Epilogo

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Vale está cansada de correr, desviar das Telectelas e quebra-las. As mortes que acabara de presenciar não foram fáceis. Seus amigos e desconhecidos já não estão mais vivos, e ela sente parte da culpa pelo acontecido. Imagina como será carregar este peso a sua vida toda? Seria a morte um lucro? Finalmente ela chega ao fim do corredor. Se curva colocando suas mãos sobre seus joelhos, respira fundo tentando recuperar o folego. Seu rosto está corado e seu uniforme molhado de suor. Ao se erguer novamente olha ao seu redor a procura de Daniel que desapareceu do corredor.

- Professor Daniel? Daniel? - Então um medo toma conta e o corredor escuro traz de volta a solidão que ela passava todas as noites em seu sótão velho e fedorento. Olha de relance ao seu redor a procura de Daniel. Nem o seu perfume paira no local.

Na parede esquerda do corredor, uma Telectela maior que todas as outras acende. Uma poltrona negra aparece. E uma voz robótica diz:

- Eu avisei, que a sua hora chegaria... Filha...

Primeiramente ela grita por Daniel que acabara de ser sequestrado e provavelmente morto? Em seguida uma ira nunca vista antes toma conta de Vale. Com seu taco ela começa a quebrar a grande Telectela, uma rachadura estilhaça a tela e peças começam a voar longe. O áudio começa a falhar, a imagem a sumir. Mas isso não impede que algo saia da Telectela e atinja o ombro de Vale. Ela percebe que tudo está girando. Ela solta o bastão, põem a mão em seu ombro e simplesmente cai no chão.

Ela acorda em uma sala muito iluminada. Seus pés estão presos com algum tipo de corrente.. A sala branca possui uma porta de cofre e inúmeras câmeras. Ela também está cercada de Telectelas Em cada uma está sendo transmitindo imagens do Esgoto. Todos estão chorando e se abraçando, como se soubessem que a hora do fim chegara. Vale lê na legenda da transmissão.

Faltam apenas cinco minutos para o massacre. Aprendam Filhos e Pais.

Vale percebe que a sua mochila está ao seu lado e lembra-se de uma coisa que encontrara há algum tempo. Ela precisava ver pela última vez sua Mãe sua irmã. Talvez olhar a foto encontrada nas cinzas trouxesse uma paz mínima. Nesse momento era isso que ela precisava.

Com cuidado Vale pega a sua mochila, retira o pequeno porta retrato e passa seus dedos sobre a foto de sua Mãe e sua irmã. A situação de dor e sofrimento apenas piorou, Vale começou a odiar com todo seu coração Abraão e começou sentir a falta de sua família, Daniel, Kato, Aiya, Maria, Vivian... Adrian. De repente, tudo que aconteceu tornou-se um fardo insuportável, pesado, sofrido... A hora de sua morte estava chegando, suas lágrimas caíram sobre a foto e nenhuma paz pode ser encontrada. Vale olhara atentamente para a pequena foto, quando percebeu uma pequena dobra no lado esquerdo.

Ela abre o porta-retrato. Retira a foto dobrada. Desdobra a foto e lê o que está escrito atrás.

"Uma família feliz: Pai, Mãe e Filha. (Aniversário de Alana)" A letra é clara e familiar: Teodora havia escrito.

Ao virar a foto ela vê três pessoas. Sua Mãe. Sua irmã e um homem. A poeira cobre o rosto de seu do homem (que é seu pai, segundo a pequena frase que o identificara), ela limpa com os dedos e um rosto é revelado. O rosto de Professor Daniel.

- Pai? - Vale larga o porta retrato e ele cai no chão. O vidro queimado que cobrira a foto se despedaça em milhares de pedaços pela pequena sala branca, e neste momento, o coração de Vale está no mesmo estado... Cheio de cacos.

FILHOS - [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora