eu entendo. - o abracei. - Eu só quero que saiba que estarei aqui sempre contigo.

- Te admiro tanto sabia? - sorriu. - Eu te enxergava como uma patricinha mimada e chata, mas tu mudou tanto pô.

- Eu mudei porque te amo. - dei um selinho nele. - Agora vamos que não podemos se atrasar.

Cumprimentei os vapores que faziam a guarda e entramos no carro. Felipe fez questão de ligar as músicas dele do Bob Marley, se fosse em outro tempo eu ia morrer. Minha mãe sempre dizia que isso era música de bandido, de maluco e gente que não tinha classe. A única pessoa que não tinha classe aqui, era ela.

Meu celular toda hora vibrava. Era Flávia falando que a faculdade estava um saco e que ela queria estar com o boy.
Ri muito e falei com Léo.
Sentia muitas saudades do meu primo, éramos tão colados, dia e noite, em festas, na minha casa, em todo canto.

Meus pais sempre foram medíocres, só eu que nunca enxerguei isso. Pessoas que não gostam do próprio sobrinho por que ele ficou pobre são o quê?

- Com quem tu tanto conversa e fica dando risinho aí. - Felipe fez cara feia enquanto prestava atenção no trânsito.

- Com Léo e sua irmã ue.

- Bom mesmo! Se eu pegar tu conversando com outro eu corto seu cabelo na 1.

- Tá maluco? - arregalei os olhos.

- Calma. Não vou fazer isso, à não ser que tu mereça.  - riu.

- Ah vá. Eu te processo.

- Nossa, isso não vai mudar em nada.

Revirei os olhos e continuei mexendo no whatsapp.
Felipe cantava alto as músicas de Bob e eu ria.

- Você até que sabe falar inglês.

- Eu estudei filha. - soltou beijo. - Não é porque sou bandido e negro que sou burro.

- Eu não disse isso.

- Até hoje me pergunto por que  tu quis se envolver comigo naquela festa. - ele falou.

- Ué, eu me atraí por você.

- Sei lá. Você toda patricinha, loira e branquinha dos olhos verdes se atrair por um negro do cabelo rasta.

- Seu cabelo não era rasta. - ri. - E eu podia ser chata mas não tinha preconceitos por causa da sua cor amor.

- Sei lá. Esse povo riquinho é tudo preconceituoso, que nem sua coroa lá.

- Mirella não vale o chão que pisa. Eu não considero ela como mãe, não sei nem por que ela não me deu pra adoção.

- Esquece isso. Hoje sua vida é comigo.

Chegamos na clínica. Eu estava apreensiva demais.

- Calma Manu.

Aguardei ansiosamente, até me chamarem.

Conversei com a médica, fiz fiz consulta normal até finalmente chegar a hora da ultrassom.

A médica passava o aparelho e o gel em minha barriga. Eu estava nervosa demais.
Felipe segurava minha mão.

- Parabéns Manu, é uma princesinha.

Só vi Felipe gritar de felicidade.

- Eu sabia! - ele falou. - Que felicidade cara.

- Vai ser uma menina linda. - falei emocionada.

- Obrigado por me dar esse presente. Eu te amo Manuela. - me beijou.

Contei para Flávia e Juliana, ambas jogaram em minha cara que sabiam. E Léo falou que iria comprar mil roupas para a sobrinha.

Eu estava realizada. Eu nunca fui feliz, estou conhecendo a verdadeira felicidade agora.

E Quando a gente se completa é só felicidade...