Capítulo 30

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A cada passo que dou o assoalho range. A qualquer momento essas madeiras irão quebrar-se. Uma senhora gorda está lendo alguma revista na entrada no orfanato. Aproximo-me dela.

— Oi, tudo bem? – Digo, e se dirige a mim com um olhar de desprezo que responde a minha pergunta. Então Nicholas me puxa e atravessamos a entrada. Estamos em um corredor empoeirado e comprido, cheio de portas. A minha frente está Nicholas, Robson e o Professor Daniel. Abro uma das portas do corredor e o que vejo não tira algum sorriso de mim.

Nestes quartos as crianças estão sujeitas aos piores cenários que se pode imaginar. Vejo uma pequena criança amarrada a um banco. Ela é extremamente magra, e possui alguma deficiência. Ela não para de balançar. Agacho-me e digo "Oi".

Em momento algum ela olha para mim, parece estar distraída. Olho na direção que ela está olhando, então vejo uma boneca velha jogada no chão. A boneca está completamente tomada por teias de aranha, por quanto tempo alguém não brinca com ela? Levanto-me, limpo a boneca e entrego na mão da garotinha. Ela não segura, pois não tem forças nos braços. E como se eu não estivesse ali, ela continua olhando para o nada.

— Como é o seu nome? – Pergunto, todavia ela não responde. – Está tudo bem garotinha?

Escuto um choro sofrido e agudo. Ele está vindo de trás de mim. Robson apressa-se e vai até um berço sujo e velho. O rosto entristecido dele é assustador. Vou até ele e posso ver uma pequena criança. Ela está definhando. Uma pequena placa informa seu nome: "Sem nome". Ela não possui um nome. Seus Pais a abandonaram provavelmente porque nasceu com um dos braços defeituosos. Ela está chorando e se contorcendo, está sentindo dores? Está com fome? Quer carinho? Ela como todas as crianças daqui foram abandonadas para morrer.

Estamos em um almoxarifado, Nicholas está procurando alguns documentos que mostrem o total de crianças que foram largadas aqui. Então ele encontra um documento que mostra que no atual mês, duzentos e trinta e duas crianças foram abandonadas aqui. Nós já andamos por todo o orfanato, e contamos exatamente quarenta e oito. Volto até a senhora gorda da portaria, e ela permanece com seu rosto de desinteresse.

— Onde estão as outras crianças?

— Elas se foram. – Ela me responde como se fosse a coisa mais comum do País.

FILHOS - [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora