Trinta e Oito.

2.6K 216 40
                                    

New York
18:22 pm

O clima se tornou pesado ali, fui retirada do lugar onde eu estava sentada boa parte do julgamento e me sentei ao lado de minha advogada.

As pessoas olhavam sem entender nada, boquiabertas com a postura fria e calculista daquele homem que agora estava sendo em meu lugar se minutos atrás.

- Silêncio. - O juiz grita já irritado. - A advogada de acusação vai começar a falar.

- Então, qual é o seu nível que intimidade com a Alissa?

Sua pergunta me atinge profundamente, era como se um nó estivesse em minha garganta só de imaginar ele dizendo que nos conhecemos ou que temos algo. Uma mentira deslavada!

- Não a conheço. - Ele sorri. Seus olhos estão bem fixos na advogada e tudo que eu posso vê é frieza.

- Se não a conhece, por que está aqui defendendo ela?

- Não estou aqui para defender ninguém. - Simplesmente diz. - Só não quero que ela leve a culpa por algo que eu fiz e que alguém proximo a ela quer prejudica-la.

- Quem quer fazer isso com ela?

- Lucy Underwood. - Seu sorriso frio ainda está lá, mas parece que esfria mais ainda quando ele sopra o nome dela. - A mesma Lucy que queria fazer aqueles dois ali de otarios e assumirem um filho que é meu.

Thomas e Dylan se olham e eu posso ver a raiva entre os dois, porém, estavam se controlando ao máximo.

Sinto pena do Dylan, mas sinto mais ainda quando o olhar de Thomas se encontra com o meu e ele aparenta está envergonhado daquela situação. Eu o entendia.

- Por quanto tempo mantiveram esse caso?

- Durante boa parte das férias de verão. Ela foi viajar, e nos conhecemos enquanto estávamos sentados esperado anunciarem nosso voou e rolou um sexo incrível e selvagem no banheiro. - Sua fria se transformou em algo escuro, seus olhos tinham intensidade. - Acho que você não me entender, pela sua cara de tédio não transa a muito tempo, mas eu te recomendo, vai tirar um pouco essa sua cara de ranzinza.

- Estamos num tribunal, sem gracinhas. - O juiz adverte e posso ver as trocas de olhares entre a advogada e ele. Suspeito!

- Qual foi o motivo pelo assassinato?

- Aquele filho da puta estava rondando a minha mulher, fazendo ameacinha se ela não voltasse com ele. - Cerra os punhos. - Lucy é minha! E aquele cara estava louco para enfiar o pau nela. Não tive outra saida, não adiantava conversar com ele.

- Como ocorreu tudo naquele dia?

- Eu e Lucy brigamos e ela disse que queria sair para pensar e tudo bem para mim, mas, ela estava demorando e tinha procurado ela em todos os lugares, menos naquela boate e foi pra lá que eu fui. Fiquei mais de uma hora procurando aquela cadela e não encontrava, quando subi para os quartos no segundo andar... Entrei ela, com ele aproveitando, enquanto ela sentava nele.

- Foi esse o momento que matou ele?

- Não exatamente. - Ele suspira. - Eu fiquei logo, puxei ela pelos cabelos e gritei muito com eles. Parti pra cima dele e bati tanto que a Lucy teve que entra na frente, porque via que ele não reagia mais. - Suas mãos passaram em seu rosto e ele parecia está preso nas lembranças daquele dia. - Eu pedi pra ela me ajudar a levanta ele com a desculpa que iria levá-lo para o hospital, mas na verdade, eu joguei ele de cima da escada e fiquei lá olhando.

- Você se encara com culpado?

- Eu? - Ele ri sarcástico. - Eu sou o assassino de Caleb Merin.

(...)

Uma mar de sentimentos me afundava naquele momento e não conseguia pensar em mais nada que não fosse naquele homem.

Seu olhar frio.

Sua postura de quem vivia sempre na defensiva.

E em momento algum quis olhar para alguém que estivesse o olhando, pelo contrário, sua atenção estava completamente na advogada de acusação.

Já se fazia cerca de uma hora que eu estava sentada no final do corredor, com um policial do meu lado e sem notícias da minha advogada depois daquele clima horrível. O juiz ordenou que ela, juntamente com as testemunhas e com a advogada de acusação estivessem presentes na reunião.

Pude vê meus pais do outro lado do corredor. Meu pai com as mãos apoiadas em cada ombro de minha mãe e ela olhando para mim com os olhos marejados e segurando seu lenço de flores.

Até que as portão de abrem e a minha advogada é a primeira a sair e a vim em minha direção.

Seus passos são largos e confiantes. Eu podia vê-la andando calmamente igual uma modelo, o vento nos cabelos e aquele monte de olhares para ela. Porém, meu foco muda rapidamente, principalmente quando a vejo sorrindo em minha direção.

- O que houve? - Pergunto preocupada.

- Parabéns. - Ela me abraça e eu fico totalmente sem reação.

- Como assim? Não estou entendendo.

- Você está livre. - Seu sorriso cresce mais. - As acusações contra você foram retirada. Agora a atenção está toda nele, porque tudo que ele diz condiz com a cena do crime.

Sinto como se um peso estivesse saindo de meus ombros. Olho para o corredor e minha mãe está vindo correndo em minha direção com os braços abertos e eu não tenha outra reação que não fosse correr até ela e abraça-la.

As pessoas ali estão olhando, vejos fotógrafos por toda parte, mais que se dane, eu estava definitivamente livre.

Livre.

Clube Da Meia NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora