11. Dezesseis Minutos

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     Lukas olhou para o corpo da garota que provavelmente o detestava no chão e depois para Ronan, sem saber o que dizer.

     — Bom, agora temos um corpo. – a garota que tinha as pontas do cabelo azuis e não confiava em ninguém comentou. – Se esse sumir também, eu não respondo por mim.

     — Ronan, por que você fez isso? – Lukas tentou não gritar. 

     — Quanto menos gente souber, melhor. – respondeu simplesmente, dando de ombros.

     Era para estarem na terceira atividade do dia, pelo menos a maioria deles, por esse motivo os corredores estavam vazios. Isso significava que a qualquer momento o sinal iria bater e o resto dos pacientes logo preencheriam as passagens e não teria como tirarem o corpo dali mais.

     — Temos aproximadamente dezesseis minutos. – o loiro falou decidido. – Seis minutos para tirarmos ela daqui e resolvermos o que vamos fazer com essa situação.

     — Alguém checou se ela está viva? – Tara lembrou.

     Ronan arregalou os olhos e olhou para Lukas, preocupado. Ele sabia que o mais novo não tinha a intenção de machucar seriamente a novata, queria apenas proteger os outros e garantir que ninguém se meteria em problemas, principalmente seus colegas de quarto.

     — Eu não queria... – o moreno se apressou, mas Lukas o interrompeu levantando um dedo e se abaixou ao lado do corpo de Kim.

     Posicionou dois dedos no pescoço da asiática, logo abaixo do maxilar e esperou. Sua pulsação estava normal, então ela só estava desmaiada mesmo.

     — Está tudo bem, não se preocupem.

    Ouviu Bo soltando o ar, numa pequena risada sarcástica. Tara estava abaixada ao lado da perna machucada do loiro, rasgando uma tira larga de seu uniforme e amarrando-a acima do ferimento para parar o sangramento.

     — Você entendeu o que eu quis dizer. – falou entredentes.

     – O que a gente vai fazer? Se esse sangue é mesmo real e não uma alucinação coletiva, algum funcionário pode ver quando entrar aqui. – a garota que insistia na alucinação apontou. – E agora está todo mundo sujo de sangue, não vamos passar despercebidos.

     — O que mais precisa acontecer para você entender que nós não estamos vendo coisas, que isso é real, Liz? – a indiana proferiu de modo irritado.

     — Alguma coisa lógica! – ela gritou de volta. – Monstros não existem!

     — Você pode não acreditar em monstros, mas você viu um corpo aqui, você está vendo o sangue no chão! 

     — Parem de gritar!

     — Que parte de dezesseis minutos vocês não entenderam? Nós precisamos limpar essa poça e sair daqui! – Lukas se levantou do chão e olhou para a garota. – Liz, certo? Eu sei que é difícil confiar em nós porque você não nos conhece, mas eu juro que nem Tara, nem Bo costumam ter alucinações. Eu estou aqui há dois anos, já era para eu ter ido embora, sou o paciente com mais benefícios daqui, sou inclusive ajudante. Não estou acreditando neles apenas porque os conheço, eu também vi algo que não posso explicar logicamente.

     — O que? – Tara se aproximou dele.

     — Eu explico depois, agora precisamos focar em trabalhar juntos para resolvermos os problemas maiores. – segurou a mão de Liz. – Você pode por favor me ajudar? 

      Lukas olhou profundamente em seus olhos, sentindo o medo que ela tinha. Era compreensível, porém não tinham tempo para calma e compreensão, precisavam agir rápido, o tempo estava contado.

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