Mike
- Me drogado? Não, acho que bebi demais. - Falo e olho-me no espelho pela última vez. Vejo pelo canto do olho, Nicolas balançar a cabeça negativamente enquanto olha para o teto.
Pego meus tênis preto sujo de vômito e os apoio sobre minha mão fechando os olhos mais uma vez.
- Não sou idiota, você sabe exatamente o que vai acontecer se meus pais acharem drogas escondidas na casa. - Ele fala e eu suspiro sentindo meus olhos pesarem.
- Relaxa, provavelmente quem trouxe isso estava vendendo. Não iriam esconder as drogas dentro da casa e perder tanto dinheiro só pra ferrar contigo. - Digo o vendo assentir e se desencostar do batente da porta, me dando espaço pra passar.
Com a minha mão livre, pego um pedaço da pizza portuguesa que estava apoiada sobre um prato raso transparente em cima da mesa de estudos dele. Mordo um pedaço
- Thanks bro. - Digo depois de beber um pouco d'água no copo ao lado do prato.
- Agradeça a Poliana, foi ela que cuidou de você e preparou isso enquanto eu tentava expulsar o pessoal ontem. - Ele diz.
- Onde ela está?
- Provavelmente em casa, não vi ela saindo ontem a noite. Mas ela não está aqui. - Ele diz, me fazendo revirar os olhos. As vezes o Nicolas era tão despreocupado que parecia ser egoísmo da parte dele.
- Você nem se preocupou em ligar pra ela? Saber se ela chegou bem? - Pergunto procurando meu celular nos bolsos da calça e notando que não estou com as minhas roupas.
- Olha cara, pra quem não gosta dela até que você está bem preocupado. - Ele diz sorrindo e eu reviro os olhos pegando minha calça jogada sobre o carpete próximo a cama.
- Mas eu nunca disse que... espera! Não, não, ela me deu banho? - Pergunto ainda olhando para a calça.
Isso não poderia ter ficado pior, a probabilidade de eu ter falado alguma obscenidade era grande. Passo a mão pelo bolso da calça pegando meu celular vendo algumas mensagens da minha mãe.
- Droga, mas que droga! - Digo ao lembrar-me do que minha mãe havia dito ontem no telefone. Era para eu estar em casa.
- O que aconteceu? - Ouço Nick perguntar enquanto eu desço as escadas rapidamente.
- Bom dia Mike. - Dona Milena diz e eu assinto ao descer os últimos degraus da casa.
- Ela vai me matar. - Digo enquanto pego as chaves do carro no outro bolso e saio da casa sentindo o sereno da chuva, ainda dentro do quintal.
- Ela? - Nicolas pergunta enquanto eu desligo o alarme do carro revirando os olhos.
- Falo com você mais tarde. - Digo ao entrar no Audi A7 que precisava passar no lava jato.
Já previa o sermão de minha mãe por não obedecer as ordens dela.
................
Ao chegar no meu andar pego a chave e abro a porte de casa silenciosamente. As luzes ainda estão apagadas e o cheiro de café forte que Luísa prepara todos os dias pela manhã ainda não emana pela casa.
Tranco a porta vou em direção do quarto o mais quieto possível. Meus sapatos estão enrolados dentro da calça que também está suja. O grande relógio da rua marcava 6:57AM quando eu estava próximo de casa. Sabia que daqui a poucos minutos Luísa estaria acordada.
- Que bom que já chegou! - Ouço a voz habitual do sarcasmo de Luísa ao abrir a porta do quarto.
- Olha, eu posso explicar. Minha mãe me ligou tarde ontem e eu não pude vir pra cá aquele horário. Tive que dormir na casa do Nicolas. - Digo e vejo ela franzir o cenho.
- Eu não vou contar nada. - Ela diz e abre um leve sorriso. As marcas de expressão dela já são bem visíveis, mas a disposição que ela tinha era surreal.
- Fácil assim? - Pergunto.
Ela não podia estar falando sério. Se bem que meu dia tinha começado completamente fora do comum.
- Se continuar perguntando, eu conto. - Ela fala e eu assinto entrando no quarto e indo ao banheiro pra colocar a calça e os tênis dentro da pia.
......................
- Onde você estava ontem? - Ouço minha mãe perguntar.
- Na casa do Nicolas. Quando eu cheguei você já estava dormindo. - Digo ao sentir os pés de Alice baterem em minhas pernas e a olho rapidamente.
- Desculpa. - Ela diz logo dando uma garfada no macarrão, no que cai para fora do prato.
Alice estava começando a comer sozinha já fazia um tempo, mas ela ainda conseguia sujar a mesa toda. Minha mãe dizia que eu nasci independente e que não gostava que ninguém me ajudasse. Isso fazia a mesma se sentir culpada, como se ela não quisesse ter cuidado de mim.
Então ela estava tentando fazer isso agora.
Não estava dando muito certo.
- Seu pai chegará na terça-feira. - Ela diz tranquilamente enquanto come seu macarrão.
Ouço uma notificação chegar em meu celular.
- Licença. - Peço me retirando da mesa quando termino meu almoço e pego o celular no bolso, vendo rapidamente a mensagem de Nicolas na barra de notificação.
- * Ei, o que ela falou? - 13:01 *
- * Ela não falou nada, na verdade nem descobriu. - 13:08 * O respondo e vejo ele digitar rapidamente .
- * Sorte. - 13:08* *Já falou com a Poliana? - 13:08 * - A pergunta dele me faz lembrar do que eu devia ter feito mais cedo .
- * Não. - 13:09 * - Respondo rapidamente.
- * Tenho que ir, falo com você na segunda. Meus pais chegaram. - 13:09 * Vê se não esquece de ligar pra sua namorada. - 13:10 * - Leio a mensagem e lhe envio um de dedo do meio. Sorrio.
Saio de nossa conversa e vou para a agenda buscando pelo contato de Poliana. O nervosismo se instala em meu corpo por alguns segundos, o que me faz pensar que seria melhor apenas mandar-lhe uma mensagem.
- Alô ? Mike ? - Ouço a voz dela e me assusto, tinha apertado na discagem rápida sem intenção. Ouço sons de choro no fundo e franzo a sobrancelha.
- Poliana? Está tudo bem? - Pergunto baixo evitando que minha mãe e Alice ouçam. O som de choro se intensifica e eu fico realmente preocupado. - Você está bem?
- Mike, eu... Eu posso falar com você daqui a pouco? Preciso desligar. - Ela diz e eu confirmo.
Quem estava chorando?
Xxxxxxxccc
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O começo do fim . *Em revisão (2022)*
RomanceMike desvia mais uma vez sua atenção para a garota de cabelos armados sentada na carteira mais a frente e suspira frustrado . A forma que ela o ignorava era perceptível não só a ele mas a toda turma também . Qual era o problema dele ? Ou melhor di...