15 [O famoso herói de guerra]

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Tina abriu os olhos e sentiu sua cabeça pesar. Ela descobriu, pelo branco em todo o cômodo, que estava num hospital. Sua visão periférica captou outra coisa que não era uma cortina branca.

A primeira coisa que reparou foi no corte recente que havia no rosto do homem na sua frente, lhe parecia um tanto profundo e causava certa aflição.

Ele possuía cabelos escuros, uma barba mais clara — que tinham até um tom acobreado muito menos evidente comparado aos cabelos de Newt —, porém não desleixada, sardas se espalham-se por suas bochechas e nariz, cicatrizes marcavam o rosto dele; a maior que Tina conseguiu ver vinha da sobrancelha direita até o lóbulo da orelha.

— Srta. Goldstein. — disse ele. — Sou Theseus Scamander, chefe dos aurores do ministério da magia britânico, gostaria de ter uma conversa.

O fato de Theseus ser irmão de Newt era inegável, havia muitas semelhanças. Porém os cabelos de Theseus – apesar das ondulações de uma mecha ou outra – seguem um corte, seus olhos não arregalavam de forma alarmante e curiosa como os do Scamander mais novo quando estava em um lugar que não era familiarizado, as sardas eram muito menos numerosas, ele é mais baixo, o tronco e ombros mais largos, a pele não tinha o bronzeado decorrente de travessias pelos desertos, a postura dele era ereta, erguia levemente o queixo e sua linguagem corporal parecia calma. Theseus exalava confiança e orgulho próprio.

— Eu conheço você. — ela passou as mãos pelo cabelo, tentando resgatar o máximo de dignidade que se podia ter usando um pijama de hospital.

Theseus reprimiu um sorriso. Quem não conhecia o famoso herói de guerra e orgulho da família Scamander? Ele ser chefe do departamento não surpreendeu Tina, Newt já havia contado por cartas que o irmão conseguiu o cargo alguns meses após a prisão de Grindelwald. Provavelmente o antigo chefe achou ser uma boa hora para se aposentar.

— Na verdade, conheço seu irmão. — ela corrigiu e esfregou os olhos, tentando afastar a sonolência. — Newton Scamander.

Ele se apoderou da cadeira que estava ao lado da cama e sentou, um meio sorriso nos lábios ao se divertir com a menção do nome.

— Eu também não a conheço, mas conheço irmão. — ele cruzou os braços e desfez de uma vez a postura de auror ao se reclinar para trás. — Veja só que coincidência.

Piadista. Ela se recordou de Newt falando sobre o mais velho e levantou um pouco as sobrancelhas. “O que está acontecendo aqui?"

— Disse que queria conversar. — ela lembrou. — Qual o assunto?

— Sobre ontem.

— Sim, claro. — ela assentiu, guardando a surpresa de ter ficado inconsciente por tanto tempo para si mesma. — Bem, obrigada por não mandar os seus aurores me atacarem.

— De nada. — a seriedade voltou ao rosto dele. — Enfim, estou aqui porque acho que carregamos a mesma opinião sobre o obscurus. Quando Newton voltou para o ministério, depois de Nova York, me contou que ele poderia estar vivo e disse que por ser adulto a magi... — ele parou com a expressão confusa de Tina acentuando-se a cada palavra.

— Newt sabia que Credence estava vivo? — ela esticou um pouco o pescoço ao indagar.

— Não tinha certeza, certeza absoluta. — ele enfatizou a última palavra. — Mas viu uma parte pequena ir embora. Continuando — ele prosseguiu sem dar brecha para novas perguntas — agora sabemos que ele estava certo. Newt me contou que pelo hospedeiro ser adulto a magia dele se tornou muito poderosa e instável, sendo assim acho que não é eficaz tentar mata-lo, vocês teriam conseguido em Nova York se fosse. O obscurus está aqui, Grindelwald também está; isso é garantido. Do meu ponto de vista deveríamos ficar com ele, certificando que Grindelwald não vá mas causar grandes destruições, pelo menos não de uma só vez. Aposto que ele vai vir atrás do rapaz e podemos, com sorte, ter a chance de prende-lo.

Como prometi, voltei [Newtina]Onde histórias criam vida. Descubra agora