Todos estão sentados em um auditório decorado com peças cinza e pretas. Tudo na Entidade possui a mesma cor. O palco está decorado com moveis simples, eles formam alguns cômodos de uma casa humilde. Parecem as casas encontradas no meu bairro.
Érika Godsvill sobe ao palco. Ela está usando um vestido longo e preto. Em seu cabelo há uma rosa prendendo um coque. Ela segura um Micropod, uma espécie de cubo, com telas em todos os lados, lê e informa.
—Vamos iniciar o teste dos Capturados com etiquetas negras. Através deste aparelhinho aqui, sortearemos um número. Se o número da sua etiqueta for sorteado fique atento. Em seguida faremos um sorteio entre os nomes das pessoas que compõem as duplas. A pessoa que for sorteada venha rapidamente para cá, todos aqui verão o seu teste, mas não o seu resultado. Depois que este teste acabar, a outra pessoa da dupla desce. Vocês iram passar por algumas situações que enfrentarão em suas missões lá fora. Meus queridos, lembrando que este primeiro teste é para ver se vocês são aptos para a espionagem. Caso não, temos outros dois testes para os outros Pais.
Érika digita algo no Micropod, e o telão exibe o número trinta. Em seguida ela lê "Joshua Melles".
— A sua missão e visitar a casa de uma família que possui três Filhos. Você precisa levar os dois Filhos mais novos até o veiculo da Entidade, porém o Pai das crianças está armado. Um, Dois, Três... Que inicie o teste.
O rapaz sorteado é forte e tem os olhos grandes. Ele é careca, e está usando o capuz do sua jaqueta branca. O Pai da criança aponta uma arma para ele, e diz:
— Você não vai leva-los. – O pai é real.
A agilidade dele impressiona. Com seus pés, Joshua chuta entre as pernas do Pai das crianças. Pega a arma da mão dele. Enquanto o homem está sentindo dores, ele bate com a arma na nuca dele. O homem desmaia.
As crianças ficam indefesas e começam a chorar. Joshua pega-as e as leva até a Bolhx.
— Missão cumprida. – Anuncia Érika pulando de alegria.
Joshua sai com um sorriso no rosto, seu parceiro de quarto já está descendo as escadas. Eles se cumprimentam. Seu parceiro é tão forte quanto Joshua, e se chama Lúcio Grew. O cenário muda rapidamente, a casa é menor e os moveis são diferentes. Érika pega o microfone e relata a missão.
— Você está em uma casa onde os Pais fugiram com as crianças. O que fazer nesta situação? Um, Dois, Três... Que inicie o teste.
Lúcio abre o armário da casa e pega um facão. Ele começa a destruir todos os móveis, jogar alguns aparelhos no chão. Derruba mesas. Corta o sofá, também abre a geladeira e joga a comida no chão. A plateia vibra com o desempenho do rapaz.
Ele vai até a área de serviço, pega algum líquido. Espalha pela casa inteira. É gasolina.
Acende um fosforo e incendeia todos os compartimentos. Acho que o que vejo é um fogo falso, pois as chamas estão muito altas e não sinto calor algum. Érika caminha em meio às chamas e derruba um porta-retrato com a família sorrindo.
— Só faltou isso. – Ela ri assustadoramente, então o ambiente mudo para um quarto com poucos móveis. Sorteia o número 36, e chama Vivian Arture.
Vivian aperta minhas mãos ao ouvir seu nome. Pela primeira vez ela não sorri. Ela não gostou nada da brincadeira. Desce lentamente pelas escadas e vai em direção ao palco.
Para em frente a ele, e Érika diz.
— Uma espiã não pode ter medo... Queridinha, suba, venha! Rápido! Eu não mordo!
Vivian sobe as escadas e então vê quem está no cenário. Uma mulher e uma criança que possui Síndrome de Down.
— Sabemos que para o Governo qualquer deficiência em crianças é digna de penalização. Não podemos admitir gente desse tipo em nosso perfeito País. O que você irá fazer? Um, dois, três. Que inicie o teste.
