Capítulo 7

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                Léo narrando

Uma semana se passou desde que Manu chegou aqui, eu estava me sentindo muito mal por tudo que estava acontecendo com minha prima.

Eu amo Manu de coração cara, não podia ter deixado isso acontecer com ela. Mas eu e Felipe vamos ter uma conversinha. Ah se vamos!

Sai de casa bem cedo, deixei Manu dormindo , mas antes passei em seu quarto pra dar uma olhada nela.

Ela estava dormindo que nem um anjo, nem parece que está passando por tudo isso.

Peguei a chave do meu carro, é antigo mas ainda pega bem. Depois que meu pai "perdeu tudo", nunca mais pude ter os antigos luxos .  Sai de casa e passei um telefonema pra Felipe avisando que eu já ia.

- Felipe , tô indo aí falou?

- Falou Léo, mas cofoi que tu nunca mais veio aqui no Vidigal agora vem me visitar? - falou um pouco desconfiado.

- Assunto sério Felipe!

- Já é , brota aqui.

- Ok . - encerrei a ligação e fui em direção ao morro.

Cheguei no pé do morro e fui parado por dois moleques.

- Ih qual foi , que o playboyzinho quer entrar no morro sem er convidado?

- Eu sou amigo do Felipe , cole cara?

- Felipe? Quem é Felipe? Tá me tirando.

Ah esqueci, esses moleques conhecem Felipe pelo vulgo dele
" Fp" , mas que viagem em? Nessas favelas inventam cada nome.

- O Fp cara, olha tu é novo aqui né?

- Sou e daí?

- Por isso que cê não deve conhecer um dos melhores amigos do seu chefe né?

Peguei meu celular  e liguei pro Felipe, já tava ficando puto com esses caras idiotas me barrando.

- Felipe, tão me barrando aqui!

- Porra mano, perai esses menor são tudo incompetente mesmo. - ele desligou o telefone na minha cara .

Depois de alguns minutos, me deixaram enfim descer.

- Pode descer, desculpa ai mano. - o garoto que tava fazendo a segurança falou.

- De boa.

Estacionei meu carro num lugar que era tipo estacionamento do morro , fazia tempos que não vinha aqui no Vidigal . Sempre vinha aqui, claro que escondido dos meu pai né.

Felipe sempre foi um bom amigo, mesmo depois de descobrir que ele era morador de favela e filho de um traficante eu não tratei ele mal, pelo contrário eu acho que as pessoas são iguais, independente de tudo.
Mas com o tempo... Após a morte do seu pai, ele se tornou frio, calculista , só pensava em vingança. E quando se tornou dono do morro já não era o mesmo, ele agora usava e abusava do poder, usava mulheres como produtos de troca , mas ainda assim continuava sendo meu melhor amigo.

Até hoje, eu sou um dos únicos que ele ouve, apesar de as vezes eu ficar puto com as atitudes dele .
Agora imaginar que ele ia se meter com minha prima? Não passou pela minha cabeça.

- E aí meu chegado. - ele abriu um sorriso enorme ao me ver depois de tanto tempo em sua enorme "mansão" na favela.

- Oi Felipe. - disse com uma cara nada amigável.

- Sim, o que te trás aqui? Tu nunca mais chegou aqui pra nós fazer uma festa tá ligado.

- O que me trás aqui é um assunto sério.

- Manda o papo.

- Tem haver com aquela festa lá na Zona Sul lembra?

- Sim, foi a última vez que nós se viu. Para de encher linguiça Léo fala aí.

- Não sei se cê se recorda , mas tu ficou com uma garota , uma adolescente , e levou ela pra um dos teus apartamentos.

- Sim, mas quê que tem? Eu nem lembrava dessa garota mano.

- É que "essa garota" , meu amigo... É minha prima!  Manuela Montenegro.

- Caraí Leonardo. A mina é tua parente? Ih tirar a virgindade de prima de amigo não dá certo. - ele abriu um sorrisinho de deboche.

- Felipe cara, você é meu amigo de anos, mas cara minha prima tá passando por uma situação séria por tua culpa, para de rir que eu tô falando sério.

- Porra , fiquei cheio de onda agora. Fala vei.

- É o seguinte. - respirei fundo.
Minha prima tá esperando um filho teu! - falei sentindo um alívio por contar aquilo a ele.

- QUÊ? - ele se levantou da cadeira. Tu tá de brincadeira comigo né Léo? Diz que é brincadeira .

- Não , não é brincadeira. Eu gostaria que fosse uma brincadeira. Só quero que você cumpra o seu papel de pai, você sabe que ela era virgem, ela foi expulsa de casa ela só têm a mim e a você.

- Eu? Eu pai de uma criança? Ainda mais a mãe é uma patricinha mimada que a poucos instantes eu nem lembrava que existia.

- Olha Felipe , eu sei que tu é durão, bandido, traficante. Mas eu também sei, que no fundo aina existe aquele menino de 12 anos que eu conheci na 6° série.

- Eu não sei o que dizer... - ele pareceu pensar. - Quantos anos ela tem mesmo?

- 15 anos, pra você ver sua irresponsabilidade. Poderia ter usado camisinha , evitaria tudo isso.

- Não vem meter uma de "responsável" não. Vai me dizer que tu nunca esqueceu a porra da camisinha?

- Já esqueci, eu sei. Mas eu se fosse você, eu assumiria meu filho.

- Tá , tá Leonardo você têm razão. -ele respirou fundo. - Conversa com a patricinha e manda ela pra cá.

- Você vai tratar minha prima bem né cara?

- Depende de como ela agir comigo. - Ele disse em um tom frio.

- Pronto, disse o que eu queria. Agora já vou. - já fui me retirando quando ele me gritou.

- Ei mano. - o olhei. - Tá chateado comigo?

- Não Felipe.- suspirei. - Você é meu amigo, apesar de ser um vacilão. - revirei os olhos e sorri.

- Eu sei mano, Tamo junto. - ele me abraçou de lado e eu fui embora.

Agora o segundo passo é : Convencer Manuela a vim pro morro.

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