9. Alucinação Coletiva

119 37 11
                                    

     Liz estava sentada em sua cama, escrevendo tranquilamente em seu diário quando Tara invadiu o quarto, aquele garoto esquisito, Bo, logo atrás. Ninguém disse nada, os três apenas se encararam em silêncio. Tara tinha os olhos arregalados, mas Bo mantinha a mesma expressão indiferente, que era a única que Tara havia visto até agora.

     — O que foi? – perguntou finalmente.

     — Quão louca você acha que eu sou? – Tara falou, ainda segurando a porta aberta no lugar.

     — Antes de você entrar, só um pouco, agora eu já não sei mais. – declarou com cautela.

     Tara suspirou e passou a mão no rosto, liberando a porta, que quase fechou, deixando Bo para fora, mas ele deu um passo para frente e impediu a colisão com o pé.

     — Nós precisamos de ajuda, você  vai entender quando vir. – a colega de quarto assegurou.

     Liz respirou fundo, considerando suas opções. Não devia ser nada de mais, mas se Bo estava envolvido, a probabilidade de ser encrenca era grande. Ela já percebera que ele não era uma companhia muito segura e agradável.

     — Se eu me foder por causa disso, eu vou matar vocês dois. – levantou bufando.

     — Olha... 

~

     Era uma mulher. Sangrando no chão do quartinho de limpeza do corredor. 

     Ele estava claramente morta, o sangue já havia parado de escorrer inclusive.

     — Mas que porra é essa? – Liz virou para os outros dois. – O que vocês fizeram?! Eu sabia que não devia ter vindo, agora vou ser testemunha, eu vou ser envolvida! Por que vocês fizeram isso?

     Tara encarava o corpo no chão como se houvesse alguma coisa errada. Até Bo parecia confuso, sua testa franzida enquanto contemplava o corpo.

     — E-eu... – Tara levantou a cabeça. – Eu juro que não era uma mulher, eu juro! Era um monstro, era horrível, parecia um animal e ela atacou o Bo, eu não...

     — Você é louca sim! Isso é uma mulher, uma mulher morta no chão e vocês atiraram nela! E me envolveram no assassinato! 

     — Ela está falando a verdade, era um monstro. – Bo se pronunciou, sua expressão diferente milagrosamente.

     — Vocês deviam estar alucinando! – gritou. – Não consideraram isso antes de atirar num ser humano?

     — Eu juro que não era um ser humano! – Bo respondeu com o tom de voz um pouco alterado. – Eu sei o que me atacou.

     — E quem garante que não era uma alucinação coletiva? – colocou as mãos na cintura. – As pessoas aqui tem muito isso. 

     Tara parou, o olhar em seus olhos mostrando que estava considerando a possibilidade e isso a assustava. Liz não sabia se a garota havia matado alguém antes, mas ela não parecia calma com a situação.

     — Temos que chamar Lukas. – ela balançou a cabeça e saiu do quartinho. – Agora!

     — Não. – Bo segurou seu pulso.

     — Não o que? – a colega virou o rosto para ele.

     — Não quero chamar o Lukas. 

     — Por quê? 

    Os dois trocaram um olhar sério, como se Tara já soubesse a resposta.

ÉdenOnde histórias criam vida. Descubra agora