Capítulo 25

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                Felipe narrando

Depois de sair do shopping , deixei Manuela em casa e fui para boca de fumo.

Me sentei na salinha que havia na boca, e fiquei pensando na minha vida... O quanto eu estudei para dar orgulho a meu pai, e em quando ele morreu me deixando aqui sozinho.. Primeiro foi a minha mãe , depois ele.

Eu continuei estudando, mas já sabia o que queria. Eu queria ser o dono disso aqui, eu queria fazer diferente do que meu pai fez, lutar tanto e no final morrer com a minha mãe. Eu poderia ter outro futuro , eu terminei o ensino médio apesar de todos os preconceitos por ser negro e favelado.

Mas eu tô pouco me lixando, sabe por que? Preconceito existe em todo lugar e vocês sabem disso, se a pessoa mora na favela não presta, se a pessoa é negra não é bem vista,  ah vai tomar no cu , eu sou feliz independente do que falam de mim.

Fala sério, eu fiquei irritado pra caralho com aquelas coisas que a mãe da Manuela falou pra ela pprt viu, também esculhambei aquela loira tirada a besta. Sério cara não consigo entender como um ser humano daqueles pôde ser mãe , ser mãe é uma bênção divina , por isso sempre falo que filho meu eu nao abandonaria.

Fiquei pensando em Manuela. Como fui engravidar uma garota patricinha de quinze anos?
Mas o que importa é que quero meu filho ou filha comigo, se ela quiser ir embora que vá, não vai faltar amor para essa criança.

- Que foi parceiro? - PL chegou perto de mim.

- Nada só tô no pensando em minha vida mesmo..

- Ah.

- Iai de coé do seu aniversário amanhã?

- Tá tudo pronto já. Ju que tá preparando tudo.

- Juliana é uma boa pessoa sabia primo.. nós conhece essa mina desde pequena e você como ninguém sabe que ela sempre sofreu na mão da mãe, por que maltrata ela assim?

- Ih Felipe.. Vem dar lição de moral não ,  eu gosto dela pra caralho morô? Mas sei lá pô não sei demonstrar isso, e ela é chata pra se foder , é ciúmes, reclamação , isso enjoa. -disse e se sentou na cadeira ao meu lado.

- Eu sei. Mulher é chata pra caralho! Tiro isso pela patricinha lá..

- Mas e aí como tá a convivência com ela?

- Ò cara tá ate de boas... Hoje bem cedinho fomos fazer a consulta do bebê e depois no shopping, acabar ela encontrou a madame fodida da mãe dela que ficou falando merda pra cacete , mas também coloquei ela em seu lugar , vou ficar ouvindo de ninguém. Aí depois disso eu beijei ela.

- Beijou ela? - ele se levantou rindo.

- É vei, sei lá o que me deu.

- Hum, isso tá me cheirando a paixão, cuidado viu pra não se apegar a patricinha , lembre- se que depois da criança nascer ela vai embora.

- Eu sei cara, tá viajando é? Eu me apaixonar? Só se for...- neguei com a cabeça.

- Eu também falava isso, mas olha aí no que deu. Acabei assumindo a louca da Juliana e hoje não comigo largar aquela demônia.

- Meu Deus. - dei risada. - Isso não vai acontecer, pelo menos não comigo.

Depois de conversar com meu primo, embiquei pra casa e me deparei com Flávia de conversinha com Menor na porta. Raiai , digo é nada a essa delinquente.

- Qual foi aí? - estacionei a moto perto deles e desci.

- Iai parceiro. - fez toque comigo.

- Iai, tem nada pra fazer não? Tem trabalho te esperando cria!

- Eu já tava indo Fp, calma aí só passei aqui rápido pra ver se tu tava em casa.

- Hum sei, camba então parceiro. Nós se vê depois.

- Já é. - ele disse e saiu.

Ia me saindo mas Flávia me parou.

- Que foi?- perguntei.

- Por que tratou Rael assim?

- Quê? Fiz nada. - dei de ombros.

- Você e sua mania de me proteger de tudo e de todos.- fez cara feia.

- Oxe, tá viajando? - dei risada. - Você é minha irmã, eu quero te proteger sim, mas só expulsei Menor porque ele trabalha pra mim.

Sai da entrada de casa e deixei a vacilona lá, pensa que eu não sei que ela tá de rolo com Menor, já deve até ter dado pra ele. Grr, só de imaginar minha irmã sentando pra alguém me dá uma coisa..
Tá eu sei que é normal, mas ela é minha irmã cara.

Entrei em casa e bebi uma água, dei um beijo em Nanda e subi pra tomar um banho.
Tomei banho , vesti um short e fui em rumo ao quarto de Manuela.

Bati na porta e ela abriu com cara de sono.

- Te acordei?

- Não. - sorriu.

- Eu só vim te falar que amanhã a noite vamos para o aniversário de PL. Se você quiser, é claro.

- Ah tá bom, quero ir sim.

- Falou.. Como tá o bebê aí?

- Tá bem, eu acho. - alisou a barriga. - Eu quero que ele nasça logo.

- Pra você se ver livre?! - arqueei as sombrancelhas.

- Não é bem assim Felipe, eu quero terminar os estudos, e me tornar alguém na vida. Mas eu também quero o bem do bebê, e sei que você vai ser um ótimo pai para ele, e que até irá achar uma mãe que o ame.

- Hum, está bem! Até amanhã. - sai do quarto dela.

Sai de lá com um pouco de raiva dela. Ela estava carregando um ser do sangue dela e nem se importava. Era uma desgraçada mesmo.

Mas também por mim. Era melhor assim, o filho seria só meu, eu sempre quis ser pai mesmo, e sem a mãe dele pra encher o saco melhor ainda.

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