Capitulo 10 - parte I

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Aqui está mais um capitulo. Espero que gostem. 

#Não sei quando vou publicar mais porque tenho testes para a semana de economia e português e preciso de estudar por isso assim que tiver um tempinho eu ponho mais. 

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Louis ofereceu-me uma boleia para casa que eu aceitei de má vontade. Deslizei para o banco da frente do carro dele, desanimada com a perspetiva de voltar a ver a minha mãe. Louis fez um esforço para me animar, mas eu não estava com disposição para conversas. De vez em quando, ele lançava-me uma olhadela rápida.

- Porque é que estás sempre a coçar o pescoço? – Perguntou.

Não tinha consciência de estar a fazê-lo, mas assim que ele me chamou à atenção, percebi porquê.

- Tive o pesadelo outra vez, aquele em que estou asfixiada e tenho a sensação de que vou morrer. Parecia muito real, o pior que já tive.

- É essa tensão toda à volta do Harry – sublinhou ele. – Vale a pena voltar a dizer-te para parares com isso?

A minha resposta consistiu em afundar-me ainda mais no banco. Louis não me chateou mais. Ele tinha demostrado o que sentia, mas eu também tinha feito o mesmo; a minha busca não ia terminar até encontrar o meu irmão. Ao chegarmos a minha casa, soltei um suspiro e abri a porta do carro bruscamente. Segui pelo caminho de entrada, tentando fintar as frestas entra as lajes como era meu costume. “Se não pisar uma fresta, o Harry irá viver feliz, e talvez a mãe e o pai não discutam mais. Talvez a mãe aprenda a gostar de mim outra vez.” Antes de ter tempo de meter a chave, a porta abriu-se. A minha mãe apareceu, a rebentar de expectativa, com os olhos cravados em mim.

Ergui as mãos, como se me fosse defender de um murro.

- Fiz alguns progressos, mas é capaz de demorar ainda um pouco mais.

A minha mãe ficou calada enquanto eu entrava, o que era sempre pior do que ouvi-la a ralhar comigo. Dirigi-me à sala de estar e sentei-me numa cadeira, inalando o aroma a limão de abrilhantador dos móveis. Como sempre, a sala estava imaculada, mal parecendo habitada, com as madeiras a brilhar como vidro. Pousei as mãos no colo, com a sensação de voltar aos cinco anos de idade e estar metida em sarilhos por um motivo qualquer. A minha mãe permaneceu de pé, à espera que eu falasse.

- Eu sei como tu estás preocupada com o Harry e… não te queria contar até ter a certeza, mas… acho que ele está a fazer outra vez o nosso jogo, mãe, aquele em que eu sigo os passos dele.

O rosto dela iluminou-se instantaneamente.

- Eu lembro-me de tu gostares muito desse jogo. O Harry foi sempre assim inteligente. E falta-te muito para o encontrares?

Por um momento fiquei sem palavras. A mãe reagia como se tudo aquilo fosse completamente normal. Examinei a cara dela mas parecia que a única coisa que lhe interessava era a minha resposta.

- Bom… o Louis tem andado a ajudar-me e soubemos por uma das vizinhas do Harry que ele arranjou emprego, só que ela não sabia onde. Nós pensamos que ele talvez esteja a trabalhar num sítio chamado Casa Benedict.

- Casa Benedict? – Repetiu ela.

- Conhece-la?

Ela cerrou os lábios e anuiu lentamente com a cabeça.       

- Os Benedicts eram uma das famílias católicas mais antigas na Grã-Bretanha.

- Ah, sim?

- Não sei ao certo se eles ainda vivem ali. Ouvi dizer que a família se dispersou ou se extinguiu até. Eles tinham feito um acordo qualquer com a igreja para tomar conta da propriedade.

- O que poderá Harry estar a fazer ali?

- Não faço ideia, realmente. A casa está infestada de mato e a desintegrar-se… como uma casa que o tempo esqueceu.

Fiz uma careta ao ouvir aquele cliché horroroso, sem saber se ele estava a tentar irritar-me, mas a minha mãe parecia estranhamente ausente. Perguntei a mim própria como podíamos ser tão diferentes. Eu era alta e delgada, com o cabelo escuro, e a pele clara; ela era muito mais baixa e forte com o cabelo louro tão cheio de eletricidade estática que parecia eriçar-se quando ela se zangava. Aparentemente, ela ficava zangada sempre que me via por perto e aquele dia não era exceção. Já me devia ter habituado, mas aquilo ainda me magoava.

 A boca dela endureceu.

- Vai lá e trá-lo para casa, Jessy.

Isto não era um pedido, era uma ordem. Ao lembrar-me das recentes conversas com Louis, senti o impulso de resolver as coisas de uma vez por todas. No entanto, não era fácil. Nunca tinha enfrentado a minha mãe, em relação a Harry, e o meu coração palpitava com violência. Aclarei a garganta e consegui aguentar o olhar dela sem vacilar, embora os meus olhos se dilatassem de nervosismo.

- Esta é a última vez que eu vou… fazer isto, mãe. Acho que o Harry precisa de ser mais autónomo e eu preciso… de certo modo… de ter a minha vida própria.

Não olhes para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora