Galera decidi postar este capítulo fora do nosso horário comum . Não sei necessariamente o motivo , mas achei que é um ótimo horário para ler , e para escrever também (algo que provavelmente estarei fazendo quando vocês estiverem lendo este capítulo, neste momento).
Nicolas
Já fazia alguns dias que não aparecia no colégio , pegava matéria com alguns colegas . Mas nada se comparava a explicação do professor , infelizmente .
Meu corpo estava menos dolorido e eu já estava praticamente normal .
Olho para a mesa observando minha comida servida em meu prato. Devia seguir a alimentação recomendada pelo médico , por isso , Milena havia cozinhado um prato rico em vegetais para mim .
- Não faça essa cara , não coma os doces da geladeira . Sua gelatina vai demorar um pouco para endurecer , portanto , só coma à tarde . Meu horário acabou , tchau querido . - Ela diz apressada , se distanciando de mim , cada vez mais próxima da porta . Sinto um bolo em minha garganta , o orgulho se faz presente mas eu o engulo .
- Precisa mesmo ir ? Não pode dormir aqui ? - Pergunto . Dona Milena era como uma mãe pra mim , ela era minha mãe ! A mesma cuidou de mim desde meus primeiros anos de vida . Sempre esteve ao meu lado e não vivia em viagens . Distante .
Sentia falta de uma mãe , essa casa me fazia se sentir mais solitário ainda . Sentia que o meio período de Milena já não era o suficiente para suprir minhas carências . Eu era a porra de um fodido carente .
- Não posso querido , tenho que cuidar de minha filha agora . - Ela diz e eu assinto contrariado . Meu coração se encolhia mais a cada dia que ela se despedia de mim , ela era importante pra mim . Muito .
- Não pode trazê-la ? - Pergunto fingindo curiosidade . Estava praticamente a implorando , faria qualquer coisa para ter sua companhia agora . Sabia que meus pais não dariam a mínima sobre ela passar um tempo aqui em casa . Eles não davam a mínima pra mim .
- Não querido , ela vai bagunçar a casa , precisa...
- Não importa , eu limpo depois . Posso pedir para meu motorista levá-la para a escola . Não está vendo que eu também preciso de você ? - Pergunto com a voz embargada , minha visão estava turva por conta das lágrimas que se acumulavam em meus olhos . Não por muito tempo .
- O que houve querido ? - Mesmo com minha visão turva devido as lágrimas acumuladas , vejo seu corpo se locomover de volta até o meu . Ela me abraça e puxa minha cabeça de encontro a sua barriga . Me sinto confortado , queria poder dizer tudo o que sentia , mas sabia que não era a sua obrigação me ouvir . Não tudo.
- Nada só , estou doente . Queria alguém pra cuidar de mim agora . Não precisa se preocupar com a bagunça , eu limpo depois . Prometo . Não me olhe assim não tenha pena, se não quiser ficar , não precisa . - Digo a fitando , minha cabeça latejava de tanto doer . Seu olhar de pena me machucava ainda mais, não queria parecer um coitado mas ela , mais do que ninguém , sabia o que meus pais faziam .
Ou o que deixavam de fazer .
- Não estou com pena de você Nini , vou trazer minha filha . Ela vai adorar te conhecer , vou buscá-la na escolinha , passar em casa e trazer nossas coisas . Ficaremos um tempo aqui , sim ? - Ela diz e eu assinto sem rodeios , nunca seria o suficiente sua presença aqui . Sabia que ela voltaria depois de alguns dias .
"Nini" Penso . Fazia tempo que não ouvia esse apelido , a muito tempo ela não o usava.
- Quanto tempo ? - Pergunto pedindo para que fosse mais de uma semana . O quanto fosse possível .
- O quanto você achar que precisa querido . Mas precisarei passar em casa de vez em...- Interrompo ao envolver meus braços em seu corpo , ainda sentado na cadeira . Sinto sua mãos acariciando meus cabelos e lembro-me por um breve momento , de minha mãe biológica .
Não gostava de chama-la assim . Mas era o que ela era .
Lembro de suas mãos acariciando os meus cabelos , da mesma forma em que Milena faz agora . A última vez que tinha acontecido era a treze anos atrás , nosso último abraço sincero .
O que tinha acontecido para chegarmos a esse ponto ?
- Eu te amo ! - Confesso baixinho e sinto meu choro cessar-se aos poucos . Não aguentava mais esconder isso , nem por mais um segundo . Milena e Mike era as únicas pessoas da minha família que não me achavam burro fracassado , pelo menos era o que eu pensava .
A família de Mike também era minha família , mas não havia comparação .
- Você nunca tinha me falado isso meu bem , eu também te amo . Sempre estarei aqui para o que precisar . - Ela diz e eu assinto sem pronunciar uma única palavra . Ela pronunciava tais palavras para mim em todos meus aniversários , sempre , antes de soprar as velas . Eu nunca dizia de volta , nunca disse ! Até hoje .
Milena tinha passado por maus bocados para se acostumar comigo . Desde pequeno fui arteiro , não nego . Mas o afastamento de meus progenitores havia tornado isso pior , a negava , negava , até o momento em que cedi . Alguns meses depois .
Não sei como ela havia me suportado por tanto tempo . Ninguém havia conseguido , nem eu conseguiria . Mas era agradecido por sua incrível paciência e cada momento de dedicação que ela dedicou a minha pessoa .
Dia das mães , dos pais , em que achava que ia passar na escola sozinho . Nas apresentações , em tudo . Ela estava ali . Sempre !
........
Ouço a campainha e me assusto , teria Milena chegado assim ? Tão rápido ?
Corro até a porta e a abro sem espionar pelo olho mágico . Minha frustração se estende , ao menos poderia ser meu amigo . Mas não era .
- Oi Nicolas , posso entrar ? - Diz o moreno de cabelo curtos , sorridente . Como ele sabia que estava atrás da porta ?
Ele me fazia ter sensações estranhas , e indesejadamente desejadas . Era tudo um turbilhão de sentimentos .Sabia de minha orientação , mas , nunca tinha tido uma relação com um homem de fato . Era inseguro quanto a isso .
O mesmo não me espera responder e empurra a porta ao ver a maçaneta ser girada , entrando logo em seguida . Folgado de merda . Só porque tínhamos dançado outra noite na festa , significava que ele tinha adquirido tal nível de intimidade ?
Nem Mike era assim , ele era mais educado .
- O quer aqui ? - Pergunto nervoso , não só pelo fato de estar esperando outras pessoas em casa, mas também pelo fato de sua presença .
- Soube que estava doente...
- Quem te contou isso ?
- Não importa . Eu ouvi escondido , na verdade . - Ele confesse envergonhado , sua mão repousa em sua nuca e seu olhar me fita de cima a baixo .
- Idai ? - Pergunto e ele se aproxima rapidamente de mim . Suas mãos seguram minha cintura e um calor estranho se faz presente no local .
Eu estava completamente ferrado .
Xxxxxxxccc
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O começo do fim . *Em revisão (2022)*
RomanceMike desvia mais uma vez sua atenção para a garota de cabelos armados sentada na carteira mais a frente e suspira frustrado . A forma que ela o ignorava era perceptível não só a ele mas a toda turma também . Qual era o problema dele ? Ou melhor di...