50 - We Have To Talk

5.3K 340 34
                                    

POV Camila Cabello

Terminei a música e fechei os olhos com força, sentindo as lágrimas virem com mais força que nunca. Abri-os e encarei a plateia, que batia palma e gritava. Coloquei o violão de lado e vi que Lauren estava para sair dali. Peguei o microfone.

— Lauren! — chamei-a e o som ecoou no ambiente inteiro. Ela parou de andar. Imediatamente, todos da plateia se viraram para ela. Ela me encarou com os lábios comprimidos. Pelo canto do olho, pude ver que Nicole estava ali. Ela sabia que eu tinha chegado aquele dia e desde então estava me ajudando a bolar um plano para que tudo saísse perfeito. Ela afirmou com a cabeça, para que eu continuasse.

Larguei o microfone, o que fez um som abafado surgir no local e desci do palco, começando a andar na direção dela. As pessoas abriram passagem, talvez um tanto curiosas com o desfecho daquilo.

A cada passo que eu dava, eu me sentia mais confiante do que eu estava fazendo e do que eu deveria fazer. Eu havia falado sério no dia em que havia levado as flores para ela. Eu nunca iria desistir de nós.

Assim que cheguei perto o suficiente dela, parei. Ela me encarava com os olhos marejados. Eles estavam mais verdes que nunca. E eu decidi que eles nunca estiveram mais bonitos do que naquele dia.

— Camila... — ela começou a falar, mas as lágrimas chegaram com muita força. Aproximei-me dela, e quando fiz menção de abraçá-la, ela me empurrou pelos ombros. Entretanto, não me afastei. Eu já tinha levado um tapa na cara dela e fugido. Eu não seria covarde dessa forma novamente.

— Lauren... — tentei falar, mas ela me interrompeu, partindo pra cima de mim.

— Você... — ela gaguejou e começou a dar socos nos meus ombros. — Por que... — Ela fez uma pausa, chorando com mais força. Segurei seus pulsos com força. Ela ainda lutou. — Me larga! — ela gritou, e começou a se debater nos meus braços. Eu segurei-a com mais força, e quando ela fez menção de largar seus pulsos dos meus, aproximei meus lábios dos dela e a beijei.

De início, Lauren resistiu, comprimindo seus lábios uns contra os outros e ainda se debatendo contra meu corpo. Eu não me deixei levar pelas suas agressões. Eu sabia que ela sentia a minha falta tanto quanto eu sentia falta dela.

Aos poucos ela foi parando de se debater, e os lábios dela amoleceram um pouco. Tudo começou com um selinho demorado. Seus lábios macios em contato com os meus, mesmo sendo apenas um contato até infantil, fizeram com que meu coração acelerasse de forma que já estava desacostumado. Respirei fundo e mordi o lábio inferior dela com delicadeza. Ela logo deu passagem para que eu tornasse aquele beijo um pouco mais íntimo.

Enlacei sua língua na minha e senti meu coração parar por alguns instantes. Deus, como eu tinha sentido falta dos lábios de Lauren todo aquele tempo.

Ela se deixou levar por alguns segundos, mas logo pareceu retomar a consciência e soltou seus lábios dos meus lábios, me encarando, ainda com as lágrimas saindo desesperadamente dos seus olhos.

— Não! — ela exclamou, remexendo um pouco as mãos que ainda estavam presas nas minhas. — Você não pode... — Ela fez uma pausa. — Você não pode achar que vai aparecer aqui dois anos depois, cantar uma música pra mim e achar que tudo está resolvido entre nós, Camila, porque não está! Não é assi–

Ela ia continuar, mas antes que pudesse, voltei com meus lábios nos seus. Dessa vez, ela não resistiu. Na verdade, nesse beijo, quem havia tomado a dianteira tinha sido ela. Ela fez menção de soltar sua mão das minhas, mas ainda assim não parou de me beijar. Em um ato de pura fé, eu soltei as mãos dela com calma e esperei que ela me empurrasse pelos ombros e saísse correndo. Entretanto, ela levou os braços ao redor do meu pescoço e me puxou para si, ainda sem desgrudar a boca da minha. Inevitavelmente, sorri entre o beijo e enlacei sua cintura com minhas mãos, puxando-a para cima e levantando-a do chão. Ela sorriu entre o beijo e me apertou com mais força.

Soltei meus lábios dos seus e contornei sua mandíbula com meu nariz, descendo até seu pescoço. Como eu havia sentido falta daquele perfume...

— Eu amo você — sussurrei em seu ouvido e senti o abraço de Lauren se tornar mais forte com a minha fala.

— E eu acho que a gente precisa conversar — ela disse de volta.

Eu me separei do seu corpo e encarei aqueles olhos verdes. Concordei com a cabeça e segurei sua mão, fazendo menção para puxá-la para fora da boate. Quando fui puxar Lauren, entretanto, ela segurou minha mão com força e me puxou de volta. Meu corpo entrou em contato com o seu e ela me beijou. Sorri entre o beijo e deixei me levar pela língua dela se entrelaçando na minha. Eu nunca iria cansar de beijar Lauren. Separamo-nos com um selinho demorado e colei minha testa na dela. Um sorriso totalmente bobo surgiu em meus lábios.

— Eu também amo você — Lauren sussurrou. E ouvir aquilo depois de tanto tempo fez com que meu coração acelerasse igual à um de uma adolescente de treze anos. — Posso te fazer uma pergunta?

— Faça — respondi à ela.

— Como você sabia? — ela perguntou, e quanto viu a expressão confusa que eu fiz, não tardou a explicar: — Que eu era GreenEyes...

— Ah — ela pegou-me de surpresa. — Eu acho que quando você fica sozinha por muito tempo você tem espaço pra usar a cabeça e enxergar o que sempre esteve à sua frente.

— Concordo — ela disse e nos encaramos em silêncio.

— Precisamos conversar — lembrei.

— Só um instante — ela retrucou e se virou na direção de Nicole, que estava fingindo que dava em cima de Ashley, minha colega de quarto na escola de música. Só que diferente de mim, ela, na verdade, havia se formado em Artes Cênicas.

Lauren se aproximou de Nicole e a mesma quando percebeu a aproximação, começou a dar passos para trás, a fim de fugir. Lauren mantinha uma expressão cheia de ódio na direção dela, e eu estava me segurando para não cair na gargalhada da expressão apavorada de Nicole. Ela foi dando passos para trás, até que atingiu uma das pilastras do local e não teve mais escapatória. O olhar de Lauren permanecia impassível, cheio de raiva. Sua expressão era séria.

Nicole fechou os olhos, pronta para receber o impacto do que ela esperava ser um soco no rosto.

Mas ao contrário do que ela pensava, a expressão de Lauren se suavizou e ela a abraçou com força. Então me permiti sorrir.

Ash veio para o meu lado e encarou Lauren abraçando Nicole enquanto Nic fazia uma expressão de confusão completa, depois dava os ombros e a abraçava de volta.

— O pessoal aqui no Brasil é sempre meio louco assim? — ela perguntou à mim, com um português muito do ruim. Eu tinha até tentado ensinar português à Ashley, mas não tinha dado nada certo.

— Você não imagina o quanto — respondi à ela, vendo-a levar um dos drinks dela à boca e bebê-lo.

Voltei-me para Lauren e a vi sorrir para Nic, que sorriu de volta, ainda com uma expressão confusa pelo abraço inesperado.

Lauren veio até mim e segurou minha mão, eu me despedi de Ash e comecei a puxá-la para fora da boate. Nós tínhamos muito sobre o que conversar.

All or NothingOnde histórias criam vida. Descubra agora