40- Que se foda

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Como nós havíamos perdido a hora do café por conta daquela conversa estúpida com a diretora, fomos direto pegar as coisas para limpar o refeitório. Ainda bem que ela não mandou Kaydan e eu cozinhar, senão ia todo mudo morrer de fome.

Como o "castigo" foi apenas para Kaydan e eu, os outros voltaram para seus dormitórios. Dessa vez foram meninas para um lado e meninos para o outro, espero que Emylle não dê mais nenhuma crise de nervos.

Eu: E aí, pronto pra dar uma de faxineiro?
Kaydan: Sinceramente não.

   Rimos e começamos mesmo assim. Não parece tão ruim, até porque minha companhia não é tão ruim. Mas como nem tudo na vida são flores, algo teria que acontecer para piorar a situação. Lily e suas amigas apareceram para tirar sarro da nossa cara. Minha vontade na hora foi esfregar a cara dela no chão, e não a esponja.

Lily: vejam só o que temos aqui! Estão parecendo faxineiros natos, acho que vocês nasceram pra isso.
Kaydan: E você nasceu para ser indesejada por todos, então some daqui.
Lily: Pelo menos eu não estou esfregando o chão.
Eu: E se você não sair logo daqui, eu vou pegar essa sua cara de vadia e esfregar no chão!
Lily: Só um aviso, nunca mais mexa comigo.
    E virou-se para sair, mas antes, Kaydan disse algo que á fez voltar.
Kaydan: Então foi você?!
Lily: Eu o quê?
Kaydan: A prostituta de beira de estrada que foi dar uma de dedo duro lá na diretora. 
Lily: Isso não te interessa.
Kaydan: Ah, interessa sim!

  Ele já estava alterado o suficiente para bater nela, mas se eu deixasse, ele era mandado pra casa na hora e ela poderia até denunciar ele.

Eu: Ei, se acalma aí. Se você bater nela, nós dois estamos fodidos.
Kaydan: Tudo bem. Mas você pode bater nela.

     Disse a última parte em um sussurro. Assenti com a cabeça e dei um sorriso sínico pra ela.

Lily: Tá vendo algum palhaço aqui?
Eu: Só você!

  Quando eu disse isso, dei um murro no seu estômago que fez a mesma gemer de dor.

Eu: Agora sumam daqui!

    As amigas dela ficaram perplexa, só conseguiram segurar a Lily para tirar ela daqui.

Kaydan: Mandou bem.

   Disse e quando eu passava para o outro lado, nós levantamos as mão e batemos as mesmas sorrindo.

Eu: Isso vai dar merda.
Kaydan: Eu sei, mas aquele soco foi lindo! 

   Rimos mais um pouco e continuamos a limpar, não demorou muito e logo saímos dali.

Kaydan foi para seu quarto e eu fui para o meu descansar um pouco.

Quando peguei na maçaneta da porta para abrir a mesma, notei umas machas na minha mão. Ótimo, vai ficar roxo e já posso escutar Chandler me dando lições de moral sobre não sair por ai batendo nos outros.

Débora: E aí?
Eu: E aí o quê, Débora? A gente foi limpar o refeitório, nada demais.
Débora: Nossa, que grossa.
Eu: Ah, cala a boca.

   Fui em direção a cômoda, peguei uma roupa e fui em direção ao banheiro.
 Tomei um banho bem demorado, eu estava realmente cansada. Minha cabeça estava doendo mais que nunca. Quando acabei meu banho, vesti a roupa e fui me deitar. Não dei muita importância para os comentários de Débora e Emylle sobre eu ter sido grossa.

Minha cabeça latejava, não conseguia dormir de forma alguma.

Eu: Será que alguma de vocês tem algum remédio para enxaqueca? 
Emylle: Agora que precisa de ajuda vem toda carinhosa.
Eu: Tem ou não?
Emylle: Não, não temos.
Eu: Ótimo.

   Disse enquanto me levantava. Provavelmente lá na enfermaria tem. Calcei minha sandália e fui em direção a porta.

Débora: Você vai mesmo com esse short?
   Quando ela disse isso, olhei imediatamente para baixo. Estava com um short de tecido com cordinha amarrada no cós.
Débora: Ele vai surtar.
Eu: Chandler que se foda.

   Disse e saí do quarto. Minha blusa não tem decote, é um pouco grande, então esconde um pouco o short. Acho que roubei de Chandler essa blusa quando ele disse que ficava um pouco pequena nele.

Não foi difícil encontrar a enfermaria, pra minha sorte, a mulher que estava lá era legal o suficiente para não ficar perguntando nada. Aproveitei e pedi para que ela passasse algo em minha mão para diminuir a dor e o inchaço.

Para o meu azar, quando fui saindo, encontrei Chandler.

Eu: Merda.
  Sussurrei para mim mesma.
Chandler: Posso saber o que a moça veio fazer aqui e ainda por cima com essa roupa.
Eu: Vim comprar pão. 
Chandler: Katherine...
  Disse me repreendendo.
Eu: Nem vem com essa de "Katherine". Você não é meu pai.
Chandler: Tá, vamos. Vou com você até o seu quarto.
Eu: Pra quê?
Chandler: Kat, se comigo aqui, já te olham como se quisessem te comer, imagina se você volta sozinha?
Eu: Tá, tá. Vamos.

Enquanto nós caminhamos até o quarto, consigo escutar alguns assobios e comentários tipo "Chandler se deu bem." "Olha que gata". Percebi que ele já estava perdendo a paciência. Ele caminhou mais rápido até chegarmos perto do meu quarto, mas não entrou. Me puxou para um canto e me encarou por alguns segundos.

Chandler: Da pra me dizer o que houve?!
Eu: Primeiramente você fala baixo, obrigada. Agora respondendo sua pergunta, eu estou com enxaqueca e fui pegar um remédio la na enfermaria.
Chandler: Agora me fala por quê sua mão tá roxa.
Eu: Eu... É que... Eu...
Chandler: Não enrola, Katherine.
Eu: Eu dei um soco na barriga da Lily.
   Disse quase sussurrando e depois abaixei a cabeça.
Chandler: Você o quê?!


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