Gustavo vira a esquina de volta ao bar com a cabeça embaralhada. Quem é aquela garota que o está fazendo agir de maneira tão estranha? O que foi aquele aperto que sentiu no peito quando pegou na mão dela?
Desde a primeira vez que a viu, ele não consegue mais tirar os olhos cor de mel dela da cabeça. É inegável que todos os caras do departamento dele só conseguem falar dela, olhar para o corpo perfeito dela, mas ele não se importa com isso. Ele só quer que ela olhe para ele com aqueles olhos imensos e mais expressivos do que qualquer palavra que pudesse sair da boca dela.
Ele não estava preparado para o que sentiu quando tocou a mão de Melinda. Ele só queria ficar um pouco mais de tempo ao lado dela, sentindo que era inevitável a atração que existia entre os dois. Desde o primeiro momento, ele começou a lutar contra sua própria timidez para poder conseguir falar qualquer coisa para ela.
Descobrir seu nome não foi algo tão difícil, uma vez que quando um dos caras escutou uma das novas meninas gritando algo sobre ela, espalhou para todos os outros. Eles queriam a atenção dela, mas ela ignorava todos – todos menos ele.
O que está acontecendo? Não é do seu feitio sentir aquele tipo de coisa por garotas bonitas que entram na empresa. Ele sempre teve a política de nunca misturar o profissional com o pessoal, mas ela bagunçou completamente a convicção dele. Parece que quando ela está presente, toda a luz do ambiente converge para ela, fazendo com que seja a única coisa que ele consegue enxergar.
Quando ele volta ao bar, os amigos estão rindo, felizes e mais bêbados do que quando ele saiu. O efeito do álcool em seu corpo já foi embora, provavelmente no momento em que viu de longe os moleques cercando Melinda. Ele começou a correr na direção deles, mas parou quando a viu atingi-los com um spray de pimenta. Ele nunca esperaria por isso. Ela não tinha aparência de uma garota frágil, mas ele nunca imaginou que ela fosse se defender daquela maneira.
Os amigos o cumprimentam, mas o entusiasmo dele morreu quando deixou Melinda para trás sem falar nada. Ele foi um covarde e sabia bem disso. Gustavo só voltou para o bar porque tinha prometido levar Mariana para casa, e ele não é de descumprir uma promessa.
Ele sorri ao lembrar como Melinda pareceu ter ciúmes da amiga dele, e como tentou disfarçar inventando uma desculpa. Mas Gustavo viu em seus olhos a verdade e se sentiu bem. Quem não se sentiria bem ao ter uma mulher daquelas com ciúmes de você?
─ Xiiiii... por que tá com esse sorriso bobo na cara, Guga? ─ Mariana pega no braço de Gustavo, que fica assustado com a frieza de seu toque. Ele nunca reparou antes em como a presença dela era fria.
─ Não foi nada, Mari... você já está pronta para ir? ─ ele afasta o braço sem tentar parecer grosseiro, mas claramente Mariana percebe. Ela pode ter um rosto de anjo, mas não é nada inocente. E mesmo que ele não quisesse, Mariana conseguia ler suas expressões como ninguém.
─ Na verdade, quero ficar um pouco mais aqui... estamos nos divertindo tanto, não é mesmo, meninos? ─ ela se vira, rindo para Alberto e Tomás e ele se vê sem saída. Acena sem muito humor e entra no bar para buscar um novo copo.
Na volta ele observa como Mariana se comporta no meio das pessoas que ainda estão na calçada. Já é tarde e todas as pessoas que dependem de um transporte público já foram embora. A maioria dos que restam são homens, e todos parecem cientes da presença de Mariana. Ela é muito bonita, Gustavo sempre achou, com seus cabelos loiros na altura dos ombros, olhos verdes e medidas pequenas. É o contrário da aparência de Melinda, que tinha pele morena, cabelos negros que emolduram os olhos claros dela, e o corpo... bem, ele poderia não ligar, mas não pode ser hipócrita em dizer que não gosta das curvas provocantes dela.
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A Chance do Tempo
ChickLit"Melinda não é feliz. Apesar de ter uma família amorosa, trabalhar com algo que parece fazer a diferença para alguém - mesmo que não para ela - e ter ótimas amigas, falta algo. Mas ela deixa de pensar nisso quando o seu mundo vira de ponta cabeça ap...