A floresta é escura e fechada. Existe apenas esse caminho por onde a Bolhax está nos levando. Escuto grilos e animais noturnos produzindo sons. Árvores com formas muito bonitas, outras são assustadoras, olhando bem podemos ver que realmente tudo é feito de plástico. Vejo que há uma pequena janela em cima da Bolhax. Me solto da poltrona. Abro o teto e coloco metade de meu corpo para fora do veículo.
Meus cabelos estão ao vento. Um vento frio e gostoso.
— Venham ver isso! – Chamo Abe e Robson.
No mesmo momento eles levantam-se e surgem ao meu lado. Admiramos as árvores, os pequenos insetos que surgem. Eles são verdes e brilham. São vagalumes. Eles estão por toda parte, eu tenho certeza que toquei em um! Vagalumes parecem estrelas, só que menores. Nós três estamos sorrindo. Levantamos os braços e começamos a gritar. O vento está tão forte e até parece que a qualquer momento nós iremos cair da Bolhax.
Descemos da porta da Bolha quando percebemos que iremos entrar em água. A nossa bolha fica totalmente submersa no lago. Ela também é submarina. A velocidade está mais rápida, e eu posso ver apenas vultos de peixes e alguns animais que não consigo identificar. O lago é sujo e escuro.
As outras Bolhax continuam ao nosso lado. Em pouco tempo estaremos em nossa nova casa, o dia já está clareando.
— Estou com fome. – Diz Robson.
— Talvez tenha algo para comer em nossas mochilas. – Então tiro meu cinto e vou até a minha mochila que está encostada próximo ao computador. Ao abrir vejo muitos objetos e uma sacola com frutas dentro. – Olha o que tem, posso verificar a de vocês? – Eles respondem que sim, e eu começo a abrir. Um pequeno balanço me interrompe. Saímos da água.
Pego as frutas e comemos ao admirar a beleza da colina e as suas árvores que dançam com o vento. Vemos alguns Filhos acenando para nós de outras Bolhax e retribuímos. Minhas pernas não param de balançar, estou ansiosa e quero chegar logo em minha nova casa. Não apenas chegar, mas sair dela e ir para as ruas. Ninguém consegue me informar se tudo lá fora está destruído ou não, se me falarem algo? Devo acreditar? Não posso firmar uma confiança em alguém.
Após horas de viagem estou no topo da colina. A casa de espionagem é negra e iluminada. Ela possui um design moderno e elegante. Possui uma infinidade de janelas com vidros escuros. Por causa disso não posso ver como são os quartos. A porta principal localiza-se após uma comprida escadaria. Vasos de pequenos pinheiros decoram a frente do grande palácio e uma fonte ilumina e produz um soma agradável no pé da escada. Subo as escadas deslizando meus dedos pelo corrimão gelado e brilhoso. Os olhos dos novos Filhos estão iluminados com tanta beleza e luxuria.
Estamos em frente à portaria. Em cima da porta, há uma placa reluzente com as palavras "Casa de Espionagem Luottos". Abrimos espaço e Frederic sobe as escadas e se posiciona em nosso meio.
— Sejam todos bem vindos, e sintam-se em casa. – Ele diz. Olho para Abe e sorrio. – As regras são nítidas. Hoje vocês receberam um Micropod com algumas instruções. Irão fazer uma pequena prova amanhã de manhã e receberão o resultado no mesmo instante que finalizarem. Em seguida, conheceram o seu instrutor que levará vocês ao lado de fora, lá na cidade. Precisarão cumprir algumas missões muito simples e reais.
Missões reais. Isso é o que eu mais temo, precisarei ferir alguém? Então ele continua.
— Ao entrarem verão uma grande mesa com vários Micropods, escolha o que mais agrada você e sente-se em uma poltrona. Em breve Alice irá chegar, e levará vocês a um tour pela sua nova casa.
