Quinze

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New york
20:38 pm

- Podíamos janta aqui em casa amanhã. - A voz de Dylan preenchia meus ouvidos. Estávamos a cerca de uma hora conversando por ligação e não tínhamos muito assunto como temos pessoalmente.

- Pode ser. - Digo por fim, duas palavras que me custaram bastante sair da minha boca.

- Ou podemos jantar em algum lugar que você preferir. - Sugeriu. Está noite ele estava se esforçando bastante, mas não tinha ideia do porque.

- Onde você preferir está bom para mim. - Suspirei sem muito ânimo.

- Você não parece estar animada, aconteceu alguma coisa? - A preocupação estava claramente em sua voz, não dava nem pra disfarça.

- Apenas estou cansada. - Menti.

Minha mente martelava com a situação, continuava recebendo mensagens anônimas, Lucy estava agindo de forma estranha.

Estava tudo uma bagunça.

Devido a tudo isso, comecei a me distanciar de Dylan, o receio de causa problemas para ele me deixava extremamente assustada.

Não sabia qual passo dar sem temer as consequências.

- Vai descansar, Alissa.

- Irei toma um remédio para dor de cabeça e logo me deitarei. - Menti.

- Tudo bem, eu te amo.

Meu coração se enchia de emoção quando ouvia aquelas três palavras. Era tudo que eu precisava.

- Eu também te amo.

- Até amanhã. - Ele suspirou.

- Até amanhã, meu amor.

Desligamos e eu suspirei aliviada. Nunca tive uma conversa com ele onde eu me sentisse tão pressionada, sufocada e totalmente sem jeito para conversar.

Ele teve que se esforça o máximo durante toda essa uma hora para me tirar pelo menos uma frase de começo .

Já estava de pijama, com um pote de sorvete em minhas mãos e jogada no sofá assistindo a qualquer porcaria que passasse.

Meus pais estavam na casa de uns tios, até tentaram me convencer a ir com eles, mas não conseguiram. Minhas desculpas foram que eu tinha provas e alguns trabalhos e não poderia me distrai por enquanto.

Claro que acreditaram.

Troquei de canal várias e várias vezes e não tinha nada de interessante, a não ser que eu queria me afoga em um pote de sorvete tendo a grande descoberta de como as minhocas servem verdadeiramente para a terra.

Acho que eu passo essa!

Coloquei meu pote de sorvete em cima da mesinha de centro e fui para o banheiro. Eu realmente precisava de um banho.

Tirei minhas roupas e me mantive enrola na toalha, enquanto deixava o chuveiro ligado para que pudesse esquenta da forma que eu queria. Odiava quando ligava e aquele jato de água fria caia e logo depois o quente.

Meu celular começou a tocar lá em meu quarto, me levantei da borda da banheiro e de mal vontade fui até ele.

- Alô? - Só havia silêncio. E de repente um som alto de música preencheu totalmente o silêncio e havia muita gritaria. Me mantive quieta até que a pessoa do outro lado da linha desligasse em minha cara sem dizer nada.

Dei de ombros.

Poderia ser apenas algum engano. Deixei o celular em cima do criado mudo e voltei para o banheiro que agora já estava com bastante fumaça pela água quente.

Me desenrolei da toalha e entrei no box, era tranquilizante quando a água quente batia em meu corpo. Era como se ela levasse pelo menos um pouco das minhas preocupações e me deixasse apenas coisas leves para pensar no momento.

De certa forma era bom quando meus pais não estavam em casa, pois, tenho uma certa privacidade. Posso conversa com o Dylan em qualquer lugar da casa sem precisar cochicha, posso ouvir minhas músicas a hora que eu quiser,no volume que eu quiser; e poderia andar com as roupas que eu quisesse, poderia até andar nua se eu quisesse.

Mas também tinha seus lados ruins. Se não fosse pela televisão e pelas músicas, essa casa ficaria extremamente silenciosa, não tem com quem conversa quando não estou no celular, então ela fica extremamente vazia.

Novamente meu celular toca. Se não fosse por estar esperando uma ligação dos meus pais, eu nem me importaria de deixar tocar. Arrastei a porta do box para o lado, peguei minha toalha e me enrolei.

Corro para meu quarto antes que pare de toca e o atendo.

- Alô. - Digo. O silêncio do outro lado era o mesmo da primeira ligação. Repeti mais uma vez e ninguém me respondia.

Como aquilo era extremamente irritante, odiava quando alguém me ligava e não respondia nada. Então pra que ligar se não vai fala porra nenhuma?

Voltei para o banheiro e mais uma vez o celular toca, novamente sou arrastada pelo toque até o meu quarto, certifiquei de quem era e desta vez era minha mãe ligando.

- Oi mãe. - Digo assim que atendo.

- Oi querida, estou tentando fala com você o dia inteiro. - Ela suspira cansada.

- Eu tive um dia bem agitado. - Dei de ombros, por mais que eu soubesse que não dava para que ela visse.

- Você está se cuidando né querida? - Sua voz parecia preocupada e ao mesmo tempo curiosa. - Não está levando garotos para casa não né?

- Mãe. - Repreendo-a. - Não.

Aquilo foi o suficiente para que ela começasse com seu grande discurso sobre vida sexual e segurança, colocando taxas de jovens que engravidam novas. Poderia até ser engraçado se as vezes não fosse tão irritante.

Eu estava tão presa dentro de casa esses dias que poderia ser considerada já parte dos móveis.

Não estava nem vendo Dylan da forma que eu realmente gostaria.

Depois de cerca de trinta minutos com todas as regras e informações que a minha mãe se sujeitará a me dar na ligação, pude enfim volta para o meu banheiro.

Olhava algumas publicações nas redes sociais enquanto caminhava tranquilamente para o banheiro. A água ainda estava caindo do chuveiro e havia bastante fumaça devido a água quente.

Mas algo estava muito errado ali.

A porta de vidro do box estava fechada e devido a ter fumaça o suficiente para deixa os vidros embassados, tinha uma pequena mensagem escrita.

Eu vejo você. CUIDADO.

Meu celular começou a vibrar em meus dedos e o medo começou a corroer meu corpo. Aquilo parecia não ter fim.

Deve ser tão deprimente quando algo sabe de nossos segredos por mais que tentamos de todas as formas esconde-lo, não é mesmo Alissa?
A vida é muito engraçada, mas nada silenciosa. Ainda mais quando andamos com dois professores. O Dylan sabe que você estava tendo um clima romântico com Thomas Foster?

Então aquilo que eu estava tentando a todo custo esconder estava tão exposto a minha frente. Alguém tinha uma foto minha quando eu pensei que o Foster iria me beijar.

Da para ver claramente minha boca entre aberta, meus olhos encarando seus lábios, meu corpo próximo até demais do dele, minha mão esquerda segurando em seus cabelos.

Os braços dele estavam em volta da minha cintura me apertando e me fazendo ficar ali o mais próximo possível.

Então meu celular vibra novamente me tirando daquele pensamento da foto e me trazendo para o momento atual.

Seria uma pena se todos soubessem disso, não é mesmo?

Aquilo seria o fim para tudo a minha volta se alguém descobrisse.

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