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Gustavo chega em casa inquieto, largando as chaves de qualquer jeito em cima do balcão da cozinha atolado de lixo, que ele nunca tem vontade de limpar.

Vai até ao banheiro de sua suíte e arranca as roupas com violência, a cabeça cheia das imagens de Melinda, misturadas com as sensações físicas que Mariana causou nele dentro do carro. A situação está muito mais confusa do que ele gostaria, e está lhe causando uma bela dor de cabeça.

De um lado ele tem Mariana, a mulher por quem ele é apaixonado há muitos anos, que mexe com seu corpo de uma maneira que ele nunca admitiria em voz alta. Agora existe outra, que faz com que ele esqueça completamente tudo que viveu com a loira até hoje. Melinda mexe com ele de uma maneira diferente. Não adianta querer falar que é apenas seu corpo que anseia por ela. A voz dela causa um aperto no seu estômago – algo que nunca sentiu por Mariana.

Ele chuta longe suas roupas e entra num banho frio, tentando acalmar seu corpo, que não acompanha seus pensamentos e ainda sente os efeitos do desejo pela Mariana. Tudo está acontecendo rápido demais para que ele entenda. A garota nova de olhos imensos, os avanços de Mariana, após ela ter deixado claro que não queria mais nada.

A água fria escorre pelo seu corpo, tirando todos os vestígios que ambas as mulheres causaram nele. A ansiedade por Mariana e o calor de Melinda. Tudo nela remete a calor: a cor da pele dela, os olhos, até mesmo a temperatura da sua mão.

Ele resolve sair do banho, se sentindo claustrofóbico dentro do box do chuveiro. Ele ouve o celular tocando e por um segundo um desejo incoerente de ter o telefone dela queima dentro dele... ele quer saber como ela está, se ela também sentiu alguma coisa quando se tocaram, se ela pensa tanto nele quanto ele está pensando nela.

Mas que merda, ele não é mais um garotinho para ficar dessa maneira por mulheres. Ele sempre conseguiu o que queria: quando desejava alguém, conseguia levar a pessoa para cama com apenas um olhar. Agora estava à mercê de uma e caindo no encanto de outra. O que seu pai diria dele?

Tentando esquecer a sua fraqueza, ele pega o celular, que está tocando pela sétima vez, ficando um pouco aliviado quando vê que é apenas sua irmã caçula. Ele teve receio de que fosse Mariana, furiosa, demandando explicações que ele não estava pronto para dar.

─ Fala Luiza... o que você quer tanto assim comigo? ─ ele pergunta sem muita paciência enquanto se joga no sofá, exausto.

Você é um irmão muito idiota, sabia? Eu poderia estar morrendo e você só me atenderia agora? ─ a voz dela chega aos berros do outro lado da linha, fazendo Gustavo rir com o drama típico dela.

─ Se você estivesse morrendo, Luiza, não teria muito o que eu pudesse fazer daqui... O que você quer? Estou sem paciência hoje.

Iiiiihhh to vendo tudo... Brigou com a Mariana de novo foi? ─ Sua irmã não consegue esconder o desprezo que tem por Mari.

Luiza mora com os pais deles em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, fazendo com que a saudade que sentem um do outro seja eterna. Eles conversam pelo telefone quase todos os dias e ela sempre sabe tudo que acontece na vida dele, e o assunto Mariana é um tabu. Luiza não consegue entender como alguém como Gustavo (que ela acredita ser o melhor ser humano do planeta) insiste na loira. Nem mesmo a beleza compensa tudo que ela já ouviu o irmão passar.

O problema é que Luiza não tem o mesmo que ele entre as pernas, e nunca viu Mariana sem roupa. Talvez entendesse melhor porque ele insiste.

─ Acho que você vai ficar feliz com o que aconteceu hoje então. Eu rejeitei ela.

NÃO ACREDITO! Me conta tudo, Gu!! ─ A irmã parece esquecer que está brava com ele. Gustavo ri com o entusiasmo dela e decide contar a verdade.

A Chance do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora