Aqui está mais um capitulo como prometido. Já consegui avançar mais alguns capitulos como queria e estou realmente a gostar de escrever esta fic. Espero que gostem tanto ou mais de lê-la como eu de escrevê-la. Já chega de conversas, vamos mas é ao que interessa. Hope you like it
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- O que se passou é que… eu fui a correr lá para fora, a meio da noite, quando reparei que estava alguém debaixo do candeeiro da rua… e deixei a porta do apartamento aberta.
- Jessy! – Louis pronunciou o meu nome como se não pudesse acreditar. – Alguém podia ter entrado.
Senti-me embaraçada, reconhecendo que aquilo tinha sido uma loucura.
- Bom, quem quer que fosse não me queria fazer mal – afirmei, tentando gracejar. – Quero dizer, às três da manhã tudo estava normal e, se alguém entrou aqui à socapa quando deixei a porta aberta, a sua única intenção era decorar a parede.
- Nós vamos outra vez à polícia – declarou ele com firmeza.
Esfreguei o nariz, ainda irritada comigo própria.
- Não podemos ir. Uma obra de arte estranha aparecer nas paredes tinha um ar mais insólito que a história da limpeza do apartamento. Não houve um arrombamento e nada foi levado. Eles iam acusar-me de estar a fazê-los perder tempo.
- Então o que fazemos?
- Esperamos a ver o que acontece, acho eu.
- Voltaste logo a adormecer?
- Sim – respondi a mentir, optando por não lhe falar do meu sonho estranho. Ele podia pensar que eu precisava realmente de um psiquiatra.
Fui à cozinha arranjar um café. O brilho intenso dos raios do sol inundava tudo com uma luz dourada que ressaltava das paredes, do chão e das bancadas. A decoração era requintada: armários de madeira maciça, bancadas de granito e chão de ardósia. A minha mãe tinha estragado Harry com mimos a vida inteira. Louis apareceu ao pé de mim.
- Não queria desanimar-te Jessy – começou ele, tirando uma caneca de uma das prateleiras. Seguindo o seu gesto, enchi-lhe a caneca de café, com a certeza de que ele ia deixar-me desanimada. – Ontem à noite, fiz algumas pesquisas e parecem que desaparecem milhares de pessoas na Grã-Bretanha todos os anos.
- Isso é impossível – afirmei. – Como é que podem desaparecer tantas pessoas de uma ilha tão pequena?
Ele encolheu os ombros de uma maneira expressiva.
- Algumas querem desaparecer; é um ato premeditado – deu um gole na caneca e estremeceu, talvez porque não tivesse leite. Em todo o caso, mexeu o café. – Outras desejam apenas fazer um intervalo e depois é-lhes difícil voltar… outras começam uma vida nova ou fogem de uma situação complicada… existe apenas uma pequena percentagem para a qual não há uma explicação plausível.
- O Harry não ia fugir deliberadamente – declarei com absoluta convicção.
- Como podes ter a certeza?
- É que ele é incapaz de viver sem um público. Tudo o que está a fazer agora… tudo isso se dirige a mim. Se ele estivesse completamente só, isolado e sem alguém a importar-se com o que fazia… acho que se limitava… a desaparecer por completo.
Louis examinou o desenho da sua caneca como se fosse a coisa mais interessante que havia naquele espaço.
- Então o que fazemos agora?
- Devíamos dar uma vista de olhos por aqui antes de sairmos. O pintor maluco da parede pode ter-se escondido em qualquer parte.
No entanto, além de nós, não havia qualquer indício da presença de alguém no apartamento. Eu continuava certa de que Harry era o responsável e que ele se encontrava em algum sítio, nas proximidades.
- O Harry pode ter-me armado uma manobra de diversão ontem à noite – disse eu – e depois entrou no apartamento às escondidas e ficou à espera que eu adormecesse para fazer o desenho… mas… ele está tão pormenorizado que ultrapassa as suas capacidades.
