26 - Massagem

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POV Lauren Jauregui

Acordei com a minha cabeça latejando. Era aquela maldita ressaca, toda de novo. E novamente, quando abri os olhos, encarei um quarto que já estava se tornando conhecido por mim. Passei a mão delicadamente pelo lado da cama e constatei que estava sozinha. Bufei. Eu queria que ela tivesse ali, na verdade. Levantei-me da cama a muito contragosto e me observei no espelho do quarto de Camila. Eu estava com um pijama todo rosa. Fiz uma careta para mim mesma no espelho, e em seguida, respirei fundo. Ela tinha me trocado de novo.

Ótimo, Lauren. Agora ela acha que a tutora de Anatomia dela é uma alcoólatra.

Tentei lembrar-me do que tinha acontecido no dia anterior, mas tudo vinha em fragmentos. O bar. Os olhos dela cheios de preocupação e reprovação quando me encontrou ali. A mensagem de lovespizza. O elevador... Tinha alguém mais me carregando além dela? Eu não tinha ideia.

Encaminhei-me para a sala me arrastando. Camila não estava de costas dessa vez. Ela estava encostada no balcão que dividia a sala com a cozinha e me encarava com um olhar reprovador. Tinha uma xícara com algo quente em mãos. Provavelmente café.

— Bom dia, Lauren — ela disse, com as sobrancelhas levantadas.

— Camz... — cumprimentei. — A gente...

— Não, a gente não fez nada ontem a noite. — Ela colocou a xícara no balcão e cruzou os braços abaixo dos peitos. — Você estava bêbada e... dormiu, antes que algo se concretizasse.

— O que teria para ser concretizado?

— Nada.

Cocei minha nuca. O jeito seco de ela me responder estava me incomodando seriamente.

— Bem... Eu...

— Tem que ir — ela me cortou novamente, virando-se de costas para mim. — Pode ir pela porta da frente dessa vez.

Respirei fundo. Aquela cena toda já tinha virado rotina?

Fiquei em silêncio por alguns segundos, apenas a observando. Ela mexeu o pescoço e eu ouvi um estralo sair dali. Em seguida, pôs a mão nele e começou a massageá-lo.

— Camz — chamei, ela virou o corpo inteiro para me encarar, já que virar só o pescoço não conseguia. Encarou-me com um olhar de "você ainda tá aí?" e levantou uma das sobrancelhas. — Onde você dormiu?

— Na cama da minha irmã — ela respondeu, virando-se de costas.

Andei até ela e me pus logo atrás de seu corpo.

— Aquela cama não é minúscula para alguém como você? — perguntei, próximo ao seu ouvido. Encarei os pelos da nuca dela se arrepiarem e sorri internamente. Ela podia tentar ser dura o quanto quisesse, mas seu corpo a entregava completamente.

— Sim — ela respondeu, somente.

— Camz... — chamei, e ela tentou virar apenas o pescoço para me encarar, mas não conseguiu, e com isso, exclamou de dor. — Você está com alguma dor muscular?

Ela respirou fundo, e com isso, fez com que seu corpo entrasse em contato com o meu.

— Sim — respondeu. Então, virou seu corpo e ficou de frente para mim.

— Eu posso te oferecer uma massagem, mas terá que confiar em mim — sugeri a ela.

Eu sabia muito bem que a dor nas costas não vinha apenas da noite dormida na cama da irmã mais nova, mas também de uma noite mal dormida. As olheiras embaixo dos olhos dela a condenavam totalmente. Ela estava tensa, e eu sabia que eu era a culpada por isso. Provavelmente eu tinha trazido tantas dúvidas, tantas perguntas sem resposta à ela.

— Tenho que confiar em você? Pra receber uma massagem? — ela perguntou desconfiada. E foi aí que eu percebi que ela já tinha amolecido.

— Sim — falei enquanto a puxava pela mão até o seu quarto. Ela me acompanhou sem dizer mais nada. Assim que cheguei no quarto, me direcionei ao interruptor. — Eu vou apagar as luzes, e deixar apenas este abajur aceso — continuei enquanto acendia o mesmo.

— Tem certeza que é apenas uma massagem? — ela perguntou levantando a sobrancelha.

