Capítulo 28

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A programação da Telectela é interrompida e o Senhor Godsvill aparece.

— Ótimas noticias. Foram executados nesta manhã os famosos salteadores de Nova Fábrica. O Governo informa que recebeu durante a madrugada a denuncia do esconderijo dessas pragas.

Eu salto do sofá. Como isso aconteceu? Robson percebe meu rosto de pânico e vem em minha direção.

— Como isso pode ter acontecido? – Ele questiona.

— Isso não pode ser verdade, tem que ser alguma noticia manipulada.

— Vocês ainda defendem esses bandidos? – Diz Abe. Próximo a ela está uma maleta. Ousadamente levanto-me e vou em direção a mala. Ela impede, mas eu tiro suas mãos com força.

Ao abrir a mala vejo muitas notas de real. A expressão de Abe confirma tudo.

— Porque você fez isso? – Grito com Abe. – O que você fez? Você viu quantas pessoas morreram? Pessoas inocentes!

— Não eram inocentes, eles eram ladrões. – Responde ela.

— Ladrões ajudavam os pobres de lá da periferia, e agora, como eles vão ficar?

— Que trabalhem! Precisam parar de ser VA-GA-BUN-DOS e precisam fazer o que todos fazem aqui em Nova Fábrica.

— Você fala isso porque não era a sua Mãe que trabalhava todo tempo naquele lixão.

— Meu, cala essa sua boca!

Então eu não me contenho e pulo com minhas mãos no pescoço de Abe. Caímos no chão e derrubamos alguns moveis. Dou um soco no rosto de Abe e ela puxa meus cabelos. Com minhas unhas eu arranco a mão de Abe dos meus cabelos, e vejo rapidamente a vermelhidão e seu pulso.

Robson tenta nos afastar, mas se torna algo em vão. Ele grita "Parem com isso!" dezenas de vezes. Mas essas palavras de ordem não me impedem de dar vários socos em Abe. Então alguém me tira com força de cima de Abe.

Um homem que usa óculos redondos, ele barbudo e sério.

— O que vocês estão fazendo? – Ele diz alterado. Esse tom de voz não combina com a sua aparência amigável.

Então a Mãe de Abe vem correndo do seu quarto e muito assustada pergunta.

— O que aconteceu Daniel?

— A sua Filha e essa outra garota estavam brigando.

— Vale. Meu nome é Vale. – Estou ofegante.

— Posso saber por que vocês estavam brigando? – Então eu ignoro a pergunta. E a Mãe de Abe vê a grande mala com dinheiro e sorri. – De quem é tudo isso?

— De ninguém! – Responde Daniel.

Ele pega a mala, fecha e põem debaixo dos seus braços.

— Isso vai para um destino melhor. Não precisamos disso amor, muito menos esses adolescentes. Vou levar lá para a periferia.

— Mas isso não é justo! – Grita Abe. – Me devolve! – Só o escuto respondendo com em alto e bom tom: "Não!".

FILHOS - [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora