POV Camila Cabello
Eu e Normani terminamos de abrir as caixinhas ao mesmo tempo, e ambas fizemos expressões de desentendimento ao notar que, dentro de cada caixinha, havia uma chave e um pedaço de papel. Fiquei um pouco decepcionada. Eu esperava um anel de diamantes ou algo do gênero. Puxei a chave e o papel da caixinha e encarei Normani, que estava com as sobrancelhas levantadas.
Abrimos os papeis ao mesmo tempo e vimos que lá havia um endereço escrito.
— O que significa isso? — Normani perguntou.
Encaramos nossos pais, que sorriam gentilmente.
— Esse é o endereço e a chave do novo apartamento de vocês — meu pai respondeu, ainda sorrindo.
Nos entreolhamos e como que em perfeita sintonia, começamos a gritar desesperadamente enquanto pulávamos de excitação. Normani continuou pulando e gritando enquanto eu fazia a minha famosa dancinha de comemoração.
Minha dancinha foi interrompida por um puxão que veio da minha perna. Olhei para baixo e vi Sofia agarrada em um unicórnio rosa de pelúcia em uma mão enquanto, com a outra, abraçava a minha perna. Abaixei até ficar na altura dela e a encarei nos olhos.
— Mila, eu posso ir junto com você? — Sofia perguntou com lágrimas já se formando em seus olhinhos.
— Sofi... — comecei a falar, mas ela me interrompeu.
— Eu juro que eu me comporto! Você nem vai perceber que eu estou lá. Eu posso até dormir com a luz toda apagada.
Estava quase chorando junto com ela, quando fui interrompida pelo meu pai.
— Sofi, fica calma. Na nova casa da Mila você tem um quarto só pra você quando quiser ir pra lá.
— Mas eu quero ir pra lá pra sempre! — Sofia disse.
Normani e seus pais riram enquanto os nossos reviravam os olhos.
— Sofi, querida, se você for pra lá quem vai cuidar do nosso cachorrinho?
— Que cachorrinho? — Sofi indagou com cara de quem não entendeu.
— Esse aqui! — meu pai falou enquanto foi até a porta do banheiro e o abriu. De lá surgiu um poodle branco que correu na direção exata de Sofi, pulando em cima dela. Qualquer criança ficaria com medo de um cachorro pulando em cima dela, certo? Certo. Mas Sofi não era qualquer criança. Ela simplesmente abraçou o cachorro com tanta força a ponto de quase esganá-lo enquanto sorria de orelha à orelha.
— Achou que só a Mila que ia ganhar um presente, Sofi? — minha mãe perguntou.
Sofi sorriu mais ainda.
— Seu nome vai ser Bob, porque eu amo assistir Bob Esponja com a Mila! — Sofia falou para o cachorro recém-ganho e depois se vira para mim. Por um segundo eu me ofendi, porque me senti trocada por um cachorro, mas meus pensamentos são interrompidos por Sofi quando ela diz: — Mila, você vai ficar bem se eu não puder tomar conta de você?
— Pode deixar — Normani diz sorrindo. — Eu prometo que cuido dela.
Sofia olhou desconfiada para Mani.
— Mas você vai deixar ela ler uma história pra você antes de dormir? — perguntou Sofi e Mani confirmou com a cabeça. — E depois você vai fazer carinho nela quando ela dormir antes de você?
O bico que surgira em meus lábios foi totalmente involuntário.
— Sofi! — falei. — Foi só uma vez!
Normani me reprendeu com cara de "sério, Camila?" e depois, olhou para Sofi e prometeu que iria cuidar bem de mim em sua ausência.
Sofi ainda me pediu para que fossemos ao parque, entretanto, antes de eu responder, meu pai avisou que tínhamos que ir fazer a matrícula na faculdade.
POV Lauren Jauregui
Todo semestre era a mesma coisa. Ir até a faculdade, se recadastrar na monitoria e ouvir reclamação atrás de reclamação daqueles filhinhos de papai que acabavam de entrar na faculdade. E esse ano não seria diferente.
