Vinte e dois.

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New York.
14:00 pm.

- Ei Alissa. - Henry apareceu em minha frente no meio do corredor, mas dei meia volta e fingi que não tinha escutado nada.

- Alissa. - Gritou mais uma vez. Aumentei os passos e corri para o segundo andar.

Caminhei até a biblioteca na esperando de que estivesse alguém lá, esses momentos salvavam qualquer um.

Para meu azar estava vazia e nem a senhora que ficava no balcão recepcionado os alunos não estava ali.

Maldita!

- Alissa, precisamos conversa. - Henry entra e fecha a porta de vidro atrás de si.

Minha respiração fica mais lenta e eu sinto a dor novamente, da última vez que fiquei sozinha em um lugar com ele, meu namorado achou que eu o trair e eu não poderia dizer nada, afinal eu o trair.

- Você vai fica me evitando agora? - Sua voz saiu com um rastro de magoa. Seus olhos me analisava atentamente.

Henry era melhor amigo antes de começamos com a história da popularidade. Vivíamos juntos para lá e para cá, tinha vezes que ele ia para a minha casa de manhã cedo para toma café ou eu ia.

Ele me deixava em casa depois da escola e também ia me busca. Fazíamos a nossas lições juntos, além de para shopping e festas infantis.

Depois tudo mudou com o fato de queremos ser populares e infelizmente juntos não estava rolando, então, Henry decidiu entrar no time da escola e eu comecei a andar com a Lucy.

Assim, cada vez mais nos distanciavamos. Ele passou a andar com uma garota após a outra, passou a sair apenas com os garotos do time e quando percebi, ele apenas passava por mim e me dava um 'oi'. E para ser sincera, eu também não corri atrás, não fui perguntar o que estava havendo e muito menos o porque de toda aquela situação.

Henry estava totalmente mudado, quando éramos verdadeiramente amigos, ele era magro, não totalmente, tinha músculos pelo seu corpo, mas agora, ele esticou, seu corpo está maior, seus ombros mais largos e seu corpo tem bem mais músculos que antes.

- Não estou te evitando, apenas quero que não haja mais problemas. - Digo. Tento a todo custo não olha-lo.

- Depois que o professor pegou a gente no quartinho de limpeza, você mudou.

- Pegou? - Indaguei. - Ele não pegou nada, porque não aconteceu absolutamente nada.

- Não foi nesse sentido que eu quis dizer. - Passou a mão sobre os cabelos em um ato nervoso.

- Então em qual sentido? - Questionei. Cruzei os braços e o encarei seriamente.

- Estávamos lá sozinhos e por culpa minha. Mas eu realmente precisava daquela caixinha, era a única coisa que restou da minha mãe e eu realmente não quis colocá-la em maus lençóis.

- O que definitivamente você está querendo insinuar? - Arqueei as sobrancelhas. Meu sangue estava fervendo.

- Você e o professor tem alguma coisa ou tiveram algo?

- Não. - Menti. Meu coração se aperta e eu sinto a minha respiração fica pesada.

Eu sinto tanto a falta de Dylan, sinto que estou morrendo aos poucos e a imagens dele com aquela garota está tão fresco em minha memória que posso fecha os olhos e ainda assim posso vê-los.

O sinal toca e eu endireito a alça da minha bolsa em meu ombro e passo por ele, abro a porta atrás de mim e caminho em passos rápidos.

Eu sentia a sua presença perto de mim, caminhávamos a mesma sintonia e velocidade.

Os corredores parcialmente estavam começando a fica vazios, alguns saiam correndo e outros ainda estavam em seus armários.

Dylan estava na porta de uma sala e me encarou seriamente quando Henry passou o braços em volta da minha cintura e me deu um beijo rápido na bochecha, se despedindo.

Seu corpo ficou rígido e aquilo partiu mais ainda meu coração, obriguei-me a abaixar a cabeça e seguir meu caminho.

(...)

Estávamos na metade da semana e eu já estava me embebedando.

Estava sentada num parquinho vazio, no meio do escuro, segurando minha garrafa de vodka e sentindo as lágrimas quentes caindo.

Só isso me fazia esquecer a dor.

Já não fazia ideia de que horas seria, talvez onze ou duas da manhã, não sei ao certo dizer.

Meu celular estava em meu bolsa e não parava de vibrar, peguei ele com certa dificuldade e vi que tinha inúmeras ligações dos meus pais.

Eu iria lidar com eles depois.

Já são meia noite e quarenta e nove.

Eu poderia estar nesse exato momento mentindo para os meus pais e dizendo que estava com as meninas, enquanto estava jogada na cama de Dylan, vestindo apenas uma camiseta dele. Mas infelizmente a realidade é mais cruel.

Eu senti uma enorme vontade de ligar para ele e o fiz.

Disquei o número do seu celular e fiquei esperando com que ele atendesse. Então eu ligo e toca, toca, toca e cai. Tento mais uma vez e no penúltimo toque ele atende.

- Alissa, aconteceu alguma coisa? - Sua voz era de sono. Então, minha cabeça começou a expandir inúmeras imagens dele pegando aquela garota na cama.

Me senti totalmente enojada.

- Você é um péssimo namorado, me deixou por aquela réplica de Barbie. - As lágrimas começaram a cair e eu comecei a chorar.

- Você está bêbada?

- Não. - Menti. Não dava para disfarça bem quando a minha própria voz embolada me entregava. - E essa não é a questão. Eu amo você e você me deixou para fica com ela e me deixou totalmente largada aqui. Você tem ideia de como isso doi, de como eu preciso de você e você deve estar aí com essa puta.

- Alissa, eu não estou com ninguém. - A grosseria vindo da sua parte veio tão forte em mim que parecia que eu havia levado um murro. - Onde caralhos você está?

- Eu estou... - Olhei para os lados, mas não reconhecia muito bem onde eu estava, só me lembrava de ter saído andando e andando. - Em um parque.

- Vamos Alissa, me ajude a te ajudar. - Suspirou. - Me de detalhes desse lugar.

- Eu... Estou sentada num balanço azul. - Ri sozinha.

- O que mais?

- Tem uma caixa de areia aqui coberta por um... Eu não consigo lembrar o nome dessa coisa. - Eu dizia e ao mesmo apontava como se ele pudesse ver.

- Pergolado?

- Isso. - Coloquei meu celular entre minha orelha e o meu ombro e bati palma. - Você é muito esperto, não é ato que é um professor.

Ele suspirou cansado, pude ouvir barulho de chaves e um carro foi ligado.

- Fique aí, já vou te busca. - Ordenou.

Desta vez quem suspirou foi eu, porém, tristemente.

- Você, sempre mandão. - Funguei. - Vou senti falta desse seu lado.

- Já estou chegando, fique aí. - Ordenou novamente. Ele por fim desligou, me deixando sozinha mais uma vez.

Eu sempre fui sozinha, não é atoa que ele me deixou.

Todos me deixam.

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