Escolho o meu Micropod na cor rosa, eu quero lembrar-me de minha Mãe e de seus objetos encontrados no lixo. A entrada possui um grande lustre com formas abstratas e dezenas de poltronas que formam um grande circulo. Circulo centralizado por uma mesa onde os Micropods estavam. O chão é um mármore negro. Não há escadas, apenas dezenas de tubos transparente que servem de elevadores, creio eu. Rosas vermelhas decoram o local elegantemente e entram em contraste com o teto de figuras geométricas nas cores pretas e brancas.
Escuto alguns passos e vejo uma moça elegante e com uma postura invejável. Seus cabelos batem nos ombros, seu rosto é fino e muito bem maquiado. Ela é magra, alta e possui um rosto que transmite intelectualidade. Seus braços são longos e finos e ela está vestida com um casaco escuro que chega até os pés. Alice Luotto.
— Olá a todos, desejo as boas vindas. – Diz Alice ao caminhar em direção ao centro do circulo de poltronas. – É uma honra recebe-los em nossa casa que vocês conhecerão agora. Por incrível que pareça, eu já os conheço muito bem. Recebi seus dados durante a madrugada de transporte e espero não ter problemas graves com nenhum de vocês. Sintam-se livres para me chamarem de Mãe.
Olhares curiosos de Filhos da espionagem nos cercam por onde andamos. A decoração do prédio é padrão. Cores escuras contrastando com cores claras, iluminação fraca. Objetos abstratos espalhados. O refeitório é elegante e espaçoso, o auditório é grande o suficiente para uma cidade inteira acomodar-se sentada. Nosso quartos são bonitos e muito confortáveis. Gostei deste lugar.
Andamos por vários locais da nossa nova casa. Estamos cansados e com fome. A resposta de Alice é imediata, recebemos ordem de ir até o refeitório. Nosso almoço é ao lado dos Filhos que já estavam aqui quando chegamos. Eles usam casacos compridos e escuros com calças brancas e camisas brancas. Esse é o nosso novo uniforme.
A comida servida é uma deliciosa carne com purê de batatas, um molho adocicado que não sei identificar e vegetais. O refeitório possui um segundo andar de livre acesso a todos. Alice e Frederic comem no meio de todos os novos Filhos, conversam conosco como se nos conhecessem a muito tempo. Uma música alegre toca no fundo e alguns Filhos se balançam sentados mesmo ouvindo o bom som.
Alice nos informa que nossos Micropods nos levarão até o nosso quarto e que ao chegarmos lá, precisaremos dividir nossos quartos com as mesmas pessoas que vieram na Bolhax conosco. Se quisermos mais conforto, devemos conectar nossos Micropods nas Telectelas presentes em cada quarto.
Fazemos isso. Escutamos dezenas de informações, históricos e estratégias. Anotamos o necessário nos Micropods e discutimos algumas coisas. Amanhã de manhã bem cedo, nossos cubos receberão a prova que precisamos responder.
Abe está curiosa mexendo em seu Micropods.
— Eu sempre quis ter um desses, mas infelizmente as condições de Mamãe não me deixavam comprar um. – comenta Abe.
Então ela aperta em uma opção de câmera. Aponta em nossa direção e podemos claramente nos ver no cubo que ela segura. Damos um sorriso, ela seleciona a opção selfie e um flash bastante forte sai dos quatro cantos do aparelho. Abe, Robson e eu sorrimos na hora, e a foto está lá gravada e eu estou cega.
— Vamos criar uma conta no Tinup. – Diz Robson.
O Tinup é uma rede social muito utilizada nos lugares mais refinados do País. Lá podemos postar informações como fotos e conversar com pessoas que estão em lugares muito distantes de nós através de um chat. Crio uma conta.

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FILHOS - [COMPLETA]
Fiksyen Sains"Fãs de Jogos Vorazes e Divergente Vão adorar." Blog iDea #1 Em Ficção Científica por mais de uma semana. Pela telectela Vale vê anúncios com famílias de apenas três pessoas sorrindo e frases como: "A Mãe Terra está cansada de sustentar tantas cr...