Liz acordou de madrugada. Estava escuro lá fora, mas não tanto, pois conseguia enxergar em volta bem o suficiente para saber que estava sozinha.
Sentia sede, porém fazia ideia de onde poderia arranjar água. E mesmo que Tara estivesse ali, não era como se fosse acordá-la para perguntar.
Quem sabe encontrasse a colega de quarto no caminho.
Esquecendo-se de todos os perigos do Instituto, a jovem saiu do dormitório, vestindo seu pijama curto e esfregando os olhos.
Não sabia para onde ia, mas continuava andando, na esperança de virar um corredor e encontrar alguém para pedir informação ou um copo de água que pudesse magicamente ter adivinhado que Liz estava com sede e gentilmente se colocara em seu caminho.
Infelizmente, nenhuma dessas coisas aconteceu.
Mawete já estava do outro lado do andar, perto dos quartos masculinos, quando um vento gelado fez um arrepio subir por sua espinha. E não era por causa do frio. Era puro medo.
Todos os eventos de mais cedo voltaram a sua mente. A partir deste momento, sequer considerava a possibilidade de não encontrar um monstro mais, tinha certeza que o que quer que tivesse deixado a porta da varanda - que ela agora via estar apenas encostada, e não fechada - aberta, iria matá-la.
Liz havia assistido filmes de terror o suficiente para saber que deveria dar a volta e voltar para seu quarto e não ir checar o que era a sombra debruçada no parapeito. Podia muito bem ser Tara, mas não ia correr o risco. Tara deveria estar na cama de Bo à essa altura. Ou de Lukas.
Deu um passo para trás e se virou, tentando fazer o mínimo de barulho possível.
— Está perdida? – uma voz masculina indagou.
— Não. – respondeu congelada no lugar.
— Ei, você está com medo de mim? Desculpe, não quis te assustar. Fique tranquila, não sou um monitor, não vou te escoltar até seu quarto e te trancar lá.
Ela suspirou aliviada. Até agora nenhum paciente havia se transformado em um monstro, então ela provavelmente estava segura.
— Você sabe onde eu posso encontrar água? Estou morrendo de sede. – explicou para o moço alto parado na porta.
Liz não podia ver direito seu rosto, mas identificava com facilidade o cabelo negro caindo nos olhos e as covinhas bem demarcadas em suas bochechas pálidas. Ainda não o conhecia, sequer vira aquele garoto antes.
— Tenho água e comida aqui, mas só deixo você se juntar a mim se prometer não contar meu segredo. – deu um sorriso malicioso.
Interrompeu a caminhada, assustada. Não tinha nenhuma arma e tinha deixado seu walkie-talkie no quarto. Sua técnicas de luta não iriam funcionar contra um monstro, mas ela iria tentar de qualquer jeito.
— Calma! – ele falou com as mãos para cima, percebendo o terror na expressão de Mawete.
Entre seus dedos, havia um cigarro de maconha aceso.
— Ah... – ela deu um sorriso envergonhado.
— É... – ele sorriu de volta, as covinhas aparecendo de novo.
Ele se afastou, liberando um espaço apertado para Liz passar para fora.
— Não está com frio? – o jovem apontou para o braços arrepiados de Mawete.
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Éden
Science FictionO Instituto Psiquiátrico New Eden é um local acolhedor que preza pelo conforto e pela restauração mental de seus jovens pacientes. No entanto, quando monstros se infiltram no local, oito residentes passam a se perguntar se o que vêem é real ou se é...