Seis.

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- Ela se empenhou em aliviar a dor do amor primeiro friccionando com força seus lábios secos contra os meus; em seguida, minha querida se afastou jogando nervosa os cabelos para trás e logo se aproximou de novo na sombra deixando que eu me alimentasse em sua boca aberta, enquanto com uma generosidade pronta a oferecer-lhe tudo, meu coração, minha garganta, minhas entranhas, entreguei-lhe para segurar no punho desajeitado o cetro da minha paixão. - Suspirei ao terminar de ler o trecho de Lolita.

- Você sabe interpretar muito bem um texto, por que não entra no grupo de teatro da escola? - Eu ri com aquilo, nunca me aceitariam.

- Prefiro ficar só interpretando da minha forma. - Digo, dando de ombros.

- Você deveria tentar.

- Não comece com isso, eu não quero me envolver nessas coisas. - As palavras saíram ríspidas e eu até me impressionei com a forma que disse.

- Tudo bem. - Concordou deixando de lado.

Droga!

- Dylan, não fica chateado, mas é uma decisão minha. - Cheguei próximo a ele, acariciei o seu rosto com todo o carinho que eu tinha por ele.

O rosto dele foi se aproximando do meu, sua mão esquerda me puxou pela cintura fazendo com que meu corpo ficasse mais próximo ao dele.

- Não, aqui não. - Disse, me afastando dele.

- É apenas um beijo rápido. - Insistiu.

- Você sabe que não existe beijo rápido entre nos. - Esbravejei. - E o que acha que vão falar se me virem beijando meu professor de Literatura?

- Tudo bem, não insistirei. - Se virou de costas para mim e começou a guarda suas folhas em sua pasta. - Eu estava afim de fazer um jantar está noite para nos dois, algo mais sossegado para esquecermos essa loucura de escola.

- Por mim seria ótimo. - Sorri abertamente.

- Vou te esperar então. - Mandou um beijo no ar e saiu da sala.

Suspirei alegremente.

O sinal tocou me cortando totalmente do meu momento de paixão e eu voltei a si, tomando noção de que eu tinha que correr para minha sala.

- Merda, aula do Thomas! - Enfurecida, sai correndo para minha sala.

(...)

Mexia no meu armário a procura de nada em especial, fazia uma tentativa de organizar todos os meus livros para pode colocar mais três ali dentro.

Foi quando uma mão bem cuidada se enfiou em minha frente e fechou meu armário brutalmente me pegando de surpresa.

- Posso saber quando você estava na segunda aula? - Lucy me olhou furiosa.

- Eu tive que resolver uma coisa. - Menti.

- Essa coisa é numa sala sozinha com o professor de Literatura ? - Ironizou.

- Psiu. - Tentei calar a sua boca com a minha mão, mas ela segurou meu pulso fortemente.

- Alissa, não brinca comigo, já é a terceira vez que você não vai na aula do Marcos e temos trabalho para fazer e você não está lá. - Bufou irritada. - Não queira mentir para mim ou eu vou acabar com seu conto pornográfico com esse professorzinho.

- Conto pornográfico? - Repetir ofendida. - Não é nada disso que você anda pensando.

- Tem certeza que não é isso? - Rapidamente ela colocou visivelmente uma foto em seu celular. - Me diz se não é o que estou pensando? - A foto era bem clara. Estávamos se beijando e tocando caricias quase íntimas no portão de seu condomínio.

- Lucy, toma cuidado com isso. - Implorei.

- Então tome cuidado comigo. - Ela soltou meu braço rapidamente empurrando-o, foi se distanciando de mim em passos largos e rápidos.

As aulas por fim já tinham acabado por hoje, deixei pra lá a arrumação em meu armário e me apressei para sair dali.

Muitas pessoas estavam no estacionamento, grande maioria era os jogadores da escola e se mantiveram em volta de uns carros conversando.

Distravei a porta do meu carro e entrei nele, suspirei aliviada por alguns segundos e jogando minha bolsa bem longe de mim ali por dentro do carro, dei partida e fui saindo.

O trânsito era favorável então facilitou bastante para mim.

Decidir de última hora passar em minha cafeteria favorita que não era tão distante dali.

Estacionei o meu carro em frente ao local, desci e atravessei a rua, tomando muito cuidado com meus pés que viviam me traindo.

As portas de vidro já estavam abertas e a cafeteria estava parcialmente cheia.

Caminhei até o balcão de pedidos e o senhor Louis veio até mim, todo sorridente como sempre.

- Alissa minha querida. - Sorriu carinhosamente. - Quanto tempo não te vejo.

- A escola está bem corrida. - Dei de ombros me desculpando.

- Eu entendo. - Balançou a cabeça positivamente. - O que vai querer?

- A mesma torta de sempre e um chá. - Sorri sem muita emoção.

- É pra já.

Silenciosamente eu agradeci e fiquei por ali em pé e olhando para as mesas, até que meus olhos captaram um par de olhos castanhos penetrantes, minha boca secou e meu coração acelerou.

Dylan tinha esse poder idiota sobre mim e eu achava totalmente desnecessário.

Ele fez sinal para que eu me sentasse ao seu lado e eu fiz sinal rejeitando.

Ele me encarou sem entender.

- Querida, seu pedido. - Disse seu Louis me fazendo olha-lo.

- Obrigada. - Sorri sem graça.

Paguei apressadamente e me despedir.

Entrei em meu carro e seguir para a minha casa rapidamente.

Quando cheguei em casa, encostei meu carro na calçada e entrei em casa.

O silêncio era tudo que restava ali, o que de fato era um alívio e tanto. Me joguei no sofa e fiquei imaginando mil possibilidades de negar o jantar do Dylan.

Eu odeio a Lucy!

Uma lágrima escorreu pelo meus olhos e eu estremecir de medo dela contar algo.

Meus pais me matariam.

Mas eu precisava do abraço dele.

Corri para o meu quarto, abri meu guarda rouoa e o encarei em total desespero.

Não tinha ideia do que usar.

Por total desespero de errar em algum vestido ou saia, optei por uma calça jeans escura, uma camiseta e uma sapatilha básica.

Entrei no banheiro, fiz minhas higienes, tomei meu banho rapidamente e a todo custo tentei arruma a bagunça do meu cabelo.

Parecia mais um ninho de cobras.

Lutei com a chapinha e ainda mais com o tempo, fiz uma maquiagem totalmente básica e que eu faço sempre.

Me vesti as pressas antes que meus pais chegassem e me pedissem explicar de para onde eu estava indo e sair rumo a casa do Dylan.

Algo me dizia que era uma má ideia.

Uma grande má idéia.

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