25. Sincronia

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     Liz saiu caminhando pelos corredores sem um destino exato, só estava tentando evitar monitores de corredor e outros funcionários que pudessem fazê-la voltar para a aula qualquer que ela não queria ter.

     Deixara-se ser internada para melhorar, planejara ser uma boa paciente e permitir-se ser curada do transtorno qualquer que ela tivesse. Mas agora não queria mais. Na primeira falha de seu sistema de controle, ela já estava com vontade de desistir de tudo.

     Continuou andando, até chegar na varanda onde estivera na noite que conhecera o italiano sem nome. O espaço era relativamente grande, o suficiente para que ela pudesse fazer alguns exercícios de musculação para tentar relaxar.

     Não adiantava muito, mas pelo menos era uma distração. Seria bom se tivesse uma academia no Instituto, com alguns sacos de pancada e um ringue de luta.

     Ringues de luta traziam memórias tanto boas quanto ruins para Liz. Ela não gostava de admitir, mas no fundo sabia que gostava de ser como era. Da agressividade que a transformava em outra pessoa, que a deixava forte o bastante para machucar as pessoas.

     Só que quando passava, quando voltava a ser ela mesma, as memórias se tornavam ruins, pois se sentia culpada pelo que fizera. Era como se perdesse a consciência quando ficava irritada e encontrasse-a novamente depois que o estrago já havia sido feito.

     Começou alongando os braços, contando a respiração. O sol refletia em sua pele brilhante esquentando seu corpo.

     Como seu circuito em casa envolvia aparelhos de musculação, que obviamente a varanda não forneceria, teve de improvisar, iniciando pelos exercícios finais, abdominais e flexões.As colunas de cimento que enfeitavam as paredes, fazendo uma espécie de telhado, serviam bem como barras.

     — Uau, alguém está ativa hoje. – o sotaque italiano fez Liz congelar onde estava, no meio do caminho para subir seu corpo pela trigésima vez.

     Ela se soltou e virou para trás, limpando o suor da testa. Seu macacão estava totalmente aberto, as mangas compridas amarradas em sua cintura.

     — Não precisa parar por causa de mim. – o moreno sorriu, cruzando os braços.

     — Não seja tão convencido, uma lutadora precisa descansar.– ela brincou.

     — Então... – ele deu um passo para frente, para ficar mais perto de Mawete.

     — Faz tipo uma hora que estou aqui treinando, se eu fosse você não me aproximaria. – alertou dando um passo para trás, fazendo o italiano rir.

     — Tudo bem, podemos conversar a distância. – ele se sentou no parapeito. – Eu vim esclarecer uma coisa que acho que te confundiu.

     — Fiquei curiosa agora. – ela franziu a testa.

     — Seu nome. A cara que você fez quando eu te chamei pelo nome. – o mais alto coçou a nuca, desconfortável. – O Lukas mencionou quando cheguei no quarto com você de manhã, não quero que pense que estou te perseguindo ou alguma coisa assim.

     — Ai meu Deus! – Liz não pôde conter a gargalhada que escapou de seus lábios. 

     — O que foi? – ele claramente estava confuso, talvez pensasse que Liz estava rindo dele, então ela parou e respirou fundo antes de se explicar.

     — É que eu passei as últimas horas me estressando e tentando montar um plano para fazer você me falar seu nome, porque achei que tinha esquecido, mas na verdade nós nem nos apresentamos!

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