Estamos a seis dias viajando. A Bolhax nos transporta por cima da grande floresta artificial que separa a Entidade da Cidade. Levamos comida suficiente para a viagem e durante esse tempo temos aprendido bastante a ter maldade no coração com nosso mestre Nathan. Estou lhe tratando com muita ironia, e ele já chamou a minha atenção algumas dezenas de vezes, mas não ligo. A Bolhax de Nathan é bem maior e mais moderna. Ela é feita para voar por altas alturas, possui vagas para até dez pessoas. O banheiro é minúsculo, mas já serve para algo.
A Bolhax retira energia do sol, por isso às vezes descemos rapidamente na floresta para abastecer durante o dia. Nathan conta que não podemos ficar muito tempo estacionado, pois existe uma facção que habita na floresta que saqueia o centro e viajantes que por ali passam.
— Já caçamos incessantemente este grupo de delinquentes, porém eles são ágeis demais. – Comenta Nathan a respeito do grupo.
Estou entediada de estar aqui nesse veículo. Cercados pelo céu, não há graça nenhuma ficar sete dias confinada em uma bolha de vidro. Na verdade não sei por que reclamar, já passei a minha vida toda presa em um sótão.
Cada vez mais a Bolhax desce em direção ao solo. Estamos em Nova Fábrica. Abe começa a sorrir, provavelmente ela está lembrando-se de sua família. Nova Fábrica possui luzes fortes e prédios altíssimos. Olho para o alto. Estou admirada com todos esses arranhas céus e a beleza que o lugar tem. Um trilho suspenso corta o bairro e um lindo trem de vidro passa com rapidez transportando alguns cidadãos. Por todos os cantos vejo pessoas bem vestidas caminhando com dezenas de sacolas e muitas crianças ao redor. Há um banner de um shopping próximo ao trilho do trem, vejo um casal com treze Filhos sorridentes. Há tantas pessoas andando para lá e para cá, mal posso ver o chão onde pisam.
As pessoas que possuem mais dinheiro, simplesmente pagam por seus Filhos. Vejo crianças mimadas correndo pelo bairro, chorando e esperneando pedindo para as suas Mães comprarem algumas coisas fúteis, provavelmente.
No céu vejo Bolhax de todos os tamanhos, elas flutuam com uma leveza e levam pessoas até os altos apartamentos.
— Meu bairro não é muito distante daqui. – Digo a Abe.
— Eu nunca saí de nova Fábrica enquanto eu estava aqui, como poderemos chegar lá?
— No fim do trilho, há um grande muro com uma grande entrada. Para passarmos da Periferia para cá, precisamos mostrar uma grande quantia em dinheiro aos guardas para que as portas sejam liberadas. – Respondo e continuo. – Onde a sua Mãe mora?
Então Abe digita algo em seu Micropod e mostra uma foto do arranha céu onde morava antigamente. Ele é geométrico e muito colorido.
— Chega de conversas. Vamos fazer logo o que viemos fazer. – Interrompe Nathan.
— Nathan, podemos comer algo de verdade? Acho que estamos com fome.
— Tudo bem. Mas antes troque de roupa no banheiro da Bolhax, ninguém pode nos ver assim.
Estou vestida com uma camisa branca simples e uma calça de couro preta, estou usando o mesmo sapato. Abe está com um vestido cor de sangue com um decote nas costas. Robson está com uma jaqueta jeans e uma calça cor de mel.
Nathan está procurando um restaurante mais próximo em seu Micropod. Ao encontramos voltamos a nossa Bolhax e somos guiados até o restaurante. Iremos comer em um lugar chamado Restô 378. O lugar parece um ovo e é muito pequeno. Rapidamente somos atendidos e eu peço um copo de salada de frutas. Nathan nos apressa para comer e em pouco tempo já estamos de volta a Bolhax.
— Não podemos entrar com esta Bolhax na periferia, então vamos deixar no estacionamento principal.
— Como iremos até a periferia? – Pergunta Robson retirando seu cinto.
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FILHOS - [COMPLETA]
Science Fiction"Fãs de Jogos Vorazes e Divergente Vão adorar." Blog iDea #1 Em Ficção Científica por mais de uma semana. Pela telectela Vale vê anúncios com famílias de apenas três pessoas sorrindo e frases como: "A Mãe Terra está cansada de sustentar tantas cr...