Capítulo 45

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Pergunto de casa em casa se alguém conhece alguma vidente ou casa de vidência. Nenhum resultado durante as primeiras horas. Estou com sede e cansada, então avisto um asilo e decido entrar para pedir água. O estado do asilo não está muito distante dos orfanatos encontrados em nova fábrica. Engulo o choro.

Uma movimentação chama a minha atenção nos corredores. Alguém está gritando inúmeras vezes a frase "Os Filhos voltarão a sorrir, tudo irá mudar." Abandono meu copo com água em cima de um balcão velho de madeira e por curiosidade vou olhar.

A gritaria para. Então a senhora corpulenta que estava gritando vira seus olhos cegos em minha direção. Seu rosto é familiar.

Ela é Amanda Hustock.

Amanda passa seus dedos sentindo meu rosto. Ela possui a beleza de Adrian, seria mais bonita se fosse mais bem alimentada.

— Eu sabia que você vinha... – Ela sussurra. Um calafrio percorre meu corpo. – Tudo vai mudar... Os Filhos voltarão a sorrir... – Seu cabelo está coberto com um capuz vermelho, mechas de seu cabelo branco caem sobre os ombros.

— O que vai mudar? Do que você está falando?

— Tudo vai mudar... Eu vi...

Pego em seus braços e levo-a para um quarto pequeno e sem móveis. Ela não para de tocar em meu rosto e isso já está incomodando-me.

E finalmente ela responde.

— Tudo vai mudar... Eu vejo... – Ela suspira como uma pessoa apaixonada. – O laço da morte cercará o pescoço daquele que traz sofrimento e dor... O laço será desenhado por seu próprio Filho e na hora do enforcamento, o poder que ele tem em suas mãos se dissipará... Tudo vai mudar... Os Filhos voltarão a sorrir. – Então ela começa a gritar novamente. – Os Filhos voltarão a sorrir! Tudo vai mudar! Eu vi! Tudo vai mudar! Os Filhos voltarão a sorrir! Tudo vai mudar! – Sua voz soa alegre e finalmente afasta seus dedos de meu rosto, ela eleva suas mãos ao alto como se estivesse tentando pegar algo. Ela sorri. Seu rosto está iluminado. Sua alegria envolve-me e novamente ela me toca.

— Eu sabia que a hora iria chegar... Eu vi... Eu contei a ele, mas ele não acreditou...

– Ele quem?

— O Pai... Eu contei a ele... Contei o que eu vi... O laço... A forca... O Filho... A vingança... A coroa no chão.., Eu vi... – Então ela vira as costas para mim, se ajoelha e começa a chorar como se estivesse sentindo uma dor torturante. – Então foi ai, quando eu revelei... A matança começou... Os Filhos conheceram a morte... Ele está atrás do Filho que desenhará o laço, projetará a estrutura da forca... – Rapidamente ela se levanta e muda de expressão. – Este Filho é você.

FILHOS - [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora