Capítulo 14

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Felipe narrando

Destravei a glock, e mirei no alvo.
É sempre bom treinar meu tiro...

- Já vai Fp? - Magno perguntou enquanto eu tirava o colete a prova de balas.

- Já parceiro, tô cheio de coisas pra fazer .

- Tipo o quê?

- Dormir e comer. - disse dando risada.

- Queria ter essa vida boa tua aí.

- Que vida boa cara? Vida mó difícil a minha. Só hoje que tô de folga.

- Pior que é, essa vida de bandido é difícil...

- Até porque se o crime fosse fácil, não existia trabalhador. - pisquei pra ele e sai.

Não vim de moto hoje, porque minha bebê tá no conserto. Poderia vim com outra mas prefiro mil vezes a minha que está consertando.

Desci o morro tranquilamente, várias pessoas me dando moral, cumprimentando... As putas quase se jogando pra mim mas só como quem eu quero.

Já estava quase chegando em casa quando Bárbara me parou no meio da rua.

- Felipe precisamos conversar! - parou em minha frente.

- Que é Bárbara? Sai da minha frente caralho, nossa conversa só é na cama.

- Que história é essa Felipe? Eu sou tua mulher hà anos, nunca me levou na sua casa ,e você coloca uma puta com cara de mimadinha lá em sua casa?

- Você quer morrer vagabunda? - tirei minha arma da cintura e coloquei em seu pescoço chamando a atenção do povo da rua.

- Ti.. Tira isso de mim . - ela gaguejou tremendo.

- Da próxima vez que você me peitar eu acabo com tua vida entendeu?! - puxei seu cabelo e segurei em seu braço.

- Você tá me machucando. - começou a chorar.

- É pra machucar mesmo, agora me dá licença que tenho o que fazer! - sai esbarrando nela.

Tinha várias pessoas olhando, essas misérias não tem roupa pra lavar em casa não? Meu pau rapaz.

- Acabou o show! Chispa vocês. - disse e todo mundo parou de olhar e voltou a seus afazeres.

Morar na favela é bom , mas o mal é que só tem gente fofoqueira que gosta de cuidar da vida dos outros. Ô Pai viu, é aquele velho ditado que minha avó já dizia "quem fuchica o rabo espicha, quem fofoca o rabo poca!

Cheguei em casa , tinha ninguém. Nanda tinha ido pra casa , a enjoada devia estar no quarto .

Liguei pra meu primo, e mandei ele trazer os parceiros pra fazer uma bagunça ,já que hoje não tem baile.

Ligação On

- Iai viado, chega aqui.

- Fazer?

- Resenhar e beber desgraça, tem nada pra fazer.

- Nem fale, chama a patricinha e dá uns trato nela.

- Que ...Essa aí quer nada comigo, e nem eu quero com ela.

- Hum sei, vamo chegar aí. Vou chamar os cero.

- Já é.

Ligação Off

Coloquei as cervejas no isopor, porque nós é pobre e não tem frigobar tá ligado...

Peguei a churrasqueira, e fiz aquele churrasco mil grau . Afinal, segunda também é dia de resenhar.
Pedi umas cinco pizzas , e esperei o povo chegar.

Mas antes, subi pra tomar um banho. Como minha toalha já tava no banheiro da casa, tomei banho lá mesmo. Sai do banheiro e enrolei a toalha na cintura, e com a outra fui enxugando meu cabelo.

Fui andando pelo corredor de boa, até que tomei um susto do caralho com meu cachorro, o que me fez derrubar a toalha.

- Porra dog , como tu faz isso.

Já ia me abaixando rapidamente pra pegar a toalha quando olhei pro lado a patricinha tava ali com uma cara de tipo " meu Deus" .

- Desculpa eu só ia descer pra beber água! - saiu correndo descendo as escadas.

Eu em mina louca, porra o cachorro me botou numa situação foda..
Mas será que ela gostou dessa visão do paraíso?

Que merda eu tô pensando..

Fui até meu quarto, peguei uma roupa e me vesti.
Estava me olhando no espelho, quando ouvi aquela voz doce , e ao mesmo tempo arrogante.

- É eu , posso ligar? Meu celular está sem crédito...

- Pode , toma. - tirei um dos meus celulares do bolso e entreguei a ela.

Ela pegou o celular, e falou com Léo. Falando com ele ela até parecia ser gente, mas comigo era só patada. Mas eu ainda ia botar essa patricinha na linha!

- Obrigado! - me entregou o celular e saiu do quarto .

Eu em, mina maluca.

Passou se pouco tempo o povo chegou aqui em casa, coloquei uns funk na área e ficamos no lazer.

As meninas dançando, a gente conversando e bebendo.. Eu amo minha favela, as coisas aqui são simples, e ao mesmo tempo somos todos felizes sem precisar de arrogância, nariz empinado e sorrisos falsos que nem o ambiente em que essa patricinha estava acostumada a viver.

O lugar onde eu e minha irmã fomos criados, é totalmente diferente. Meu pai e minha mãe se amavam, até que minha mãe morreu de tiroteio na favela, meu pai ficou louco eu e minha irmã era a única coisa que ele tinha . Daí , passou se alguns anos, eu ainda estudava tá ligado. Era até um aluno aplicado, meu pai sempre priorizou meus estudos. Ai meu pai faleceu, e eu tive que assumir esse morro todo com 16 anos , e ainda cuidar da minha irmã 6 anos mais nova que eu . Minha irmã Flávia foi morar com minha tia longe daqui, enquanto eu não tivesse estabilizado a situação do Vidigal, não queria ela no meio dessa guerra.

- Onde tá a mãe do futuro herdeiro? - PL pronunciou.

- Que futuro herdeiro ..

- Uê, né teu filho?

- Meu filho é, mas odeio a mãe dele! Sinceramente não suporto essa garota, ela se acha muito superior.

- Tô até te estranhando... Colocou ela na tua casa.

- Não tinha onde ela ficar PL. Os pais dela são uns cuzão mesmo.

- Mas a filha chega em casa grávida de um bandido. Como tu queria que os bacana lá reagisse?

- Sei lá , a filha é deles.

- Tu tá ligado em Galego?

- Sim , ele não tem vez aqui...

- É sim, aumenta o som aí que hoje é farra caralho! - gritei e todos levantaram o copo.

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