Manu narrando
Fiz minhas higienes, e entrei no carro de Felipe para mais uma consulta. Já estou com dois meses.
Não é nada fácil aceitar essa criança. Aceitar que eu estou grávida de um bandido, aceitar que minha vida era uma farsa e que meus pais estão pouco se lixando para mim.
- Eu vou procurar vaga pra estacionar o carro. - ele falou sem me olhar.
- Irei ficar sozinha aqui?
- Vai,deixa de caozada porra! Só uns minutos, ninguém vai te comer não - saiu reclamando e eu suspirei irritada.
Ele era um bruto, nem sei onde fui me meter.
Fiquei esperando impaciente, me olhei no retrovisor e arrumei meus cabelos.
- Pronto, bora. - ele chegou com uma garrafa de água em mãos .
- Toma. - me ofereceu, neguei.
Ele revirou os olhos e me deu a água.
- Eu não quero cara. - bufei irritada.
- A médica disse que você tem que se hidratar! Bebe isso Manuela.
O olhei com ódio e bebi a água, eu estava com sede, só não queria aceitar.
Fomos para consulta, a médica foi super amável comigo. Me deu uns conselhos, e disse que minha gravidez era de risco, fiquei preocupada, mas ela disse que se eu fizesse tudo direitinho, ficaria tudo bem.
Quando fomos para o lado de fora, ele tirou um cigarro do bolso e acendeu, começou a fumar ali parado.
- Esse cheiro me dá nojo. - fiz uma cara de nojo.
Ele nem respondeu, fiquei ali e me senti mal uma vontade enorme de vomitar. Corri para a primeira lata de lixo que achei e despejei todo café da manhã , Felipe veio atrás de mim aparentemente preocupado.
- Que foi, você tá bem?
- Estou, só vomitei porque você usou isso perto de mim. - o olhei.
- Desculpa, eu paro de usar perto de você. - pareceu sincero.
- Tá bem..
Ele era lindo, um negro alto de tirar o fôlego, acho que foi por conta desse modo dele de conquistar e jogar charme que cai nessa cilada.
Entramos no carro, e ele parou na porta do shopping.
- Vamos comprar algumas coisas! - ele disse.
- Comprar o quê. - arqueei as sombrancelhas.
- Algumas roupas pra você pô.
- Não precisa, eu não quero depender de você e nem te dar trabalho...
- Para garota, que drama vamo logo.
- É sério Felipe não precisa que..
- Vamos entrar nesse shopping e comprar logo o que você precisa! - me interrompeu.
Depois dele insistir tanto, entramos naquele bendito shopping.
Ele entrou numa loja de jóias e deu vontade de rir, a atendente pensou que ele iria assaltar.Isso que dá ter essa cara de bandido.
Ele comprou várias correntes de ouro , era incrível como um bandido faturava tanto dinheiro vendendo drogas, destruindo vidas, e fazendo coisas ilícitas.
- Vamos logo eu quero ir pra casa! - reclamei.
- Tá bom, eu vou pra sessão masculina comprar umas roupas e um presente pra PL.. você compra o que quiser aí.
- Vou comprar só algumas coisas que não deu para trazer de casa, não quero gastar seu dinheiro.
Ele revirou os olhos e saiu de perto de mim. Ele não era tão mal, só era um bandido . Eu nunca escondi pra ninguém meu desprezo por bandidos e favelados.. Um dia eu até briguei com Léo porque cometi o infortúnio de falar que odiava pobres...
Talvez tudo que me aconteceu sirva para aprender, mas enfim não quero pensar assim, logo logo irei me livrar de tudo isso.
Vasculhei algumas roupas, e me agradei com algumas. Não queria depender de Felipe, mas não havia outro jeito, minhas poucas roupas que consegui trazer de casa quase não cabiam mais em mim. Precisava de roupas mais folgadas e aconchegantes.
Parei e pensei o quanto meu corpo iria ficar horrível depois de ter a criança. Me virei e dei de cara com a pessoa que eu não esperava ver nem pintada de ouro.
Minha mãe...
- Oi Manuela Montenegro. - falou com deboche.
- Mãe.. - soluçei. - Quer dizer Mirelle o que você quer?
- Está comprando no shopping com o quê? Com o dinheiro do traficantezinho pai dessa abominação que está em você? - olhou para minha barriga.
- Você não tem o direito de olhar em minha cara , me deixa. - fui forte para não deixar as lágrimas escorrerem.
- Eu tinha planos pra você sua inútil, ia ser uma modelo , mas você é uma burra uma.. - apontou para mim e eu já chorava.
- Que caralho é que tá acontecendo aqui? - Felipe olhou pra ela com ódio.
- Ah esse é o favelado. - se afastou com cara de nojo. - Que mal gosto você tem em Manuela, ainda por cima preto.
- Eu.. - gaguejei.
- Olha só dona, você pode me chamar de favelado, preto, do que você quiser. Eu tava ouvindo tudo de longe e você ainda acha que é alguém pra falar com ela assim sua megera aguada? Eu posso ser preto sim com muito orgulho porque cor e aparência não denomina ninguém não, tá achando que só porque sou preto, e bandido não estudei?
- Quem você pensa que é pra falar comigo eu vou te denunciar seu infeliz, eu sou Mirelle Montenegro.
- E eu sou o papai noel. - riu e me puxou dali deixando "minha mãe" só.
Eu estava assustada e com muito ódio, só sabia chorar. É muito duro ouvir coisas assim de sua própria mãe.
- Obrigado por me defender.. - quebrei o silêncio.
- Que nada! Aquela mulher é asquerosa cara, aquilo não é uma mãe não.
- Megera aguada. - ri fraco.- De onde tirou esse nome?
- Sei lá. -riu - Eu fiquei revoltado com as coisas que ela tava te dizendo.
- Valeu por tudo. - o olhei nos olhos.
- Manuela eu... - chegou perto de mim.
- Você? -arqueei as sombrancelhas.
Ele não disse nada apenas puxou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha e me beijou delicadamente alisando meu queixo.
-Eu.. Me desculpa. - disse. - Vamos pagar as roupas que você comprou. - sorriu fraco.
Assenti, só ficava pensando o por que dele ter me beijado . E o quanto o beijo dele era bom..
Será que eu estava gostando dele?
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Consequências De Uma Noite
Ficção AdolescenteNum dos mais ricos bairros do Rio De Janeiro, conhecemos Manuela, uma jovem de quinze anos mimada e acostumada com uma vida de luxo, vê seu mundo virar de cabeça para baixo ao descobrir que está grávida de um rapaz que conheceu em uma festa. Desespe...