Capitulo 4 - parte III

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YEYEYEY triplo update. UAU estou mesmo entusiasmada com isto. Se não gostarem avisem, e se gostarem partilhem pff 

xxxx ;) 

Sof xx

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- Desculpe, senhor Padre, mas não tenho tempo.

 - Já tinha calculado. Olhou para o relógio uma dezena de vezes, pelo menos.

Nesse momento conclui que tinha sido completamente indelicada e fui dominada pela necessidade irresistível de me justificar.

- Não é só hoje. Em geral, nunca tenho tempo. Quero dizer, esse texto podia ter sido escrito para mim… “um lugar onde o tempo não terá significado… um segundo parecerá uma eternidade”.

- Não compreendo – o padre sorriu, arqueando as sobrancelhas.

Eu não senti à vontade de estar ali daquela maneira, a abrir por completo o coração a um perfeito estranho, mas ele estava a induzir-me a isso e eu sentia-me demasiado cansada para resistir.

- Quando era criança, estive quase a morrer, e tenho este tipo de obsessão, tudo relacionado com… o tempo a esgotar-se.

Ele cerrou os lábios.

- Porque é que uma coisa dessa preocupa uma pessoa tão jovem?

 - Bom… há tantas coisas que quero fazer e não sei se terei tempo para todas elas.

 - Antes de quê?

“Antes de morrer á claro”. Mas não disse isso, limitando-me a ficar sentada no banco duro, sem parar de me mexer e a tamborilar no mostrador do relógio.

- Quer o meu conselho?

Não queria, mas acenei-lhe afirmativamente com a cabeça, de qualquer maneira. Já estava a pressentir o sermão.

- Tente aceitar que nunca existe tempo suficiente… para nenhum de nós… por isso, utilize o melhor possível aquele que tem. Todos vivemos um tempo que pedimos emprestado… que pedimos a Ele próprio.

- Tempo emprestado – repeti inexpressivamente.

 - Porque a vida que agora vivemos não é o filme propriamente dito… é apenas um trailer.

O padre perscrutou a minha cara com uma atenção que me fez sentir pouco à vontade.

- O seu irmão veio alguma vez a esta igreja? – Perguntou ele inesperadamente.

 - Não sei, senhor Padre. Porquê?

Ele franziu o sobrolho.

 - Há pouco tempo, um jovem andou a ver a estátua de São Pedro; ela pareceu deixá-lo bastante impressionado.

- Mas… o que o leva a pensar que se tratava de Harry?

- Só agora me ocorreu isto, mas… as vossas feições são notoriamente semelhantes.

Senti um calafrio na espinha. Harry tinha estado ali. Eu continuava a seguir-lhe os passos: o apartamento, a torre do relógio e, agora, aquela igreja.

 - Falou com ele? – Perguntei.

O padre abanou a cabeça.

 - Não me aproximei dele, pensando que desejava um tempo de contemplação sozinho.

Ergui-me do banco e aproximei-me da estátua, com os passos a ecoarem no espaço cavernosos. Queria estar no mesmo ponto onde Harry estivera, e fitei a estátua de São Pedro à espera de uma inspiração.

O padre veio atrás de mim.

- O seu irmão está com algum problema?

Soltei uma gargalhada artificial, desejando saber a resposta.

- Tudo isto pode não passar de um jogo estúpido. O Harry anda desaparecido. Deixou algumas pistas para serem seguidas e uma chave que aparentemente não serve em nenhuma fechadura.

O padre voltou a sorrir.

- Então vamos esperar que ela tenha o mesmo fim que o das chaves entregues ao próprio São Pedro no evangelho… as chaves do reino dos céus.

O meu sorriso de resposta foi absolutamente constrangido. Andava há muito tempo a escapar à dieta da minha mãe de me impor a religião à força e, naquele momento, parecia estar novamente a ser arrastada para o mesmo. Mais, a ideia de me permitirem aceder ao reino dos céus era simplesmente demasiado embaraçosa para a exprimir por palavras. Murmurei por entre dentes um obrigado pouco efusivo e ele estendeu-me a mão para a apertar, mas eu limitei-me a roçar-lhe na ponta dos dedos como se tivessem qualquer coisa de sórdido. Tudo aquilo se tinha tornado pessoal demais para o meu gosto. Encaminhei-me para a porta.

- Adeus, Catherine.

A voz dele fez-me estacar de repente. Virei-me, com as sapatilhas a fazerem um som estridente no chão de madeira.

- Como é que sabe?

Ele apontou para o pescoço. Eu trazia um fio de ouro ao pescoço onde estava suspensa a letra C, um presente do meu pai. Costumava andar escondida, mas devia ter deslizado para fora da T-shirt.

 - Ninguém me chama assim- disse eu. – Uso o nome do meio, Jessy. E como adivinhou que era Catherine?

Ele sorriu.

- Foi uma inspiração. Eu já tinha calculado que a sua mãe lhe teria dado o nome de uma santa. Fez o sinal da cruz ao entra na igreja e ajoelhou-se perante o altar.

- É apenas o hábito…

Enquanto me debatia com a porta pesada, consegui detetar uma ligeira presunção, quando ele me gritou:

 - Mesmo assim, Catherine. Bem-vinda de volta. 

Não olhes para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora