Depois do almoço, percebo o quanto zumbi ficou irritado depois que falou do seu Pai. Ele está sentado no chão escrevendo algumas coisas. Deixo Aiya por um instante e vou até zumbi lentamente, sento-me ao seu lado.
— Desculpe-me. – Digo
— Você está se desculpando de que?
— Percebi que você ficou irritado depois que falei do seu Pai.
— Você não deve se desculpar, a culpa é dele. Ele que está enganando todas as pessoas lá fora, não você. Você só é mais uma da vítima dele.
— Quer dizer que também estou sendo enganada? – Então zumbi pega todos os papeis rabiscando e entrega em minhas mãos.
—Você consegue entender? – Eu até que tento, vejo alguns valores, são folhas e folhas. Acho que são documentos. Então confesso que não consigo entender.
— Isso são escrituras de terrenos. Terrenos espalhados pelo País inteiro, para que o meu Pai quer tudo isso?
— Onde você pegou isso?
— Peguei um dia antes de vir parar aqui. Eu estava lá em cima. Ele ficava horas e horas em reuniões, e eu aproveitava essa distração para revirar seu escritório. Até que um dia ele me descobriu. Eu não entendo o porquê de todos esses terrenos, são todos gigantescos. Alguma coisa me diz que não é uma coisa boa, se eu estivesse lá em cima, eu descobriria.
— Eu também odeio meu Pai.
Não sei se devo tocar neste assunto, porém as palavras começam a desabar como águas. E eu me recordo de todos os pesadelos que tenho com ele, se eu visse a sua face seria pior? Lembro-me também da noite passada.
— Desde que ele me abandonou, eu sonho com ele todos os dias. Ele não tem face, sempre tenta me agredir. Quando não ele corre até a pessoa que eu mais amo, minha Mãe. Ontem você me defendeu dele.
— Como assim?
— Em meio a nevoa do Esgoto, com um taco de beisebol.
Zumbi se levanta rapidamente e vai até a grande caixa de madeira pega uma sacola comprida e fina. Ele retira um objeto de lá de dentro. Ele é claro e possui algumas listras vermelhas. É um taco de beisebol.
— Um taco? Como este aqui? – Ele entrega o taco em minhas mãos. Ele é pesado e sólido. Ele me transmite uma segurança. Queria poder ter visto meu Pai caído no chão por causa do taco. – Pode ficar, é seu.
— Meu? Para que eu vou querer isso? – Eu entrego rapidamente o taco na mão dele. – Eu não sei usar isto.
— Receba como um presente. Isso aqui só ocupa espaço nessa caixa. A Entidade enviou isso para incentivar esportes aqui em baixo, porém apenas um e sem bola não serve para nada. Se isso transmite uma boa memória a você, fique com ele e use-o para matar seus demônios.
Ele me entrega o taco novamente. Ele parece custar caro. Deslizo meu teco pelo objeto de madeira e sinto sua textura. No topo do taco está escrito algo. Por curiosidade viro-o e leio: "Um segundo Filho é como uma bola de beisebol: merece voar para longe, então use isto.".
— Isto só pode ser coisa do departamento de propaganda. Eles vivem para espalhar essas coisas pelo País.
Zumbi pega o taco de minhas mãos, e com uma pequena faquinha raspa os escritos. Ele vai até a sua mesa, faz algum movimento que eu não consigo ver. E me devolve o taco.
Então pede para ficar só, ele precisa terminar de estudar essas escrituras. Eu me levanto e vou com o taco até Aiya. Ela está conversando com Lúcia. Sento-me próximo delas e Aiya pega o taco de minhas mãos.
— Que legal, onde você conseguiu isto?
— Com ele. – Aponto para zumbi que está seriamente concentrado em suas escrituras. Suas sobrancelhas estão franzidas. Não há sorriso. Já posso imaginar, a cada frase que ele lê naqueles papéis ele se decepciona mais.
Lúcia pega o taco das mãos de Aiya, e começa a admirar.
— Ele é lindo, me deu até vontade de jogar.
Eu fico em pé, e vou até uma das caixas de suprimentos. Retiro uma das rodas, e jogo em direção a Lúcia.
Lúcia com uma agilidade rebate na roda. A roda vem em minha direção e eu pego. A bola veio com força, e isto só me fez lembrar que a minha mão está machucada. Largo rapidamente a roda no chão, e com a outra mão aperto meu pulso para tentar estancar o sangue que começa a sair.
Lúcia joga o bastão no chão e corre em minha direção. A dor está forte, mas não tão quanto ontem. Aiya pega o bastão do chão e se distrai. Acho que ela não percebeu a minha dor.
— Você está bem? Nossa, me desculpe! Eu tinha me esquecido que você estava machucada.
— Eu também. – Dou um sorriso a ela, e digo que talvez não seja bom incomodar zumbi. Ele está concentrado e pediu um tempo só. – Eu posso aguentar um pouco, não está doendo muito.
Então Lúcia me leva até Aiya que está com os olhos brilhando e sorrindo.
— O que foi moça? – Pergunto dando uma tapinha em suas costas.
— Acho que ela viu um passarinho azul. – Comenta Lúcia.
— Ei Lúcia, Mamãe falava isso. Aiya conheço esse rosto, tem garoto no meio. Conta para gente vai...
— Não vai esconder esse segredo da gente, né?
— É o Rodrick? Não, eu acho que é o Silas...
— Quem são esses? Eu sou nova, não conheço ninguém aqui Lúcia. – Então imediatamente Lúcia me aponta para um grupo de rapazes que esta rindo perto das colunas do Esgoto. Rodrick tem as orelhas grandes, e Silas possui sardas no rosto.
— Tem garoto no meio, mas não tem a ver comigo... – Ela dá um sorriso cínico.
— Tem a ver com quem então? Lúcia?
— Comigo? – Lúcia começa a rir.
— Nem com você e nem comigo Lúcia, tem a ver com Vale.
— Vale? Não vai me dizer que o louco do seu irmão a quer. – Comenta Lúcia
— Ele não, mas Adrian...
Aiya entrega o bastão na mão de Lúcia. Ela lê o que está escrito no topo. Mas Zumbi não havia raspado os escritos? Seu rosto se ilumina e ela passa para mim o bastão.
Eu pego, levo meus olhos até o topo e consigo enxergar uma escrita a caneta:
"Para uma garota linda e forte. Mate seus demônios, use isto.".

VOCÊ ESTÁ LENDO
FILHOS - [COMPLETA]
Ciencia Ficción"Fãs de Jogos Vorazes e Divergente Vão adorar." Blog iDea #1 Em Ficção Científica por mais de uma semana. Pela telectela Vale vê anúncios com famílias de apenas três pessoas sorrindo e frases como: "A Mãe Terra está cansada de sustentar tantas cr...