13 [Catedral de Notre-Dame]

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“4 de maio de 1928

Querida Tina,

Me tranquiliza ao menos um pouco saber que esteja bem.

Acompanhei Queenie até a padaria nesses últimos dias, Jacob continua levando ela para sair e é ótimo os dois  estarem se divertindo.

Descobri o que estava deixando Aika, a farolsutil filhote que me picou, agitada. Era um espinho que  estava na boca de uma de suas cabeças, acabava dificultando ela de se alimentar e a deixava com um mau humor.

Francis está sentindo sua falta, assim como eu.

Afetuosamente,

Newt Scamander”

Ele sorriu para o papel e entregou para a coruja junto com o envelope de Queenie. Observou ela desaparecer no horizonte e ficou mais alguns minutos olhando a silhueta dos prédios.

Parecia extremamente anormal a ausência de Tina. O tráfego de carros continuava agitado, as fábricas continuavam a soltar fumaça pelas chaminés e as pessoas continuavam a andar apressadamente. Tudo continuava igual, mas nunca aquela cidade de concreto e indústrias pareceu tão diferente aos olhos de Newt.

Ele achou um tanto egoísta citar o beijo, ela estaria ocupada com as investigações e ele não queria que a carta se tornasse um incômodo. Mesmo se tomasse audácia suficiente, não saberia o que escrever.

Ele não soube muito bem o motivo de que ao ler que Percival Graves estava vivo sentiu um nó na garganta. Não que desejasse qualquer mal a ele, longe disso, mas em sua primeira vez em Nova York se lembrava muito bem dele chamando Tina ao invés de Goldstein, como todos os outros no MACUSA. Também não perguntou nada pelas cartas enquanto esteve em Londres sobre como era a relação dela com Graves, ela não escreveu nada sobre Leta e não seria o magizoologista a remexer na vida de Tina.

Os pensamentos voltados para a auror foram interrompidos por uma exclamação de Pickett. Após a partida de Tina, o tronquilho voltou a ficar junto ao casaco do Scamander, estava sentindo falta da morena.

Newt elevou a mão até a altura do rosto, podendo ver melhor o pequenino animal verde e seus bracinhos cruzados.

— Não sei quanto tempo ela vai ficar fora. — Newt respondeu os ruídos do tronquilho. — Eu sei, eu sei. Mas também não é motivo para ficar grudado comigo.

O tronquilho mostrou a língua e Newt deu um sorriso.

— Você nunca toma jeito, não é?

Ele colocou Pickett sobre o ombro e voltou para o interior da maleta. A tarefa diária de preparar a primeira refeição dos animais foi feita.

Ele passou o resto do dia dentro da maleta, ficando desatento e absorto quando pensava em Tina.

Newt saiu apenas quando deu conta que era hora de Queenie chegar. A loira estava na cozinha de costas para o magizoologista e continuou a preparar a refeição.

— Teenie, será que você pode pegar logo esses... — ela se virou e piscou um pouco quando viu Newt. — Oh, é você, Newt... — ela deu um sorriso um pouco tristonho, gesticulando com as mãos no ar. — É claro que é você. O jantar está quase pronto.

Ele se aproximou enquanto ela fitava as paredes com o olhar distante.

— Está tudo bem? — ele perguntou, observando os pratos serem colocados na mesa.

A loira sentiu um formigamento no peito, a sensação incômoda que aparecia quando ela não tinha outra coisa para focar sem ser os próprios pensamentos, jogavam a realidade de Tina estar na Europa bem na cara dela.

Como prometi, voltei [Newtina]Onde histórias criam vida. Descubra agora