Capítulo 18

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      Manu narrando

Me levantei ainda morrendo de sono, mas após um sonho que tive com minha mãe perdi até a vontade de dormir.

Só me lembro que eu peguei no sono no sofá, agora quem me trouxe até o quarto eu não sei.
Peguei minha coberta me enrolei toda e levantei até o ar condicionado pra abaixar a temperatura . Apesar de estar fazendo calor no Rio de Janeiro eu estava morrendo de frio .

Joguei a coberta na cama, e fui até o banheiro. Tirei meu pijama, e entrei no banho, tomei um banho quentinho e maravilhoso com direito a molhar meus cabelos que estavam um trapo. Aproveite que já estava ali e lavei os cabelos, me lembrei que ainda sobrou um pouco da minha hidratação na minha mala, ufa pelo menos isso.

Sai do banho, coloquei meu roupão rosa bebê e hidratei meus cabelos.
Após uns 30 minutos, enxágüei e deixei secar naturalmente.
Continuei de roupão, e me sentei na poltrona que havia ali no quarto para hidratar meu corpo.

Alguém bateu na porta , deve ser Nanda querendo querendo me perguntar sobre o café da manhã. Na maior preguiça eu me levantei e fui abrir.

- Você? - perguntei ao ver Felipe prostado na porta com a cara de bosta que ele tem.

- Eu vim falar que tu tem que ver os bagulho da criança.

- Que bagulho ? Aprende a falar direito.

- Garota, não sei. Só sei que cê tem que ver como o "meu filho" está. - deu ênfase a palavra meu filho.

Que droga. Filho dele.. Uma merda!

- Eu não quero saber de filho.

- Como assim sua louca?

- Isso mesmo! Pra quê eu quero saber de um filho de um traficante idiota , um fruto de uma noite horrorosa.

- Eu posso ser um idiota, traficante. Mas pelo menos eu não odeio meu próprio filho. Eu tenho pena de você. - ele me olhou de cima à baixo e saiu.

Quê?! Quem é esse idiota pra dizer que tem pena de mim?

Pior que ele tem razão, até eu tenho pena de mim! Grávida aos 15 anos de um bandido, morando num morro onde só tem gente nojenta, expulsa de casa e abandonada pelos meus pais.

- Ódio! - falei sozinha.

Não quis descer pra tomar café, não queria ver a cara desse demônio.

Até que Nanda chegou com uma bandeja pra mim.

- Vi que você não quis descer e trouxe seu café, você tem que se alimentar e cuidar desse bebezinho - tocou em minha barriga.

- Obrigado Nanda. - sorri.

- Você vai ver menina, é uma emoção. Quando você for fazer a primeira consulta, a primeira vez que seu bebê mecher, quando você descobrir o sexo.

- Não consigo sentir nada por esse bebê...

- É porque você ainda está ressentida com tudo que aconteceu. E acaba achando que o
bebê tem culpa. Mas acredite não é assim, essa criança é só um ser inocente.

- Será..

- Acredite, agora deixa eu ir que eu tenho que pôr as rouoas pra lavar. - ela sorriu e saiu.

Fiquei comendo e pensando no que ela me falou, talvez esse bebê não tivesse culpa. Talvez a culpa fosse minha por ter me entregado a qualquer um , bêbada sem dignidade.

Terminei de comer , e peguei a bandeja e levei pra cozinha.
A irmã de Felipe estava sentada no sofá mexendo no celular.
Ia saindo sem falar nada, até que ela me chamou.

- Manu?

- Sim?

- Quer ir ali comigo?

- Onde..

- Tomar um sorvete, um açaí. Tô muito presa aqui nessa casa. - ela revirou os olhos.

- Eu também estou presa.

- Então topa. - ela sorriu.

- Tá bom, só vou subir e vestir uma roupa e pegar dinheiro.

- Não precisa de dinheiro. - apenas assenti e subi.

Vesti um vestido folgado, pois por mais que minha barriga não tivesse crescido ainda. Eu já podia sentir minhas roupas apertando.
Fiz um rabo de cavalo alto, calcei minha rasteirinha e desci.
Não ia me arrumar muito pra sair numa favela.

- Estou pronta.

- Vamos. - ela sorriu e pôs a mão em meu ombro.

Saímos e havia vários homens na porta da casa, fazendo o que suponho ser a "segurança". Minha casa tinha seguranças, mas não uns drogados , cheios de armas horrorosas. Grr, não suporto esse ambiente.

Descemos o morro , e várias pessoas me olhavam. Deviam estar pensando o que essa patricinha está fazendo aqui com essa cara de sofrimento.

Flávia foi comprar sorvete pra gente e eu fiquei parada na porta esperando mexendo no meu celular. Mas logo guardei com medo de me roubarem.

Uma menina vulgar, de cabelos cacheados black e um short que não tinha nem tamanho chegou perto de mim me encarando.
O que foi agora. Será que eu tenho cara de dona de puteiro?!

- É você a garota que tá na casa do meu Felipe?

- Te devo explicação? - disse grossa sem nem olhar pra ela.

- Olha aqui sua patricinha. - ela chegou mas perto de mim. - Você não vai sair da sua vidinha lá na zona sul pra vim roubar meu homem, eu mato você e essa criança.

- Cala essa boca pra falar comigo sua vagabunda!

Ela me olhou com raiva, confesso que estava com medo . Nunca tinha brigado com ninguém , e muito menos com uma favelada.
A garota veio pra cima de mim, fazendo com que eu caísse no chão querendo puxar meus cabelos e eu tentando chutar ela, ela tentava acertar minha barriga e eu segurei o cabelo de aço dela com as mãos.
Até que Flávia chegou.

- Que porra é essa , larga ela! - ela tirou a menina de cima de mim.

- Quem é você garota idiota, deixa eu bater nessa puta!

- Eu sou a irmã do dono do morro, essa aqui é a mãe do filho dele. E você quem é? Pelo que eu sei deve ser uma biscate do meu irmão..

- Irmã de Felipe, você deve ser a Flávia.. - ela gaguejou.

- Sou eu mesma! Agora deixa ela em paz sua vadia.

- Ela que chegou querendo dar de espertinha, Fp é meu eu vou me casar com ele! - ela saiu rebolando.

Que puta desaforada,essa favela só tem esses tipos de pessoas nojentas..

- Você tá bem? - Flávia me perguntou.

- Estou sim. Só me ralei um pouco. Obrigado.

- De nada, odeio essas vagabundas que não sabem perder.

- Perder o quê. Por mim ela fica com seu irmão, ele pra mim não é nada.

- E porque você ficou com ele?

- Eu estava bêbada, foi o pior erro da minha vida! Se eu pudesse eu tirava esse bebê, e fugia daqui.

- Nossa. - ela me olhou com uma cara de reprovação mas eu nem liguei.

Não me importa o que vão pensar, meu objetivo só é me livrar desse bebê e desse infeliz!

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