POV Camila Cabello
Acordei naquela manhã enroscada em uma certa jaqueta de couro preta. Inalei um pouco mais do perfume que ela possuía. Era impressionante como o cheiro não saía dela. E quando saí da cama e me encaminhei até o banheiro, percebi que eu mesma estava com o mesmo cheiro. Foi particularmente difícil tomar banho. Eu não estava preparada para me livrar daquele cheiro que estava impregnado no meu corpo.
O banho fora longo, assim como eram todos os que eu tomava. Vesti uma camiseta branca e uma saia rosa, colocando um par de saltos altos e um laço rosa no cabelo. Coloquei a jaqueta que a garota-sem-nome havia me emprestado na bolsa e saí do quarto. Normani não estava na sala, então resolvi ir procurá-la em seu apartamento.
Bati três vezes na porta do quarto dela e não obtive nenhuma resposta, então abri a porta e dei de cara com uma Normani acabada na cama.
— Mani? — chamei. E quando fiz menção de acender as luzes, ela me impediu.
— NEM — ela começou. — PENSE. EM ACENDER. ESSAS LUZES. KARLA CAMILA CABELLO ESTRABAO.
Tentei conter o riso, mas realmente não consegui.
— Tá tudo bem, Mani? — perguntei, assim que o riso cessou.
— Se com "bem" você quer dizer uma puta de uma ressaca, dor de cabeça e uma vontade imensa de ficar na cama o resto do dia, então sim. Estou fabulosa. — Assim que terminou de falar, colocou o travesseiro sobre sua cabeça e falou com a voz abafada: — Pode ir sem mim. Eu chego depois do intervalo.
Chegando na faculdade, estacionei meu carro e fui na direção do prédio de Medicina. Procurei pela garota da jaqueta pelo caminho, mas não a achei em lugar algum. As primeiras aulas foram tranquilas. Anatomia realmente me encantava, sabe-se lá por que.
Durante o intervalo, dispensei ficar com Normani e Ariana e fui à procura da garota que me emprestara a jaqueta. E olha que achá-la ia ser difícil pra caramba, pois no dia da festa, as luzes estavam tão escuras que eu sequer pude ver a cor dos olhos dela. Mas algo me dizia que se eu a visse, eu iria reconhecê-la.
Passei pelo prédio de Artes, mas não a encontrei por ali, no de Ciências Tecnológicas, igualmente. Dei a volta no prédio onde se dividiam o pessoal de Educação Física, Pedagogia e Psicologia, e quando estava me dando por vencida, vi uma cena que me fez parar para observar. Um garoto que parecia ser novo demais para estar na faculdade puxava uma garota branca até uma parte mais afastada do campus. Inconscientemente os segui, e quando dei por mim, eu já estava perto o suficiente para ouvir fragmentos do que estava acontecendo. Quando a garota se virou, praticamente de frente para mim, percebi que a conhecia de algum lugar. Olhei para a jaqueta na minha mão e rapidamente fiz a ligação. Era a garota da jaqueta. O garoto parecia nervoso e eu, sinceramente, não queria interromper a conversa. Mas algo me dizia que se eu não entregasse a jaqueta logo, eu ficaria muito tempo para conseguir achar aquela garota de novo. Saí do meu posto e comecei a andar na direção deles, mas meus pés fincaram no chão no momento em que vi um garoto branquinho e loiro se aproximar deles praticamente correndo. Eu sabia que coisa boa não estava por vir, porque ele parecia estar louco de raiva por alguma coisa. Imaginei ser ciúmes. Mas que tipo de ciúmes doentio seria aquele? Quer dizer, a garota era linda e tudo mais, mas aquele comportamento não era justificável. Precisei fechar os olhos para não ver a dor que o garoto mais novo sentiu ao levar o soco diretamente no nariz. A garota da jaqueta praticamente surtou com aquele que deu o soco e foi ajudar o mais novo, que estava caído no chão. Eu queria sair dali, para que não vissem que eu estava observando a cena, mas eu não conseguia mexer meus pés do chão. Uma raiva repentina daquele loirinho começou a surgir no meu peito e isso me confundia, porque eu sequer sabia quem eram aquelas pessoas e o porquê de aquilo estar acontecendo.
O garoto passou por mim correndo. Seu nariz parecia estar quebrado e ele tentava – sem sucesso – fazer o sangramento parar, segurando-o com a mão.
A minha primeira reação foi correr atrás do garoto e ajudá-lo com o nariz. Ajudei a estancar o sangue, e ele me agradeceu. Depois de um tempo perguntei:
— Você está bem... — perguntei aguardando o nome dele.
— Logan! Logan Lerman! — respondeu enquanto limpava as mãos no suéter.
— Sou Camila, pode me dizer o que aconteceu? Aquele cara é louco ou você fez algo para ele? — Meus olhos estavam fixos e arregalados.
— Ele é um babaca! Se o Keaton acha que vai ficar assim, ele que me aguarde! Não posso deixar a minha Taylor ficar desse jeito — falou quase gritando. Podia vê-lo tremer de raiva.
— O que ele fez? — perguntei com cara de assustada.
— Desculpa, eu agradeço e muito pela ajuda, mas tenho que resolver isso sozinho — disse indo embora.
Ok, agora eu estava realmente confusa. Então o nome da garota era Taylor? E o tal namorado dela é o Keaton. Mas por que o Keaton bateria em um cara como o Logan? Ele parece tão... inofensivo!
Voltei para o local onde aconteceu a briga, e eles já não estavam mais lá. Fiquei o resto do dia pensando no que acontecera.
Peguei meu celular e, antes de voltar para as aulas, decidi mandar uma mensagem para greeneyes.
lovespizza: essa faculdade é sempre assim tão agitada?
POV Lauren Jauregui
Keaton me encarou assustado enquanto eu aguardava por sua resposta. Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas então o sinal da volta às aulas tocou.
— A gente se fala mais tarde — ele disse, e saiu correndo para o seu prédio.
Pensei em ir atrás dele e fazê-lo explicar, mas eu ainda estava processando o que tinha acontecido. Além do quê, eu não podia me dar ao luxo de perder aulas, já que minha bolsa dependia das minhas notas.
Maldito, pensei enquanto andava batendo os pés até o meu prédio. Você não vai conseguir fugir pra sempre.
Entrei na sala atrasada, mas a professora de Epidemiologia me deixou entrar sem reclamações. Sinceramente, eu mal consegui prestar atenção na aula. Revirei minha mochila e peguei meu celular para ver quantos minutos faltavam para acabar a aula e percebi que havia uma mensagem no aplicativo da faculdade. Revirei os olhos, pensando em qual seria o mimadinho reclamando da festa do Banho do dia anterior, mas minha expressão se suavizou quando vi serlovespizza. Li a mensagem e não consegui não sorrir. Respondi logo em seguida.
greeneyes: você ainda não viu nada.
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All or Nothing
Romance[CONCLUÍDA] Lauren é veterana do curso de medicina de uma faculdade conceituada, que faz tudo para manter suas notas mais altas possível para manter sua bolsa de estudos, enquanto Camila acaba de iniciar seu primeiro ano, com uma faculdade sendo tot...