— Sim, e é por isso que terá de confiar em mim — falei me virando de costas. — Você terá que tirar sua camisa e deitar de bruços na cama.

Eu não podia ver Camila, mas sabia que ela estava corada.

— Mas... mas... p-por... — Camila começou meio sem jeito.

— Não, não, aí é que está! Você terá que confiar em mim, quando digo que é apenas uma massagem.

— Não precisa, eu nem estou com tanta dor — ela disse. Virei-me e a vi passando as mãos pelos ombros e os apertando. Uma careta passou por seu rosto e um gemido baixo saiu de sua boca. Eu sorri.

— Qual é Camz, não confia em mim?

— Eu... eu... con-confio, Lauren.

— Terá que provar isso. Me deixe dar um jeito, afinal, você dormiu lá por minha causa. — Fiz um biquinho e ela sorriu timidamente. Ela já tinha amolecido mesmo. Virei de costas para ela novamente. — E não se preocupe, eu tenho um grande autocontrole, Camz.

Aguardei até que ela me desse algum sinal de que estava da forma que pedi. Me virei e pude ver Camila deitada de bruços, sem a camisa ou o sutiã. Sorri para ela enquanto ela quase se sufocava enfiando a cara no travesseiro com vergonha. A encarei mais um pouco, sem saber o que falar. Estava perplexa com aquele corpo. Aquelas curvas... Jesus, que bunda era aquela?

— Nossa — soltei. Continuei observando, até que fui interrompida por Camila:

— Lauren, não dificulta — ela falou toda envergonhada.

Eu sorri e fui em direção do som. Eu tinha um CD guardado no bolso da minha jaqueta. Pretendia dar de presente para lovespizza quando a encontrasse. Era um CD com as minhas músicas preferidas. Coloquei-o dentro do aparelho que Camz tinha no quarto e a primeira faixa começou a tocar. Era "Wait For Me", da banda Theory of a Deadman, uma de minhas bandas favoritas. Suas músicas me traziam paz, de alguma forma. Caminhei em direção de Camila. Subi na cama e sentei sobre sua bunda, para ter fácil acesso as suas costas.

— Posso começar, minha senhora? — perguntei em tom formal, com as mãos quentes sobre suas costas.

— Deve — Camila disse rindo.

— A vossa senhoria deseja algo especial? — perguntei enquanto deslizava as mãos sobre suas costas.

— Me surpreenda, Lauren! — ela disse em tom sugestivo.

Direcionei minhas mãos ao seu pescoço e comecei a massagear. Pude ouvir Camila gemendo de dor. Continuei na massagem tradicional por um tempo, mas Camila não relaxava de forma alguma. Então me lembrei de Camila dizendo "me surpreenda Lauren".

Deslizei minhas mãos de seu pescoço até sua cintura arranhando carinhosamente. Apoiei minhas mãos na cama para que eu tivesse equilíbrio.

Levei minha boca até as costas de Camila, e as beijei. Continuei traçando o mesmo caminho da massagem. Alternava entre beijos e minha respiração em sua pele. Sentia seu cheiro. Camila estava começando a relaxar, e podia jurar que estava quase a dormir. Até que comecei a passar a língua por seu corpo. Senti o corpo dela dar uma pequena estremecida. Continuei a massagem, dessa vez com as mãos também. Distribuía beijos pelo caminho que minha língua percorria. E minhas mãos acariciavam seu corpo o apertando em pontos estratégicos para aliviar a dor. Camila parecia estar totalmente vulnerável; entregue. Mas ainda conseguia ver seu rosto completamente vermelho.

Aproximei-me em um caminho de beijos até seu pescoço, e sussurrei em sua orelha:

— Deseja mais alguma coisa, minha senhora?

Camila, como quem acordou de um transe, chacoalhou a cabeça negativamente e levantou-se, quase me derrubando da cama e puxando rapidamente sua blusa para cobrir seus seios.

— E-e-eu v-ou... PRECISO DE UM BANHO GELADO! — falou, correndo para o banheiro.

Joguei-me na cama e não conseguia parar de rir.

— Uma hora terá que sair daí, Camz!

All or NothingOnde histórias criam vida. Descubra agora