8. Morte

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Tara Tagore só queria um energético ou qualquer bebida que pudesse espumar em sua boca e lhe dar energia. Não sentia fome, mas seria forçada a comer todos aqueles legumes, como uma criancinha. Talvez um cigarro lhe caísse bem, mas nem mesmo isso era permitido no Instituto.

Suspirou pesadamente, misturando sua comida no prato. Liz estava em silêncio do outro lado da mesa, olhando em volta, analisando as pessoas do refeitório.

— Quem era aquele garoto? – Manwete indagou, chamando a atenção da indiana, que mantinha sua expressão de tédio constante – Cabelos cacheados, loiro, olhos claros...

— Bo Skoog, um idiota – Tara deu de ombros – Não fale com ele se tiver planos de recuperar a sanidade aqui.

A novata ficou em silêncio, mastigando. Tara nunca tivera uma colega de quarto que não se assustasse com sua aparência, era bom ter alguém com uma loucura parecida com a sua. Ainda assim, sabia que Liz – apesar de durona – não se acostumara com sua rudeza, mesmo que Tagore não quisesse parecer grosseira ou arrogante. Não era de falar muito, nunca fora, dizia apenas o necessário quando necessário e muitas vezes causava uma péssima impressão por seu olhar cínico. Nunca fora sua intenção assustar a todos.

— Por que nós não temos uma terceira colega de quarto? – Mawete questionou, olhando em volta.

— Eu tinha, Wendy recebeu alta há um ano – a indiana informou, tomando um gole do suco de laranja que mais parecia um soro ruim.

A garota de cabelos azuis encarou Tara por um tempo, como se esperasse por mais informações, tais as quais a indiana não queria dar. Não gostava de retomar toda essa história, não eram
boas memórias – na verdade, mesmo depois de tanto tempo, ainda mantinham-na acordada à noite.

— E a outra? – Liz perguntou, finalmente, ao perceber que a continuação não viria.

— Georgia se matou três meses atrás – Tagore disse, de uma vez, esforçando-se para não deixar sentimentos transparecerem.

Mawete segurou a respiração por um tempo, então soltou-a, como se processar a informação fosse algo difícil. A indiana deu de ombros e tomou mais um gole do soro de laranja, que desceu com o gosto da bile em sua boa.

— Sinto muito – foram as palavras de Liz. Tara deu de ombros.

Um silêncio pesado tomou conta da mesa das garotas, fazendo com que Tara desejasse apenas sumir. Respirou fundo e levantou um dedo para sua colega de quarto, pedindo um minuto. Levantou-se e buscou Bo com o olhar, encontrando-o na mesa de sempre, sozinho, os pés na mesa enquanto tomava seu suco, observando todos os outros com seu queixo erguido.

A garota desviou de todos em direção ao rapaz, sentando-se no banco vazio a sua frente. Skoog sorriu, arqueando uma sobrancelha e tirando o copo de seus lábios. Tara não retribuiu.

— Preciso de algo para mascar – Tagore falou, quase num sussurro, como se o assunto fosse extremamente confidencial. Talvez fosse, mas não era como se os funcionários estivessem ouvindo.

— Tabaco? – ela assentiu. O garoto pensou por alguns segundos – Acho que tenho um pouco em meu quarto, consegue esperar?

Um "não" quase escapou de sua boca, mas Tara o conteve, apenas anuindo com a cabeça e voltando para sua mesa.

Não gostava de Bo, de como era manipulador e babaca, mas era o único dali que fornecia drogas. Por outro lado, Tara tinha um certo instinto protetor, se preocupava com a grande maioria dos pacientes dali – mesmo que não os conhecesse –, e as drogas de Skoog dificultava a melhora de muitos deles. Assim como dificultara a melhora de Georgia.

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