Trinta e Seis.

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New York
03:45 am

Dobro minhas roupas com extrema agilidade e as coloco embaixo do colchão. É um moletom preto para usar quando eu sair daqui escondido.

É tudo mais estranho quando você passa a olhar as pessoas por outro ângulo, não é mais o seu jeito de olhar, e sim o seu novo jeito de observar. Ter que ficar atenta a tudo e a todos ao mesmo tempo.

É uma nova forma de estar livre, andar por aí nas escondidas é até libertador.

Me deito em minha cama e fico analisando o teto, era escuro assim como a minha alma estava se tornando. Ela estava escurecendo, se tornando triste e ao mesmo tempo se revoltando com aqueles que eu mais amei.

Fui mandada observa o Dylan e aquilo doeu como se uma faca em alta temperatura tivesse fincada em meu coração.

Lucy estava lá em seu apartamento, vestindo uma camisola sexy e acariciando os ombros dele, mas eu podia ver como Dylan estava rígido, não estava se sentindo confortável e a tensão de seu corpo estava atingindo em cheio a ela.

Observava tudo pela escada de incêndio que dava em sua janela, via a cara de desgosto que ela fazia por não consegui o que não queria. Foi então que ela começou a falar e falar, posso lembrar de suas palavras até agora.

- Você tem que esquece-la. - A amargura saiu em cada palavra. - Vamos ter um filho juntos e mesmo assim não consegue entender a responsabilidade que tem.

- Eu a amo. - Ele grita. - Eu não posso esquece-la tão fácil, e eu nem sei se esse filho é meu. - Dylan foi até sua cozinha, pegou um copo e encheu com água. - Estamos falando de você grávida, não da para confiar.

Seus olhos estavam cheio de ódio, então ela simplesmente pegou um casaco grande que chegava até seus joelhos e saiu do apartamento do Dylan, batendo a porta com força.

Meu corpo doeu por vê-lo daquela forma, chorando e passando as mãos pelos cabelos.

O celular em meu bolso começa a tocar e chama a atenção dele para a janela, desesperada para não ser pega, pulo e caio de costas no chão.

A dor é enorme, mas não se compara a dor que meu coração sentia por tudo aquilo.

Me levanto com dificuldade e sentindo uma grande dor, pego o celular em meu bolso assim que ele toca novamente.

Não se iluda com essa tristeza toda, afinal não é o primeiro filho que ele tem.

A dor fica muito maior, as lágrimas querem cair, mas sou obrigada a  segura-las.

até a janela do Foster tem algo interessante acontecendo por . FOCO!

Subi as escadas de incêndio da janela do Foster e observei cada momento.

Lucy estava lá, chorando, Thomas a abraça na tentativa de consolada e eu posso vê-la sorrindo convencida daquilo que estava fazendo.

Sinto nojo.

Quero vomitar com aquela cena, Lucy queria os dois na palma da suas mãos ou talvez ela já tinha.

- Eu estou tão sozinha, não tenho em quem confiar, ninguém pode me ajudar nessa nova fase. - Ela força o choro. - Não é fácil estar grávida e ainda mais tão nova.

- Pra tudo tem um jeito. - Thomas, diz. - Você me disse que eu poderia ser o pai já que tivesse algo naquela noite e e estou disposto a assumi com a responsabilidade.

- Eu adoraria. - Ela sorri fraco de uma forma tão falsa. - Eu não esqueci aquela noite até hoje, eu não sabia que poderia me apaixonar por você dessa forma, até me assusta. - Lucy acaricia o rosto do Foster e ele apenas a observa.

Ela desabotoa o casaco e o deixa cair em seus pés, ficando com a camisola de renda preta e o salto alto na frente dele.

Seus passos são calmos e calculados, os braços dela acariciam os ombros dele que estavam expostos devido a estar sem camisa, eles se enrolam no pescoço ele e ela se aproxima dele.

Meu coração se acelera e eu sinto um desconforto passa pelo meu corpo inteiro.

- Você não tem ideia de como eu sinto falta daquela noite. - Ela sussurra próximo a boca dele.

Ele permanece ali parado, com os olhos fechados e ela aproveitar para beija-lo. Fecho meus olhos, porque eu não conseguia ver aquilo, me dava  nojo.

Sinto o celular vibra no bolso da minha calça, pego e vejo que tem pelo menos duas mensagens.

Deve ser tão ruim ter o coração divididos a duas janelas.

Mantenha o foco, Alissa!!!

Sou obrigada a assisti cada detalhe, vejo quando ele a coloca na cama e sobe por cima dela, mas ele toma uma atitude no qual deixa tanto ela como a mim surpresas.

- Eu não posso. - Ele se levanta as pressas e passa as mãos pelos cabelos.

- O que aconteceu? - Lucy tenta se aproximar, mas ele não permite.

- Eu não posso fazer isso com você. - Mais uma vez ele passa as mãos pelos cabelos e suspira. - Se essa criança for minha, vou assumi a responsabilidade, mas não posso fazer isso com você sendo que tem outra pessoa na minha cabeça.

- É a Alissa? - Ela pergunto. Sinto a desprezo sair de sua boca quando cita meu nome.

Ele não diz nada, apenas balança a cabeça concordando.

Sinto meu coração bater forte, em batidas descontroladas. Aquilo havia enchido meu coração de esperança, mas eu não fazia ideia de que tipo de esperança era essa.

- Qual o problema com ela? Por que todo mundo gosta dela? O que ela tem que eu não tenho? - Ela se distância dele e pega seu casaco no chão e se veste. Seu olhar era de fúria, mas depois foi se tornando triste até que as lágrimas começaram a cair.

Rapidamente ela se retirou e eu desci as escadas, corro para a entrada principal do prédio e vejo ela saindo.

Seu rosto estava levemente levantado e ela seca as lágrimas que caiam com fúria.

O celular vibra em meus dedos e eu ligeiramente o pego.

Parece que você se enganou. Não é ela que tem os dois nas palmas das mãos e sim você.

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