33. Depois

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      Sinceramente, era pedir muito dormir mais de três horas?

     Liz estava exausta. Exausta de lutar, exausta de correr, exausta de pensar, exausta de existir.

     Saiu correndo pelos corredores, ainda abotoando seu uniforme e prendendo o cabelo num rabo de cavalo para não ter que se preocupar.

     — Ei, Liz! – o sotaque italiano conhecido soou pelo local.

     — Desculpa, eu estou com pressa! – ela se virou na direção de Vincenzo rapidamente e acenou com um sorriso, sem parar de correr.

     Ele franziu a testa, ainda sorrindo, e continuou parado onde estava.

     Desejava poder compartilhar com ele tudo que estava acontecendo e explicar o motivo de estar sempre tão ocupada, mas realmente não queria envolvê-lo em todo aquele filme de terror sem necessidade.

     Ela só esperava sobreviver até o final para poder sentar com ele na varanda de madrugada e fumar maconha enquanto conversavam sobre a vida de novo.

     Quando estava quase chegando em uma encruzilhada, viu Kim correndo com as crianças, vindo da direção contrária, e Lukas ofegante com os cabelos molhados e sem o macacão branco saindo de outro corredor.

     — Temos alguma arma? – Lukas perguntou assim que os cinco outros se aproximaram.

     — O Ronan. – Kim falou séria. – E a Liz.

     Lukas encarou Ronan, que assentiu e depois Liz. A garota estralou os dedos e assentiu também.

     O grupo continuou até a enfermaria, guiados por Lukas.

     O coração de Liz batia aceleradamente, não apenas pelo exercício, mas também pela adrenalina. Mesmo que já tivessem passado pela situação várias vezes, ela não conseguia evitar o medo e a angústia que se instalava em seu peito. E se chegassem tarde demais?

     Mais que tudo, ela não queria perder a única amiga que já tivera. Ela e Tara se conheciam há pouco tempo, porém uma situação como a que estavam vivendo unia demais as pessoas, criava e fortalecia os laços antes tênues.

     A enfermaria estava um caos. Havia sangue para todos os lados, as macas estavam espalhadas por todo o local e o chão repleto de pílulas e recipientes de remédios quebrados. De soslaio, viu Nico pegar a mão de Noah, e o mais novo apertar a de Ronan com força. Se não fosse tão trágico, seria uma cena adorável.

     No fundo da sala, Tara havia empurrado a maca de Bo para trás e estava posicionada com seu canivete entre ele e um enorme monstro, que agora desviara atenção dos dois para os recém-chegados.

     Sem pensar muito bem sobre o que estava fazendo (como sempre), Liz lançou-se contra o monstro, derrubando-o no chão e rolando para longe logo em seguida, dando uma cambalhota para levantar.

     As pernas da criatura ainda eram humanas, o uniforme verde de funcionário permanecia ali, então aplicou o golpe mais simples e eficaz disponível no momento, pisando com toda sua força no tornozelo do monstro.

     Levantou a cabeça para Tara, que entendeu a mensagem e atacou a besta com seu canivete, ficando-o na região do coração e depois cortando sua garganta.

     A indiana fez um gesto com a cabeça, sua forma de agradecimento.

     — Por que seu cabelo está molhado? – Ronan perguntou para Lukas, quebrando o silêncio.

     — Vocês não andam tomando banho, não? – ele franziu a testa em resposta.

     — De quem é todo esse sangue? – Kim mudou de assunto.

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