Aqui está mais um capitulo. eu já avancei um pouco e vou conseguir publicar ainda mais um antes dos exames, mas depois tenho mesmo de fazer uma pausa para estudar. Espero que compreendam :)
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Era uma manhã perfeita do meio do verão, com nuvens grandes, fofas e brancas, o céu cor turquesa, e o calor ainda a despontar. Saí com uma margem de tempo considerável, sem saber quanto tempo demorava a ir de bicicleta até à Casa Benedict, mas com a certeza de que a irmã Catherine não ia gostar de me ver chegar atrasada. Era fantástico deslizar pelas estradas rurais cheias de curvas, ainda que a velocidade de alguns carros a passar implicasse que eu quase fosse parar à valeta mais do que uma vez. Era difícil tirar a noite anterior do pensamento. Pensar em Louis fazia-me sentir um nó na garganta que simplesmente não sai de lá.
Como podia eu tê-lo usado daquela maneira, e para aonde iriamos a partir daqui? Não tínhamos passado dos beijos, que tinham sido agradáveis e tranquilos, mas não me tinham deixado com o coração a palpitar. Tinha dormido melhor do que o costume, embora Louis tivesse gozado com o facto de eu falar a dormir e de lhe dar pontapés durante a noite. Tinha-me sabido bem acordar nos seus braços, mas, agora, ele pensava que nós tínhamos uma relação. Entretanto, a minha única distração neste dia era a perspetiva de andar às ordens de uma freira idosa que devia pensar que o lugar das mulheres era na cozinha. Mas eu tinha de encontrar Harry. Era nisso que eu precisava de me concentrar e em nada mais.
Tinham deixado os portões destrancados, mas estes eram difíceis de abrir. Pareciam mais pesados em cima, como se eu estivesse a fazer pressão contra uma força de resistência. Seria isso, ou eles não tinham vontade de me deixar entrar. Se calhar, isto fazia parte do teste dos catorze dias e eu já estava a falhar. Mas se a irmã Catherine pensava que eu ia desistir com esta facilidade, estava enganada. Recorri à tácita do encontrão com o ombro e consegui arranjar um espaço suficientemente largo para passar com a bicicleta. Mal tinha acabado de montar no selim quando os portões se fecharam nas minhas costas, como se as dobradiças estivessem carregadas de energia. Espreitei para a casa de gengibre à procura de uma explicação, quase à espera de ver uma bruxa sair de lá para me aliciar com a promessa de guloseimas.
“Controla-te, Jessy.”
Naquele dia, os grifos pareciam ter um ar distante, como se não se dignassem a olhar para mim. Numa atitude infantil, mandei-os à fava e comecei a pedalar. O caminho tinha muitos pedregulhos e, de vez em quando, um alto ou uma cova faziam-me saltar para a frente com a bicicleta, mas aprendi a contorná-los. Procurava com nervosismo algum sinal de movimento, mas não vi nem uma folha a mexer-se. A senhora de mármore parecia ter virado lentamente a cabeça, porque lhe via melhor a curva suave da face, mas acabei por concluir que devia ser da minha imaginação.
A irmã Catherine esperava por mim à entrada. Olhava fixamente em frente, mas não reagiu até eu me aproximar e os pneus derraparem nas pedras soltas.
- Estás dois minutos atrasada – observou ela com frieza.
Desmontei e estiquei o queixo, resolvida a não me deixar intimidar.
- Vou dizer-lhe quais são as suas obrigações, Jessy.
Os modos da irmã Catherine eram irritantemente tiranos e estive tentada a curvar bruscamente a cabeça numa reverência, mas estava ansiosa por ver o interior da casa. Segui-a pelas escadas e através da soleira da porta, com o molho de chaves que ela trazia à cintura a chocalhar, e as vestes pretas a ondular atrás como a vela de um navio pirata. O que me impressionou de imediato foram as proporções do interior; o átrio era gigantesco, com colunas em alvenaria que subiam até ao teto elevado, e uma escadaria apetrechada com um tapete vermelho e um corrimão de carvalho encerado. A primeira coisa que pensei foi que Harry iria adorá-lo. Era muito romântico, debilitado, mas opulento, e teria ido ao encontro do seu gosto pela decadência.
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Não olhes para trás
FanfictionDurante toda a sua vida Jessy foi atormentada por Harry, o seu irmão manipulador. Agora ele desapareceu; no entanto, não parou de a perturbar. Quando a sua mãe autoritária a obriga a ir á procura do irmão, Jessy encontra uma série de pistas sisnistr...