Vivian vai até o veiculo da Entidade, pega uma arma e vai andando em direção a criança. A Mãe começa a chorar assustada com a derrubada de porta de Vivian.
Vivian pega arma, mira na cabeça da criança. Eu fecho os olhos e começo a chorar. Como Vivian tem essa coragem? Ainda mais ela que tem uma irmã especial. Escuto um disparo. Ela atirou.
Decepcionada, permaneço de olhos fechados e um alvoroço começa na plateia. Escuto sons de pessoas gritando, abro os olhos que estão cheios de lágrima e olho para o palco.
Vivian está jogada no chão. Do seu peito escorre sangue. A criança está bem. Sua Mãe e ele estão no canto da sala, abraçados e assustados. Começo a soluçar novamente. Vivian preferiu se matar a matar outra pessoa. Muitos na plateia estão chorando e escondendo o rosto em suas jaquetas.
Érika pega o microfone e fala:
— Ah, que pena mais um corpo para jogar no rio... Que bom que não precisamos beber essa água, né gente? Aqui na Entidade só temos água de melhor qualidade, vamos retirem esse corpo caído da minha frente agora! – Ela vai até a criança, se abaixa e diz com uma falsa voz suave.
— Enquanto você... Não pense que vai safar-se dessa. Teremos outros testes, provavelmente o seu destino é o mesmo dessa mocinha aqui jogada no chão.
Estou com vontade de socar Érika, e vou fazer isso, eu tenho que fazer isso! Desço as escadas correndo, ofegante e cheia de ira. Rapidamente, subo no palco. Vou até o veiculo da Entidade, pego uma faca.
Corro em direção a Érika e cravo a faca em seu braço esquerdo. Ela cai no chão de dor. Ela começa a gemer e a gritar, seu olhar me devora.
Percebo o que fiz e jogo a faca no chão. Vejo uma plateia me olhando. Devorando-me. Na primeira fileira vejo Nathan sorrindo para mim. Pelo menos alguém neste lugar tem um coração.
Érika está chorando de dor no chão. Alguns Agentes entram marchando pelo auditório. Eles estão vindo em minha direção. Não posso fugir. Agacho-me, próximo a Vivian, acaricio seu rosto e abraçando-a, eu choro soluçando. Vejo perto de sua mão a arma utilizada. Rapidamente pego e escondo na minha cintura.
Os Agentes me pegam pelo braço e me levam arrastada.
— Por favor, venha conosco.
Entramos em um elevador, ele aperta o botão "—158". Descemos durante alguns segundos. As portas se abrem, vejo um galpão com pessoas jogadas comendo lixo. Vejo ratos, crianças extremamente magras, o odor é forte demais.
Todos olham para mim. Os Agentes me jogam no chão e dizem.
— Aqui é a sua nova casa, seja bem vinda ao Esgoto.
Caio em uma poça de água suja, há várias delas espalhadas pelo grande local. Rapidamente minhas roupas mancham, eu também me machuquei ao cair no chão. Os Agentes me jogaram com tanta força, que acho que quebrei meu braço que foi cortado alguns dias antes quando eu derrubei o vaso.
Começo a chorar, e me sinto humilhada. Quando alguém me levanta, estende as mãos. Ele é magro, tem feição de doente. Olheira profunda, cabelos grandes. Ossos do corpo em evidência por detrás da pele. Ele não é forte. Suas veias estão incrivelmente em evidência. Ele é pálido, como todas as pessoas deste Esgoto, ele me dá medo. Então ele me estende a mão, levanta-me, e diz.
— Você precisa de ajuda?
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FILHOS - [COMPLETA]
Sciencefiction"Fãs de Jogos Vorazes e Divergente Vão adorar." Blog iDea #1 Em Ficção Científica por mais de uma semana. Pela telectela Vale vê anúncios com famílias de apenas três pessoas sorrindo e frases como: "A Mãe Terra está cansada de sustentar tantas cr...