All or Nothing

42 - The Reason

POV Camila Cabello

Assim que pisei o pé fora da Bubu, senti as lágrimas chegarem desesperadamente. Atravessei a calçada praticamente me arrastando, querendo a todo custo dar a volta e dizer à Lauren que tudo aquilo não passou de uma brincadeira de mau gosto, mas quando vi, já estava entrando no banco carona de uma Mercedes Benz preta.

Assim que sentei, senti o peso enorme do que eu tinha feito me atingir. Era a segunda vez que eu decepcionava Lauren desde que eu a conhecia, e não havia sensação pior do que aquela. As lágrimas não paravam de descer e eu não parava de me sentir uma imbecil insensível por ter dito tais palavras à ela. Então, senti uma mão sobre minha perna.

— Você fez o certo, filha — ouvi aquela voz grave dizer. Olhei para cima e encarei o olhar orgulhoso do meu pai. Tive vontade de socá-lo e fugir com Lauren, porque era só olhar para ele que eu lembrava-me do dia anterior. Afastei minha perna bruscamente da mão dele e encarei o vidro do carro.

Eu tinha acabado de deixar Lauren na Bubu para o ensaio e estava partindo para minha casa. Assim que cheguei ao meu apartamento, me joguei no sofá, pensando em como os dias anteriores tinham sido perfeitos.

Levei minha mão até a minha boca e ali toquei. Ainda conseguia sentir os lábios dela colados aos meus. O gosto deles ainda estava ali.

Suspirei.

— Ela disse que me ama — falei comigo mesma. — ELA DISSE QUE ME AMA! — dessa vez gritei, pegando uma das almofadas e levantando-a no alto, e depois, trazendo-a para perto e abraçando-a com força.

— Quem foi que disse o quê? — ouvi a voz de Normani soar pela porta que dividia nossos apartamentos e me virei para ela, sorrindo de orelha à orelha.

— Lauren! — exclamei, sentando-me no sofá. — A Lauren disse que me ama!

Olhei para Normani e sorri, entretanto, ao ouvir a menção do nome de Lauren, o sorriso de Normani murchou completamente. Tinha alguma coisa errada...

— Não gosto dela — ela disse, cruzando os braços e fazendo uma carranca.

— E por que não? — perguntei, sem entender. Afinal, Lauren nunca tinha feito mal à ela. Provavelmente nunca sequer tinha direcionado a palavra à Normani.

— Mila, ela não é pra você, sério — ela disse, vindo sentar-se ao meu lado. — Sai dessa. Eu te ajudo a arrumarmos uns gatinhos em uma festa da faculdade. O que acha? — Ela sorriu.

É sério que ela achava que falar sobre alguns "gatinhos" em uma festa de faculdade iria me fazer desistir de Lauren?

— Eu a amo, Manibear — eu disse, ainda sem tirar o sorriso do rosto.

— Ela beijou outra, Mila! — Normani exclamou.

De repente, meu sorriso murchou. A angústia de ter sido "traída" sem nem ao menos ter algo sério com Lauren me atingiu.

— Quem ela beijou? — perguntei, encarando minha amiga nos olhos.

— E eu lá sei o nome daquela menina? — ela perguntou, levantando as sobrancelhas. — Só sei que ela toca lá na Bubu.

— Jennel? Uma com os cabelos cacheados e uma mecha loira? — perguntei, levantando uma das sobrancelhas. — Porque se for a Jennel, ela é casada.

— Não, tenho certeza que não é essa tal de Jennel. É uma outra, com os cabelos castanhos... Ela sempre que vai tocar tem alguns desenhos no rosto, uma marca de leopardo, eu acho. Tem um nome que parece infantil... Mimi, Lele, Titi...