- Talvez seja um decalque gigante – sugeriu Louis. – Molha-se a parte de trás e reproduz-se a imagem na superfície; não é preciso ter nenhuma habilidade para isso.
Puxei o cabelo, irritada. O que é que me estava a escapar? Levei as mãos à cabeça e fiz a minha imitação da pintura O Grito. Por norma, aquilo faria com que Louis se risse, mas não desta vez. Ele pressionava o lábio superior com a língua como se matutasse em alguma coisa.
Quando voltou a falar, fê-lo em voz baixa.
- Acho que vi umas letras no canto inferior direito do mural… pode ser uma assinatura.
- Porque é que só me dizes agora? – Indaguei, furiosa pousando bruscamente o café na bancada.
Voltei à sala de estar e pedi a Louis que arranjasse uma caneta e papel. Só que, de cada vez que me curvava a examinara parede, ele fazia o mesmo, pelo que tive de lhe dizer que ele estava a tapar a luz e que o devíamos fazer à vez. Cada um levou uma dezena de minutos a decifrar todas as letras, e, mesmo nessa altura, ficámos com dúvidas sobre a sua exatidão, porque algumas estavam pouco nítidas e outras estavam escritas ao contrário.
- É demasiado comprido para ser um nome – observei. – Pode ser mais uma máxima, como a do Tempus fugit.
Louis foi digitando palavras na Internet à pressa, com o sobrolho franzido de concentração.
- Alguma correspondência?
- Bingo – ele virou o meu computador para mim com um grande sorriso. – Sit transit gloria mundi, assim passa a glória mundana.
- Passa… o tempo a passar… a glória mundana… a fazer-nos lembrar a nossa mortalidade.
“Ok, Harry. Começo a perceber a cena, mas o que isto quer dizer?”
Louis lia o que estava no ecrã.
- Era o lema de uma instituição missionária que tinha sede em Brick Lane. Presentemente é o Centro de Tratamento, uma instituição social para recuperação de toxicodependentes.
Agarrei-me à manga de Louis, mais animada.
- O Harry costuma ir lá às vezes. Ele pode lá estar neste momento, a esperar apenas que o levem para casa. Vens comigo? – Supliquei, dirigindo-me à porta e olhando para o relógio.
Louis fitou-me com um olhar severo.
- Quero que pares de andar à procura do Harry.
- O quê? Porquê?
- Não tenho um bom pressentimento à cerca disto, Jessy. Ele está a levar-te para um caminho perigoso, sabendo que não és capaz de resistir. Tu receias que ele esteja com problemas, mas em relação a ti?
Eu estava em pulgas para sair dali. Segurei a porta maio aberta, já com um pé do lado de fora.
- Não posso pensar em mim. A sério que não posso.
- Não, não podes – disse Louis num tom invulgarmente duro. – Pensas que és responsável pelos problemas do Harry, de uma maneira ou de outra… até te sentes estupidamente culpada por teres nascido. Nada que se relaciona com o Harry é da tua responsabilidade e não devias andar atrás dele. Sei que disse que te ia ajudar, mas isso foi antes da situação se tornar tão grave. Tu devias afastar-te… já, Jessy.
-Nunca poderei afastar-me – insisti. – E tenho de fazer isto.
Louis virou-se para mim com os seus olhos azuis-esverdeados.
- Isto faz parte da tua demanda? Continuas a seguir os passos dele?
Semicerrei os olhos.
- Talvez. Tenho a estranha sensação de que, se o encontrar… ficarei livre dele para sempre.
Ele acenou lentamente com a cabeça, com um meio sorriso enviesado.
- Então está bem, Jessy. Vamos lá.
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Não olhes para trás
FanficDurante toda a sua vida Jessy foi atormentada por Harry, o seu irmão manipulador. Agora ele desapareceu; no entanto, não parou de a perturbar. Quando a sua mãe autoritária a obriga a ir á procura do irmão, Jessy encontra uma série de pistas sisnistr...