Eu trabalhava como monitora da faculdade desde o meu segundo semestre do curso de Medicina. Deixe-me dizer o que uma monitora deveria fazer: instruir os alunos nos primeiros meses de aula, dar informações sobre o campus, ajudar em trabalhos, etc. Agora, o que eu realmente faço: lido com um bando de riquinhos que toda hora tem algo para reclamar da faculdade. E vocês não sabem do melhor: agora a faculdade entrou com um novo "método de ensino" onde a monitoria se comunica com os calouros na forma de um chat. Então tecnicamente eu vou ter que aguentar aquele bando de filhinhos de papai reclamando o tempo inteiro até pelo celular – já que a faculdade teve a brilhante ideia de lançar um aplicativo para tal. E o pior: não vou nem saber quem eu vou estar xingando, porque a porcaria do chat é anônimo e você pode colocar o nome que quiser como usuário.
Eu já estava na faculdade, já havia solicitado o recadastramento da monitoria e estava apenas aguardando a senha sair. O nome de usuário que eu havia escolhido fora "greeneyes". Eu sei, sou muito criativa, obrigada.
Enquanto aguardava a liberação da senha, me encaminhei até a biblioteca e comecei a ver alguns livros. A maioria eu já conhecia, afinal, eu conhecia aquela biblioteca de cima à baixo, mas todo semestre chegavam alguns livros novos, seja didáticos, seja de literatura (graças ao pessoal que fazia Letras). Estava passando por um dos corredores extensos da biblioteca e encontrei um livro interessante que, sinceramente, não consigo me lembrar agora, porque assim que o retirei da estante, um par de olhos castanhos me encarou. Assustei-me de início, e a dona daqueles olhos também, mas permanecemos nos encarando. Não sei por quanto tempo ficamos nos encarando, mas o contato foi cortado assim que Mary, a responsável pela recepção, gritou meu nome. Por instinto, olhei para Mary, e quando retomei o olhar para onde aqueles olhos castanhos estavam, ela já não estava lá.
Tentei dar a volta e procurá-la no corredor ao lado, mas no meio do caminho, esbarrei em uma pessoa.
Xinguei mentalmente quem quer que fosse o mimadinho com quem eu havia esbarrado, mas quando olhei para o rosto da pessoa, minha expressão se suavizou.
— Ow, ow, calma aí, Jauregui — Keaton disse. — Onde é que tá indo com tanta pressa?
— Keaton! — exclamei, pulando em cima dele e beijando seus lábios. Qualquer coisa para tentar fazê-lo esquecer a pergunta anterior e tirar da minha mente aquela garota dos olhos castanhos. Afinal, por que eu estava pensando nela ainda mesmo? Apesar de também gostar de garotas, eu estava com Keaton há dois anos. Tínhamos um bom relacionamento, ele conhecia minha família e até vivia dormindo lá em casa. Assim que nossos lábios se desgrudaram, conversamos mais um pouco e, então, Keaton me deu uma carona para casa. Eu estava decidida a conversar com Taylor assim que chegasse. Não poderia começar as minhas aulas perdendo essa oportunidade, já que durante as aulas eu dormia em um alojamento para bolsistas. Era um quarto dividido entre uma de minhas amigas, Alexa, e eu. Mas quando cheguei em casa, Taylor não estava. E quando questionei minha mãe a respeito dela, ela me disse que ela não estaria em casa por todo o final de semana, já que tinha ido acampar com os pais de Logan. Logan "Lesma" Lerman era o melhor amigo de Taylor. Um garoto quieto, nerd e que ainda deixava a mãe escolher as suas roupas. Andava pra lá e pra cá com sua inseparável bombinha de asma, o que me fez pensar seriamente em como ele sobreviveria à um acampamento. Mas apesar de tudo, eu ficava tranquila quando ele estava com a Taylor, porque ele a protegia – e muito disso dava-se ao fato de ele estar loucamente apaixonado por ela (fato que ela não percebia, claro).
Frustrada, subi as escadas e fui tomar um banho.
Quando saí do banheiro, me joguei na cama. Estava quase pegando no sono quando senti meu celular vibrar ao meu lado. O peguei a muito contragosto e olhei para o visor. Era o aplicativo de chat da faculdade. Malditos mimadinhos! Mal começaram as aulas, pensei.
Mas assim que abri o aplicativo, minha raiva se esvaiu, dando lugar à um sorriso. Quem colocaria um nome desses no usuário de uma faculdade?
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All or Nothing
Romance[CONCLUÍDA] Lauren é veterana do curso de medicina de uma faculdade conceituada, que faz tudo para manter suas notas mais altas possível para manter sua bolsa de estudos, enquanto Camila acaba de iniciar seu primeiro ano, com uma faculdade sendo tot...